sábado, 31 de outubro de 2009

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS (ano B)



Leitura do Apocalipse de São João
(Ap 7,2-4.9-14)
Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Amen! A bênção e a glória, a sabedoria e a acção de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amen!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 23 (24)
Refrão: Esta é a geração dos que procuram o Senhor.

Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
o que não invocou o seu nome em vão.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face de Deus.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1Jo 3,1-3)
Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque O não conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como ele é puro.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,1-12)
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».




Este fim-de-semana estou em Roma para um “tríduo” de eventos vocacionais: ontem à noite, no meu antigo seminário, 7 confrades scalabrinianos foram instituídos no ministério do leitorado; esta manhã, na capela do Pontifício Colégio Etiópico, um caro amigo foi ordenado diácono; amanhã, na paróquia de S. Luzia, um outro jovem missionário scalabriniano professará os votos perpétuos na nossa congregação.

Em vez do comentário que normalmente acompanha as leituras dominicais, este sábado proponho-vos as palavras que Bento XVI pronunciou durante a oração do Ângelus, na Praça de São Pedro, o ano passado, por ocasião da Solenidade de Todos os Santos.

(Tenham uma boa semana!)


Queridos irmãos e irmãs:
Celebramos hoje com grande alegria a festa de Todos os Santos. Quando uma pessoa visita um jardim botânico, fica estupefacta diante da variedade de plantas e flores, e espontaneamente pensa na fantasia do Criador, que fez da terra um jardim maravilhoso. Um sentimento análogo invade-nos quando consideramos o espectáculo da santidade: o mundo parece-nos como um «jardim», onde o Espírito de Deus suscitou com fantasia admirável uma multidão de santos e santas, de todas as idades e condições sociais, de todas as línguas, povos e culturas. Cada um é único, com a singularidade da própria personalidade humana e do próprio carisma espiritual. Todos têm impresso, contudo, o «selo» de Jesus, ou seja, a marca de seu amor, testemunhado através da Cruz. Todos estão na alegria, numa festa sem fim, mas, como Jesus, conquistaram esta meta passando pela fadiga e pela prova, enfrentando, cada um, a própria parte de sacrifícios para participar da glória da ressurreição.

A solenidade de Todos os Santos afirmou-se no primeiro milénio cristão como celebração colectiva dos mártires. Já em 609, em Roma, o Papa Bonifácio IV havia consagrado o Panteão, dedicando-o a Nossa Senhora e a todos os mártires. Este martírio, por outro lado, podemos entendê-lo em sentido amplo, ou seja, como amor a Cristo sem reservas, amor que se expressa no dom total de si mesmo a Deus e aos irmãos. Esta meta espiritual, à qual todos os baptizados são chamados, alcança-se seguindo o caminho das «bem-aventuranças» evangélicas, que a liturgia indica na solenidade de hoje. É o mesmo caminho traçado por Jesus e que os santos e as santas se esforçaram em percorrer, conscientes dos seus limites humanos. Na sua existência terrena, de facto, foram misericordiosos, puros de coração, trabalhadores pela paz, perseguidos pela justiça. E Deus fê-los partícipes da sua própria felicidade: Agora são consolados, herdeiros da terra, saciados, perdoados vêem Deus, de quem são filhos. Em poucas palavras: «deles é o Reino dos Céus».

Neste dia sentimos reavivar-se em nós a atracção pelo Céu, que nos impulsiona a apertar o passo de nossa peregrinação terrena. Sentimos acender-se nos nossos corações o desejo de unir-nos para sempre à família dos santos, da qual já agora temos a graça de fazer parte. Como diz um célebre canto espiritual: «Quando chegar a multidão dos vossos santos, oh, como eu gostaria, Senhor, de estar entre eles!». Que esta bela aspiração possa arder em todos os cristãos, e ajude-nos a superar todas as dificuldades, todo o temor, toda a tribulação. Queridos amigos, coloquemos a nossa mão na mão materna de Maria, Rainha de todos os santos, e deixemo-nos conduzir por Ela à pátria celeste, em companhia dos espíritos bem-aventurados «de todas as nações, povos e línguas». E unamos à nossa oração a lembrança dos nossos queridos falecidos, que comemoraremos amanhã.


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