quarta-feira, 24 de setembro de 2014

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)

Leitura da Profecia de Ezequiel
(Ez 18,25-28)
Eis o que diz o Senhor: «Vós dizeis: ‘A maneira de proceder do Senhor não é justa’. Escutai, casa de Israel: Será a minha maneira de proceder que não é justa? Não será antes o vosso modo de proceder que é injusto? Quando o justo se afastar da justiça, praticar o mal o vier a morrer, morrerá por causa do mal cometido. Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a justiça, salvará a sua vida. Se abris os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido, há-de viver e não morrerá».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)
Refrão: Lembrai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador:
em vós espero sempre.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Não recordeis as minhas faltas
e os pecados da minha juventude.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
(Filip 2,1-11)
Irmãos: Se há em Cristo alguma consolação, algum conforto na caridade, se existe alguma consolação nos dons do Espírito Santo, alguns sentimentos de ternura e misericórdia, então, completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros.Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 21,28-32)
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Eles responderam-Lhe: «O primeiro». Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus. João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram. E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele»


BOA NOTÍCIA
Não é um dizer: é um fazer.
Depois de termos escutado, na missa da semana passada, uma parábola que falava de uma vinha, no próximo domingo dia 28, encontramos uma outra onde Jesus conta a história de um homem que tinha pedido aos seus dois filhos que fossem vindimar. O filho que disse «Eu vou!», acabou por não ir e o que tinha dito «Não quero!», mais tarde arrependeu-se e foi. Para terminar, Jesus surpreende-nos com esta afirmação: «Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus».

Obviamente, não se está a querer insinuar que o pecado seja um atalho que nos leva direitinhos às portas do céu! Se os publicanos, os pecadores, as prostitutas e os adúlteros entram antes de muitos no reino de Deus, isso não se deve aos pecados que cometeram, mas sim, ao arrependimento e conversão de vida que mostraram. Esta parábola é como um grito de alerta: ai daquele que acha que basta dizer «Eu sou cristão» para encontrar a salvação! É muito perigosa a ilusão de viver uma vida cristã… Um pecador pode sempre arrepender-se, mudar de vida, caminhar na direcção do amor do Pai. No entanto, uma pessoa que diz a si própria «Estou bem!», nunca irá procurar mais nada. Quem acredita que não precisa de mudar está condenado à imobilidade. E a nossa fé é Caminho! A nossa fé, para usar uma expressão do grande poeta mexicano Octavio Paz, «não é um dizer: é um fazer. É um fazer que é dizer».

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 24.09.2014


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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 55,6-9)
Procurai o Senhor, enquanto se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos. Converta-se ao Senhor, que terá compaixão dele, ao nosso Deus, que é generoso em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos são os meus – oráculo do Senhor –. Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos vossos e acima dos vossos estão os meus pensamentos.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144 (145)
Refrão: O Senhor está perto de quantos O invocam.

Quero bendizer-Vos, dia após dia,
e louvar o vosso nome para sempre.
Grande é o Senhor e digno de todo o louvor,
insondável é a sua grandeza.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
(Filip 1,20c-24.27ª)
Irmãos: Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Mas, se viver neste corpo mortal é útil para o meu trabalho, não sei o que escolher. Sinto-me constrangido por este dilema: desejaria partir e estar com Cristo, que seria muito melhor; mas é mais necessário para vós que eu permaneça neste corpo mortal. Procurai somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 20,1-16ª)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha. Saiu a meio da manhã, viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo’. E eles foram. Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde, e fez o mesmo. Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’ Eles responderam-lhe: ‘Ninguém nos contratou’. Ele disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, a começar pelos últimos e a acabar nos primeiros’. Vieram os do entardecer e receberam um denário cada um. Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um. Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: ‘Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o peso do dia e o calor’. Mas o proprietário respondeu a um deles: ‘Amigo, em nada te prejudico. Não foi um denário que ajustaste comigo? Leva o que é teu e segue o teu caminho. Eu quero dar a este último tanto como a ti. Não me será permitido fazer o que eu quero do que é meu? Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».


BOA NOTÍCIA
Mais vale tarde que nunca
Como nos sentiríamos se tivéssemos vindimado um dia inteiro ao Sol e víssemos outros, que apenas trabalharam uma horinha, receberem um salário igual ao nosso? Provavelmente ficávamos de mau humor e até nos sentíamos um pouco injustiçados. Pois bem, no próximo domingo dia 21, escutaremos na missa o que Jesus tem a dizer sobre esta situação e, provavelmente, ficaremos bem surpreendidos com o que Ele diz: «Se o patrão não faltou à palavra com o que vos prometeu, que vos importa se depois decide ser generoso com os outros?». Com esta parábola da vinha, Jesus quer mostrar-nos a nova lógica do Reino de Deus e, para sublinhar o quanto ela é diferente da lógica dos homens, ainda acrescenta: «os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».

Quem trabalha na vinha (no Reino, na Igreja…) não pode invejar os trabalhadores da última hora! Não pode pensar assim: «se eu soubesse, também só aparecia no final do dia». Isso seria sermos hipócritas, pois um cristão não pode secretamente cobiçar uma vida sem Deus. Ou será que a nossa fé é apenas um peso necessário, que suportamos com fadiga, para que o paraíso não nos escape? Que coisa tão triste…

Trabalhar na vinha do Senhor é um projecto exigente (sem dúvida!) mas é um compromisso que enche o coração, transforma a própria mente e dá sentido às nossas vidas. E quando alguém descobre a beleza da vocação cristã (mesmo que seja à última hora…) não podemos não nos alegrar. É como diz a nossa gente: mais vale tarde que nunca.


P. Carlos Caetano
in LusoJornal 17.09.2014


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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ - 14 de Setembro

Leitura do Livro dos Números
(Nm 21, 4b-9)
Naqueles dias, o povo de Israel impacientou-se e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável». Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel. O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes».E Moisés intercedeu pelo povo. Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado». Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente,olhava para a serpente de bronze e ficava curado.


SALMO 77 (78), 1-2. 34-35. 36-37. 38 (R.cf. 7c)
Refrão: Não esqueçais as obras do Senhor.

Escuta, meu povo, a minha instrução,
presta ouvidos às palavras da minha boca.
Vou falar em forma de provérbio,
vou revelar os mistérios dos tempos antigos.

Quando Deus castigava os antigos,
eles O procuravam,
tornavam a voltar-se para Ele
e recordavam-se de que Deus era o seu protector,
o Altíssimo o seu redentor.

Eles, porém, enganavam-n’O com a boca
e mentiam-Lhe com a língua;
o seu coração não era sincero,
nem eram fiéis à sua aliança.

Mas Deus, compadecido, perdoava o pecado
e não os exterminava.
Muitas vezes reprimia a sua cólera
e não executava toda a sua ira.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses
(Filip 2, 6-11)
Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor,para glória de Deus Pai.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 3, 13-17)
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Ninguém subiu ao Céu senão Aquele que desceu do Céu: o Filho do homem. Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele».


BOA NOTÍCIA
Exaltar?
A festa da exaltação da Santa Cruz, quando ocorre num Domingo, é uma das raras celebrações que substitui a liturgia dominical. Apesar de uma difusa tradição que reconhece nesta data (14 de Setembro) o aniversário da descoberta da cruz de Cristo em Jerusalém por parte de santa Helena, mãe do imperador Constantino, a origem desta festa deve-se a dois eventos distantes entre eles no tempo: a inauguração da Basílica do Santo Sepulcro no ano 325 e a vitória sobre os persas em 628, que permitiu recuperar a relíquia da cruz, perdida desde a invasão de Jerusalém no ano 614.

Mas hoje, que sentido tem exaltar “a Cruz”, no fundo, um instrumento de sofrimento e de morte?

Não é raro ouvirmos na igreja que «a Cruz é a Salvação», mas não nos podemos contentar com uma “frase feita” se não somos capazes de a entender. O que é que nos salva? A morte? O sofrimento? Não. Deus não quer o sofrimento. Temos de lutar contra esta visão masoquista que leva algumas pessoas a procurar dores e penitências inúteis e que é uma grave deturpação da fé cristã!

A salvação não vem pela morte de Cristo, mas pelo amor implícito naquela vida que se doa completamente. Não é a Santa Cruz que nos salva, mas sim o amor, o perdão (a santidade!) testemunhados no monte Calvário. Qualquer pessoa pode dizer «Amo-te!», mas o amor – para ser real – tem que se traduzir em gestos concretos. O amor é vida que se doa! Essa doação pode não exigir o sacrifício supremo, mas pede sempre um pouco de nós, do nosso tempo. Até mesmo meia hora de visita a um doente, ou um serão a escutar um desabafo, podem ser pequenos gestos de amor, pois são vida doada, são amor partilhado e são verdadeiras sementes de salvação.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 10.09.2014



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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)

Leitura da Profecia de Ezequiel
(Ez 33,7-9) 
Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao ímpio: ‘Ímpio, hás-de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida». 


SALMO 94 (95) – 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações. 

Vinde, exultemos de alegria no Senhor, 
aclamemos a Deus, nosso Salvador. 
Vamos à sua presença e dêmos graças, 
ao som de cânticos aclamemos o Senhor. 

Vinde, prostremo-nos em terra, 
adoremos o Senhor que nos criou. 
Pois Ele é o nosso Deus 
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. 

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: 
«Não endureçais os vossos corações, 
como em Meriba, no dia de Massa no deserto, 
onde vossos pais Me tentaram e provocaram, 
apesar de terem visto as minhas obras». 


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 13, 8-10) 
Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei. 


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 18, 15-20) 
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles».


BOA NOTÍCIA
«Vai ter com ele» 
A primeira parte do Evangelho do próximo domingo é quase um “manual de resolução de conflitos” (útil a crentes e não só) que nos recorda o que já sabíamos: a Igreja não é uma comunidade perfeita e já no tempo de Jesus havia por vezes tensões, brigas e aborrecimentos. 

São-nos apresentados quatro passos para seguirmos, no caso de um desentendimento no seio da comunidade; quatro degraus de diálogo e correcção fraterna que (em ordem crescente) ilustram várias tentativas de reconciliação com alguém que pecou e recusa admitir o próprio erro. 

A praxis indicada por Jesus é um exemplo de bom senso. Infelizmente, o primeiro passo (o mais importante!) é muitas vezes ignorado, o que acaba por minar qualquer outra estratégia que possamos tentar.

«Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós».

Quantas vezes, diante de um problema com alguém fazemos precisamente o contrário… Em vez de falarmos a sós com o interessado, criticamos e denegrimos pelas costas e falamos com todos, excepto com quem devíamos. E porquê? Provavelmente, por cobardia. A franqueza proposta por Jesus requer coragem e um coração misericordioso capaz de encetar o caminho da reconciliação. No entanto, a cobardia não é o único obstáculo. Também há quem fale dos erros dos outros com sádica satisfação, como se falasse do enredo de uma telenovela, quase desejando que hajam novos episódios para que as críticas e “coscuvelhices” nunca acabem!

Irmãos, sejamos construtores da paz e coloquemos de lado as armas venenosas do maldizer e da difamação! Sejamos discretos e educados na nossa correcção fraterna! Só assim seremos parte da solução. Senão, somos parte do problema.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 3.09.2014 


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