sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

8º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro de Ben-Sirá
(Sir 27, 5-8 [gr. 4-7])
Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro e o homem é posto à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.
 
 
Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16
Refrão: É bom louvar o Senhor.
 
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade. Refrão
 
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus. Refrão
 
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade. Refrão
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
(1 Cor 15, 54-58)
Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é inútil no Senhor.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 39-45)
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».
 
 
BOA NOTÍCIA
Cegos, traves e fruta
Há duas semanas meditámos as bem-aventuranças.
Na semana passada escutámos o código moral que deve caracterizar a vida dos discípulos de Jesus.
No próximo domingo, dia 27 de Fevereiro, continuamos no contexto do longo “discurso da planície” e o Evangelho propõe-nos três breves parábolas que nos alertam sobre os perigos dos maus discípulos e dos falsos mestres.
 
A parábola dos dois cegos é um aviso a não nos deixarmos seduzir por doutrinas, “mestres” ou gurus que nos afastam dos ensinamentos de Jesus: «Poderá um cego guiar outro cego?»
 
O segundo dito de Jesus é o da trave na vista e alerta-nos para a hipocrisia daqueles que na comunidade cristã estão sempre à procura da mais pequena falha dos outros para os condenar, mas são incapazes de reconhecer os próprios erros ou de fazer um exame de consciência: «Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?»
 
O terceiro ensinamento apresenta-nos um critério para discernir quem é o verdadeiro discípulo: é aquele que dá bons frutos. «Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto».
 
Dará bons frutos quem tem o coração cheio da mensagem de Jesus e a anuncia fielmente. Essa mensagem não pode gerar senão união, fraternidade e reconciliação. Mas quando as palavras de um “mestre” geram divisões, discórdias e lutas internas na comunidade, elas revelam um coração insensato e distante do Evangelho. Cuidado com esses falsos mestres, pois «o homem mau, da sua maldade tira o mal»…
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2022.02.25



 
 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

7º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Primeiro Livro de Samuel
(1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23)
Naqueles dias, Saul, rei de Israel, pôs-se a caminho e desceu ao deserto de Zif com três mil homens escolhidos de Israel, para irem em busca de David no deserto. David e Abisaí penetraram de noite no meio das tropas: Saul estava deitado a dormir no acampamento, com a lança cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua gente dormia à volta dele. Então Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje nas mãos o teu inimigo. Deixa que de um só golpe eu o crave na terra com a sua lança e não terei de o atingir segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não o mates. Quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?». David levou da cabeceira de Saul a lança e o cantil e os dois foram-se embora. Ninguém viu, ninguém soube, ninguém acordou. Todos dormiam, por causa do sono profundo que o Senhor tinha feito cair sobre eles. David passou ao lado oposto e ficou ao longe, no cimo do monte, de sorte que uma grande distância os separava. Então David exclamou: «Aqui está a lança do rei. Um dos servos venha buscá-la. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele entregou-te hoje nas minhas mãos e eu não quis atentar contra o ungido do Senhor».
 
 
Salmo 102 (103), 1-2.3-4.8.10.12-13
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
 
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios. Refrão
 
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia. Refrão
 
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade;
não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas. Refrão
 
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados;
como um pai se compadece dos seus filhos,
assim o Senhor Se compadece dos que O temem. Refrão
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 15, 45-49)
Irmãos: O primeiro homem, Adão, foi criado como um ser vivo; o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno, traremos também em nós a imagem do homem celeste.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6, 27-38)
Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».
 
 
BOA NOTÍCIA
A regra de ouro
No Evangelho do próximo domingo, dia 20, encontramos uma espécie de código moral que deve caracterizar a vida dos discípulos de Jesus. Tudo se resume com a chamada “regra de ouro” da caridade cristã: «Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também». Esta máxima moral pode ser expressa de forma positiva ou negativa. O Antigo Testamento conhecia a formulação negativa «aquilo que não queres para ti, não o faças aos outros» (Tb 4,15); Jesus propõe a forma positiva: «faz aos outros o que gostarias que fizessem a ti mesmo», que é muito mais exigente, pois indica que o amor não se limita a excluir o mal, mas que implica um compromisso sério e objectivo para fazer o bem ao próximo.
 
No entanto, esta página do Evangelho (rica, densa e complexa…) suscita muitas interrogações. Por exemplo, quando encontramos as afirmações: «Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados». Será que se está a defender a impunidade? E os juízes de profissão? Estarão condenados, a priori, pelo Evangelho?
 
Obviamente, a Palavra de Deus não é ingénua e irrealista… Ela não nos obriga a eliminar os juízos da nossa vida, mas sim a eliminar o “veneno” dos nossos juízos. O “veneno” é aquela parte de ódio, raiva e vingança que regularmente se mescla à avaliação objectiva de um facto. São os juízos cruéis e sem misericórdia que a Palavra de Deus quer banir; os juízos que, junto com o pecado, condenam sem apelo o pecador. A afirmação de Jesus «Não julgueis e não sereis julgados» é imediatamente seguida pelo comando «Não condeneis e não sereis condenados». A segunda frase ajuda a explicar o sentido da primeira.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2022.02.18



 
 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

6º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro de Jeremias
(Jer 17,5-8)
Eis o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor. Será como o cardo na estepe que nem percebe quando chega a felicidade: habitará na aridez do deserto, terra salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se inquieta e não deixa de produzir os seus frutos».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 1, 1-2.3.4.6
Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no Senhor.
 
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite.
 
É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido.
 
Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 15,12.16-20)
Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo pereceram também. Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 6,17.20-26)
Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos, disse:
Bem-aventurados vós, os pobres,
porque é vosso o reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome,
porque sereis saciados.
Bem-aventurados vós, que agora chorais,
porque haveis de rir.
Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem,
quando vos rejeitarem e insultarem
e prescreverem o vosso nome como infame,
por causa do Filho do homem.
Alegrai-vos e exultai nesse dia,
porque é grande no Céu a vossa recompensa.
Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas.
Mas ai de vós, os ricos,
porque já recebestes a vossa consolação.
Ai de vós, que agora estais saciados,
porque haveis de ter fome.
Ai de vós, que rides agora,
porque haveis de entristecer-vos e chorar.
Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem.
Era assim que os seus antepassados
tratavam os falsos profetas.
 
 
BOA NOTÍCIA
Felizes!
Apesar das nossas diferenças, todos procuramos o mesmo: ser felizes. No entanto, se perguntarmos às pessoas onde estão a procurar a felicidade, as respostas serão, certamente, muito diferentes. Alguns dirão que o segredo está numa vida familiar harmoniosa; outros falarão de saúde e trabalho; vários indicarão a estrada da diversão e do lazer; muitos dirão que a resposta está no dinheiro e na fama.
 
No próximo domingo, dia 13, Jesus troca-nos as voltas e ensina-nos que a felicidade será alcançada pelos pobres, os que têm fome, os que choram, os que são odiados, rejeitados, insultados e infamados por causa do Filho do homem (cf. Lc 6,20-23).
 
Estas bem-aventuranças são o âmago (o centro) da Boa Nova proclamada por Jesus. Revelam-nos um outro olhar e uma outra lógica. O Filho de Deus olhou para a multidão, viu pobres, aflitos, doentes e toda uma série de situações que não correspondiam à ideia mundana de felicidade. Jesus ensinou-nos que estas experiências não são sem esperança. Aliás: são caminhos que podem conduzir à felicidade se, iluminados pela palavra de Deus, nos disponibilizarmos a acolher e a construir o Seu Reino. Tal como dizia São Paulo: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? (...) nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro (...) poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor» (cf. Rom 8,35-39).
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2022.02.11



 
 

sábado, 5 de fevereiro de 2022

5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro de Isaías
(Is 6,1-2a.3-8)
No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!» Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138)
Refrão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, Senhor.
 
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.
 
Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.
 
Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor.
 
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 15,1-11)
Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 5,1-11)
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
 
 
BOA NOTÍCIA
Confiança
Depois de uma noite inteira de pesca infrutífera, Pedro deveria estar no pior humor possível! Nas margens do lago, uma multidão escuta as palavras de Jesus, mas este não é o melhor momento para falar a Pedro do Reino de Deus, ou da promessa de vida eterna. Para que serve a vida eterna quando não conseguimos colocar comida na mesa? Ele sabe que, depois de lavar as redes, terá de voltar a casa de mãos vazias. Está preocupado com coisas concretas (a crise... perder o barco... empobrecer...) e não tem tempo para “misticismos” e “espiritualismos”.
 
Jesus sobe para a sua barca e pede-lhe que se afaste um pouco da margem, pois a multidão continua a empurrar e esta é a única forma de poder catequizar tranquilamente. Pedro está cansado, provavelmente quer ir dormir, mas faz a vontade ao seu amigo…
 
Por fim, Jesus pede-lhe que se faça ao largo e lance as redes para a pesca. Não sou um perito, mas até eu sei que é preferível pescar de noite, pois durante o dia a sombra do barco afugenta os peixes. No entanto, Pedro responde: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se.
 
Deus revela-Se no final de uma longa noite infrutífera, na improbabilidade de uma pesca bem-sucedida e na fragilidade de alguns pescadores cansados! A pesca “milagrosa” não depende da habilidade de Pedro, mas somente da confiança nas palavras de Jesus. O Evangelho do próximo domingo, dia 6, ensina-nos que Deus não necessita de super-homens, modelos de passarela ou talentos geniais. O que Ele precisa é que tu e eu tenhamos fé na Sua Palavra.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2022.02.05



 
 

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