quarta-feira, 28 de outubro de 2015

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS (ano B)

Leitura do Apocalipse de São João
(Ap 7,2-4.9-14)
Eu, João, vi um Anjo que subia do Nascente, trazendo o selo do Deus vivo. Ele clamou em alta voz aos quatro Anjos a quem foi dado o poder de causar dano à terra e ao mar: «Não causeis dano à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus». E ouvi o número dos que foram marcados: cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel. Depois disto, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. E clamavam em alta voz: «A salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro». Todos os Anjos formavam círculo em volta do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres Vivos. Prostraram-se diante do trono, de rosto por terra, e adoraram a Deus, dizendo: «Amen! A bênção e a glória, a sabedoria e a acção de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amen!». Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: «Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e de onde vieram?». Eu respondi-lhe: «Meu Senhor, vós é que o sabeis». Ele disse-me: «São os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 23 (24)
Refrão: Esta é a geração dos que procuram o Senhor.

Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
o que não invocou o seu nome em vão.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face de Deus.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1Jo 3,1-3)
Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque O não conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como ele é puro.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,1-12)
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».


BOA NOTÍCIA
Caminhamos com os santos!
Como acontece há já tantos séculos, iniciamos o mês de Novembro com a esplêndida e luminosa Festa de Todos os Santos; uma ocasião privilegiada para nos lembrarmos da nossa origem e do nosso destino: por detrás da fragilidade das nossas vidas escondem-se potenciais santos e santas!

Eis os santos! Milhares de homens e mulheres de todos os séculos que seguiram Jesus Cristo até ao fim, que se doaram por amor ao Evangelho, que deixaram por onde foram passando brilhantes sinais da sua bondade.

Eis os santos! Os milhares que são conhecidos, que têm data nos calendários e que veneramos nos altares e os milhões de bem-aventurados que apenas Deus conhece, que ninguém celebra solenemente, mas que tornaram o rosto da Igreja mais luminoso, jovem e atraente.

Eis os santos! Pessoas normais que levaram a sério o convite de Jesus («Vem e segue-me») e que contribuíram, cada um na sua época e na sua própria condição, a tornar a presença de Deus mais visível e concreta.

Ei-los junto a Deus a interceder por nós (a “torcer” por nós!) e a vigiar os nossos passos com o mesmo olhar amoroso com que o Pai os cativou. E este dia, este 1º de Novembro, é uma festa imensa para eles e para nós, pois vemos nos santos o reflexo da nossa própria identidade; descobrimos o que somos profundamente e o que poderemos vir a ser… se dermos um pouco mais de espaço nas nossas vidas à acção do Espírito Santo!

Eis-nos todos, santos de facto e potenciais santos, eles e nós, nós e eles, a família de Deus em festa! Uma Festa onde agradecemos pelos tantos irmãos e irmãs em Cristo, que nos ensinaram novas maneiras de incarnar o Evangelho, de testemunhar o Amor e de construir o Reino de Deus.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2015.10.28



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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Livro de Jeremias
(Jer 31,7-9)
Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio das consolações. Levá-los-ei às águas correntes, por caminho plano em que não tropecem. Porque Eu sou um Pai para Israel e Efraim é o meu primogénito».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 125 (126)
Refrão: Grandes maravilhas fez por nós o Senhor, por isso exultamos de alegria.

Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e dos nossos lábios cânticos de júbilo.

Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.

À ida vão a chorar,
levando as sementes;
à volta vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas.


Leitura da Epístola aos Hebreus
(Heb 5,1-6)
Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Abraão. Assim também, não foi Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha Aquele que Lhe disse: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei», e como disse ainda noutro lugar: «Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 10,46-52)
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-O». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.


BOA NOTÍCIA
Não desistas. Não te cales.
Alguns mendigos podem ser muito insistentes, mas nenhum supera Bartimeu, o cego mendicante que o Evangelho do próximo domingo nos apresentará. O seu local de “trabalho”: a estrada que de Jericó leva a Jerusalém. A sua “ferramenta”: uma cantilena triste, onde implorava uma esmolinha a quem passava. Porém, quando lhe disseram que era Jesus Cristo quem estava a passar, perdeu a cabeça! Parou a usual lengalenga e, inesperadamente, começou a gritar como um louco: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Os apóstolos, ao verem aquele estranho maltrapilho aos gritos, tentaram silenciá-lo e começaram até a ralhar! Mas Bartimeu não desistiu. Gritou, gritou, gritou até ser atendido (e curado) por Jesus.

Impressiona-me muito a tenacidade deste homem. Nunca encontrou Jesus antes, mas certamente ouviu falar dele e dos seus milagres. A possibilidade de mudar de vida, de sair da escuridão, de recuperar a vista dá-lhe força e alento. Bartimeu não sabe se Jesus o escutará, mas tem de tentar; não pode ficar em silêncio.

Nem sempre nas nossas paróquias encontramos pessoas acolhedoras e simpáticas. Por vezes deparamo-nos com “apóstolos” que só sabem ralhar e mandar calar… Diante deste cenário, a tentação de abandonar tudo e desistir é enorme. Mas se a nossa fé é verdadeira; se realmente acreditamos que Jesus Cristo é o único que pode oferecer luz, sentido, vida nova, então temos que seguir o exemplo de Bartimeu e não renunciar à nossa “chance” de encontrar o Senhor. Temos de ser firmes, perseverar e dar o nosso contributo para que a comunidade melhore, cresça e se torne mais autêntica e santa. Não desistas. Não te cales. Tu também és Igreja e a Igreja precisa de ti.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 21.10.2015



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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 53,10-11)
Aprouve ao Senhor esmagar o seu Servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como vítima de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado. Pela sua sabedoria, o Justo, meu Servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33)
Refrão: Desça sobre nós a vossa misericórdia, porque em Vós esperamos, Senhor.

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do senhor.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.

Leitura da Epístola aos Hebreus
(Heb 4,14-16)
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 10,35-45)
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?» Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?» Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».


BOA NOTÍCIA
«Não vim para ser servido, mas para servir»
O Evangelho do próximo domingo surpreende pela sua brutal honestidade. Quando o Evangelista São Marcos escreve esta página, já São Tiago tinha sido assassinado (decapitado em Jerusalém por volta do ano 44) e São João tinha sobrevivido à prisão e a várias perseguições. No entanto, o Evangelho não faz “descontos” a estes grandes santos e descreve o embaraçante privilégio que os dois irmãos exigiram de Jesus…

«Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?» Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».

Que triste figura! Mas o Evangelho conta a Verdade e não tenta esconder os defeitos e os limites dos apóstolos. Aliás, Marcos ainda nos diz que os outros dez discípulos ficaram indignados com os dois irmãos… provavelmente, porque também queriam pedir a mesma coisa!

Este Evangelho é uma página sincera que nos obriga a olhar para o nosso modo de ser Igreja. Felizmente, não é raro encontrarmos nas nossas comunidades pessoas extraordinárias, capazes de servir o Reino com discrição e humildade. Lamentavelmente, também vemos (e por vezes até sentimos) a tentação do aplauso e da glória, dos títulos e das homenagens, do poder e do autoritarismo.

Neste Domingo, Jesus Cristo (que limpou os pés dos discípulos, curou doentes e visitou ladrões e prostitutas) recorda-nos que, na Igreja, quem quiser tornar-se grande, será servo e quem quiser ser o primeiro, será escravo de todos. E os “títulos” (bispo, padre, catequista, animador…) se os há, são nomes de serviços, não motivos de vã glória! Na comunidade cristã, só o Amor ocupa o primeiro lugar!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 10.14.2015



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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Livro da Sabedoria
(Sab 7,7-11)
Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos ceptros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (90)
Refrão: Saciai-nos, Senhor, com a vossa bondade e exultaremos de alegria.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando?
tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos, desde a manhã, com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Compensai em alegria os dias de aflição,
os anos em que sentimos a desgraça.

Manifestai a vossa obra aos vossos servos
e aos seus filhos a vossa majestade.
Desça sobre nós a graça do Senhor.
confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos.


Leitura da Epístola aos Hebreus
(Heb 4,12-13)
A palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes: ela penetra até ao ponto de divisão da alma e do espírito, das articulações e medulas, e é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura que possa fugir à sua presença: tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 10,17-30)
Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?» Jesus respondeu: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!» Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?» Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro começou a dizer-Lhe: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».


BOA NOTÍCIA
«a Deus tudo é possível»
Muitos cristãos vivem angustiados com esta questão: no último dia, o que acontecerá às pessoas que amo e que sei que não são crentes?

O Evangelho do próximo Domingo, de uma certa forma, trata esta questão e a resposta que Jesus nos dá enche-nos de alegria e admiração. Quando um jovem Lhe pergunta «Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?», Jesus simplesmente cita os mandamentos. Mas não todos…

«Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe».

Com certeza que ficámos surpreendidos: Jesus não inclui os três primeiros mandamentos que tratam da nossa relação com Deus e com a Igreja, mas propõe apenas os que dizem respeito ao amor do próximo. No fundo, Ele ensina-nos que a Salvação está ao alcance de todos os que vivem de uma forma correcta e honesta.

No entanto, isso não significa que os outros mandamentos não sejam importantes, pois o nosso potencial não se esgota totalmente numa vivência justa e recta. A nossa vocação é a santidade! O nosso modelo é Jesus Cristo! Por isso, a esta primeira resposta vem juntar-se uma segunda, que vos proponho na versão do Evangelho de São Mateus: «Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Vem, depois, e segue-Me».

O Caminho do discípulo é longo e exigente, mas hoje convido-vos a concentrar a vossa atenção neste primeiro passo; a meditar esta verdade simples e consoladora: mesmo aqueles que não respeitam os preceitos da Igreja… aliás, mesmo aqueles que não acreditam em Deus, não serão excluídos do Reino, se viverem as suas vidas respeitando os seus irmãos. Louvado seja o Senhor!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 07.10.2015




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