quarta-feira, 29 de abril de 2015

5º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 9,26-31)
Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos os temiam, por não acreditarem que fosse discípulo. Então, Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como Saulo, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado, e como em Damasco tinha pregado com firmeza em nome de Jesus. A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor. Conversava e discutia também com os helenistas, mas estes procuravam dar-lhe a morte. Ao saberem disto, os irmãos levaram-no para Cesareia e fizeram-no seguir para Tarso. Entretanto, a Igreja gozava de paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e vivendo no temor do Senhor e ia crescendo com a assistência do Espírito Santo.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 21 (22)
Refrão: Eu Vos louvo, Senhor, na assembleia dos justos.

Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos fiéis.
Os pobres hão-de comer e serão saciados,
louvarão o Senhor os que O procuram:
vivam para sempre os seus corações.

Hão-de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele
todos os confins da terra;
e diante d’Ele virão prostrar-se
todas as famílias das nações.

Só a Ele hão-de adorar
todos os grandes do mundo,
diante d’Ele se hão-de prostrar
todos os que descem ao pó da terra.

Para Ele viverá a minha alma,
há-de servi-l’O a minha descendência.
Falar-se-á do Senhor às gerações vindouras
e a sua justiça será revelada ao povo que há-de vir:
«Eis o que fez o Senhor».


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 3,18-24)
Meus filhos, não amemos com palavras e com a língua, mas com obras e em verdade. Deste modo saberemos que somos da verdade e tranquilizaremos o nosso coração diante de Deus; porque, se o nosso coração nos acusar, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. Caríssimos, se o coração não nos acusa, tenhamos confiança diante de Deus e receberemos d’Ele tudo o que Lhe pedirmos, porque cumprimos os seus mandamentos e fazemos o que Lhe é agradável. É este o seu mandamento: acreditar no nome de seu Filho, Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros, como Ele nos mandou. Quem observa os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele. E sabemos que permanece em nós pelo Espírito que nos concedeu.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15,1-8)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto. Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei. Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».


BOA NOTÍCIA
Podar para prosperar
Eis uma das ideias mais distorcidas que podemos criar da religião cristã: que ela seja uma doutrina enigmática e misteriosa, acessível unicamente a poucos iluminados, depois de anos e anos de estudo. Jesus quer revelar ao mundo o verdadeiro rosto do Pai. Ao mundo inteiro! Quer que todos os homens e mulheres descubram a beleza do Evangelho e a alegria da fé! E ao lermos a Bíblia, vemos claramente que Ele não quer uma religião de mistérios e segredos, onde as coisas de Deus são reservadas apenas a um pequeno grupo de instruídos. Jesus fala de peixes aos pescadores, de ovelhas aos pastores e de vinhas aos camponeses. Palavras simples e claras; exemplos concretos, tirados da vida quotidiana, para explicar o absoluto de Deus. Os pobres, os humildes, os analfabetos… todos podem entender e acolher a Boa Nova, a boa notícia, o Evangelho de Jesus. Tal como acontece ainda hoje, é nas pequenas coisas do quotidiano que Deus se revela.

No próximo domingo, dia 3, Jesus propõe-nos, justamente, a imagem da vinha e diz: «Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto». Graças a esta metáfora, cai também uma outra ideia errada: a ideia de que o Cristianismo seja um longo suceder de renúncias e abstinências estéreis. Valendo-se da experiência dos camponeses, Jesus evoca a actividade da poda e explica-nos que, tal como o agricultor limpa e desbasta os ramos para que a árvore dê mais e melhores frutos, também nós somos convidados a “podar” a nossa vida. Para quê? Para que possamos doar ao mundo, frutos abundantes de amor, generosidade e misericórdia…

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 29.04.2015



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quarta-feira, 22 de abril de 2015

4º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,8-12)
Naqueles dias, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que veio a tornar-se pedra angular. E em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos.

Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.

Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 3,1-2)
Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 10,11-18)
Naquele tempo, disse Jesus. «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».


BOA NOTÍCIA
Pastores, ovelhas e mercenários
O próximo domingo (o 4º do tempo Pascal) é chamado “Domingo do Bom Pastor”, pois a liturgia propõe-nos, todos os anos, um trecho diferente do 10º capítulo do Evangelho de S. João, onde Jesus se apresenta com esse título: «Eu sou o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas».

Hoje em dia a metáfora do rebanho e do pastor perdeu um pouco da sua beleza, pois ninguém quer ser ovelha e todos sonham ser pastores! Mas até mesmo aqueles que não querem pertencer à “carneirada”, acabam inevitavelmente por fazer parte desse grande rebanho dos que “não querem estar no rebanho”... e são também guiados, por algo ou alguém. Podem ser as expectativas das pessoas que nos rodeiam, os modelos sociais que a comunicação social nos propõe, ou simplesmente a educação que recebemos, mas de alguma forma, todos nós somos como somos e estamos onde estamos porque fomos conduzidos/formados por alguém. Por isso é importante saber: quem andamos a seguir? Quem é o nosso pastor?

O Evangelho deste domingo diz-nos que os pastores mercenários guiam o rebanho em troca de uma recompensa; somente Cristo é o Pastor disposto a dar tudo (até mesmo, a vida) pelo bem das suas ovelhas. Ele não escapa dos lobos, coloca-nos em primeiro lugar e defende o seu rebanho até ao fim. É esta gratuidade que o torna digno de confiança! Mas atenção: fazer parte da Igreja de Cristo não significa renunciar à própria inteligência. Fazer parte desta comunidade significa fazer uma escolha com consciência, com liberdade, com maturidade! Significa seguir Cristo. E deixar que Ele seja o nosso modelo, o nosso ideal... o nosso Pastor.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 22.04.2015



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quarta-feira, 15 de abril de 2015

3º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 3,13-15.17-19)
Naqueles dias, Pedro disse ao povo: «O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a soltá-l’O. Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação dum assassino; matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes. Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha anunciado pela boca de todos os Profetas: que o seu Messias havia de padecer. Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 4
Refrão: Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto.

Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça.
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-vos de mim
e ouvi a minha súplica.

Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos,
o Senhor me atende quando O invoco.
Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?»
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face.

Em paz me deito e adormeço tranquilo,
porque só Vós, Senhor,
me fazeis repousar em segurança.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 2,1-5ª)
Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. E nós sabemos que O conhecemos, se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-l’O e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Mas se alguém guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 24,35-48)
Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».


BOA NOTÍCIA
Confiar, acreditar, saber
Quem eram os discípulos? Pessoas crédulas e ingénuas? Idealistas ou sonhadoras? Pessoas fragilizadas pelo sofrimento que se deixaram enredar numa alucinação colectiva? O Evangelho do próximo domingo apresenta uma outra versão e dá bastante relevo às dificuldades que todos tiveram em aceitar a ressurreição de Cristo: «Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito (...) Eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar». Os apóstolos não são ingénuos e não se contentam com notícias em segunda mão. Precisam de “ver para crer” (como Tomé no Domingo passado) e mesmo quando vêem, não deixam de ser um grupo desconfiado, crítico e exigente.

A ressurreição permanece um dado de fé e nem mesmo as aparições de Cristo ressuscitado conseguem garantir certezas cientificamente comprovadas. O encontro com Jesus vivo só é possível através um longo caminho espiritual e as dúvidas e hesitações que experimentamos na nossa vida não são elementos incómodos e inúteis, mas sim, partes essenciais do percurso que leva a uma fé madura. Mesmo uma “crise de fé” não é (forçosamente) uma coisa má! “Crise” é uma palavra de origem grega que significa “separar” ou “escolher”. Uma crise obriga-nos a tomar decisões! E ajuda-nos a reformular, repensar e, eventualmente, purificar a nossa fé!

Tal como dois namorados não conseguem encontrar a prova matemática de serem feitos um para o outro, também a ressurreição nunca será uma certeza científica. Porém, alguns esposos, depois de um longo caminho juntos, conseguem dizer, sem medo e sem dúvidas: «Confiámos, acreditámos e hoje sabemos». Com a Fé acontece o mesmo.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 15.04.2015


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quarta-feira, 8 de abril de 2015

DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,32-35)
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 5,1-6)
Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


BOA NOTÍCIA
misericórdia
Ao longo dos séculos o Domingo após a Páscoa conheceu muitos nomes…
O título “Festa de Quasímodo” (que a alguns recordará o trágico personagem criado por Victor Hugo) evocava as primeiras palavras latinas da antífona de entrada daquele dia: Quasi modo geniti infantes… («Como crianças recém-nascidas…).

Muitos ainda se referem a este dia como “Domingo in Albis”, porque antigamente os adultos baptizados durante a Vigília Pascal, apresentavam-se ao bispo, uma semana depois, com as suas vestes cândidas – in albis vestibus – para mostrarem que se esforçavam por viver/manter a pureza recebida no baptismo.

Há várias outras denominações (Domingo da Oitava de Páscoa, Pascoela, Domingo de São Tomé, etc.) mas a mais recente tem apenas quinze anos: Domingo da Divina Misericórdia. Durante o grande jubileu do ano 2000, o Papa João Paulo II instituiu a festa da Divina Misericórdia, após a canonização da freira e mística polaca Santa Faustina Kowalska.

Nas palavras da própria santa: «o amor de Deus é a flor e a misericórdia é o fruto»! Mas esta devoção não se explica apenas com os textos e a vida de Faustina, a “apóstola da Divina Misericórdia”. Ela encontra a sua raiz no Novo Testamento, tal como nos recorda a primeira epístola de São Pedro: «Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece».

Contudo, não nos esqueçamos: qual é a melhor maneira de louvar a misericórdia de Deus? Testemunhando-a aos irmãos!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 08.04.2015



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quarta-feira, 1 de abril de 2015

DOMINGO DE PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,34.37-43)
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 3,1-4)
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,1-9)
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.


BOA NOTÍCIA
O sepulcro vazio
Durante semanas meditámos parábolas e ensinamentos de Jesus, mas no próximo domingo, Domingo de Páscoa, é-nos proposto um texto onde Jesus não fala, não aparece, não está presente. Somos confrontados com a realidade do sepulcro vazio e convidados a dar aquele último salto (de fé) necessário para nos reconhecermos como cristãos.

O que significa o sepulcro vazio? Os soldados que o guardavam não viram ninguém roubar o corpo... Os panos de linho e o sudário foram deixados no chão (se eram ladrões, qual o interesse em desnudar o cadáver?)... Mas o que realmente nos deve inquietar é o comportamento dos apóstolos.

A Bíblia conta-nos que apenas um discípulo e algumas mulheres estiveram presentes no momento da crucifixão: os restantes apóstolos, vencidos pelo medo, preferiram esconder-se e nem sequer presenciaram o momento da morte de Jesus. Mas a uma certa altura, eis que algo muda. Os apóstolos saem para a rua. Sem medo! E anunciam a todos que Jesus não está morto, ressuscitou! Estes homens, fracos e cobardes, transformam-se em testemunhas corajosas e destemidas. Enfrentam prisões, torturas e até a morte, mas não retractam o próprio anúncio e não calam a própria voz. «Jesus é o Messias! Não está morto. Ressuscitou!».

A ressurreição permanecerá sempre uma questão de fé. Mas não podemos negar que, após inúmeras provas de fragilidade e cobardia, algo (ou alguém) alterou profundamente a vida dos apóstolos, transformando-os nos maiores missionários que o mundo conheceu até hoje. Como podemos explicar esta transformação radical? O que será que lhes aconteceu? Quem será que viram? O que é que vocês acham?

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 01.04.2015



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