quarta-feira, 25 de abril de 2012

4º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,8-12)
Naqueles dias, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que veio a tornar-se pedra angular. E em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos.

Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.

Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 3,1-2)
Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 10,11-18)
Naquele tempo, disse Jesus. «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar: foi este o mandamento que recebi de meu Pai».


BOA NOTÍCIA
Pastores, ovelhas e mercenários
O próximo domingo (o 4º do tempo Pascal) é chamado “Domingo do Bom Pastor”, pois a liturgia propõe-nos, todos os anos, um trecho diferente do 10º capítulo do Evangelho de S. João, onde Jesus se apresenta com esse título: «Eu sou o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas».

Hoje em dia a metáfora do rebanho e do pastor perdeu um pouco da sua beleza, pois ninguém quer ser ovelha e todos sonham ser pastores! Mas até mesmo aqueles que não querem pertencer à “carneirada”, acabam inevitavelmente por fazer parte desse grande rebanho dos que “não querem estar no rebanho”... e são também guiados, por algo ou alguém. Podem ser as expectativas das pessoas que nos rodeiam, os modelos sociais que a comunicação social nos propõe, ou simplesmente a educação que recebemos, mas de alguma forma, todos nós somos como somos e estamos onde estamos porque fomos conduzidos/formados por alguém. Por isso é importante saber: quem andamos a seguir? Quem é o nosso pastor?

O evangelho deste domingo diz-nos que os pastores mercenários guiam o rebanho em troca de uma recompensa; somente Cristo é o Pastor disposto a dar tudo (até mesmo, a vida) pelo bem das suas ovelhas. Ele não escapa dos lobos, coloca-nos em primeiro lugar e defende o seu rebanho até ao fim. É esta gratuidade que o torna digno de confiança! Mas atenção: fazer parte da Igreja de Cristo não significa renunciar à própria inteligência. Fazer parte desta comunidade significa fazer uma escolha com consciência, com liberdade, com maturidade! Significa seguir Cristo. E deixar que Ele seja o nosso modelo, o nosso ideal... o nosso pastor.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 25.04.2012


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terça-feira, 17 de abril de 2012

3º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 3,13-15.17-19)
Naqueles dias, Pedro disse ao povo: «O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a soltá-l’O. Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação dum assassino; matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes. Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha anunciado pela boca de todos os Profetas: que o seu Messias havia de padecer. Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 4
Refrão: Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz do vosso rosto.

Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça.
Vós que na tribulação me tendes protegido,
compadecei-vos de mim
e ouvi a minha súplica.

Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus amigos,
o Senhor me atende quando O invoco.
Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?»
Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face.

Em paz me deito e adormeço tranquilo,
porque só Vós, Senhor, 
me fazeis repousar em segurança.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 2,1-5ª)
Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. E nós sabemos que O conhecemos, se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-l’O e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Mas se alguém guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 24,35-48)
Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».


BOA NOTÍCIA
Confiar, acreditar, saber
Quem eram os discípulos? Pessoas crédulas e ingénuas? Idealistas ou sonhadoras? Pessoas fragilizadas pelo sofrimento que se deixaram enredar numa alucinação colectiva? O evangelho do próximo domingo apresenta uma outra versão e dá bastante relevo às dificuldades que todos tiveram em aceitar a ressurreição de Cristo: «Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito (...) Eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar». Os apóstolos não são ingénuos e não se contentam com notícias em segunda mão. Precisam de “ver para crer” (como Tomé no Domingo passado) e mesmo quando vêem, não deixam de ser um grupo desconfiado, crítico e exigente.

A ressurreição permanece um dado de fé e nem mesmo as aparições de Cristo ressuscitado conseguem garantir certezas cientificamente comprovadas. O encontro com Jesus vivo só é possível através um longo caminho espiritual e as dúvidas e hesitações que experimentamos na nossa vida não são elementos incómodos e inúteis, mas sim, partes essenciais do percurso que leva a uma fé madura. Mesmo uma “crise de fé” não é (forçosamente) uma coisa má! “Crise” é uma palavra de origem grega que significa “separar” ou “escolher”. Uma crise obriga-nos a tomar decisões! E ajuda-nos a reformular, repensar e, eventualmente, purificar a nossa fé!

Tal como dois namorados não conseguem encontrar a prova matemática de serem feitos um para o outro, também a ressurreição nunca será uma certeza científica. Porém, alguns esposos, depois de um longo caminho juntos, conseguem dizer, sem medo e sem dúvidas: «Confiámos, acreditámos e hoje sabemos». Com a Fé acontece o mesmo.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 17.04.2012



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quarta-feira, 11 de abril de 2012

2º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,32-35)
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 5,1-6)
Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


BOA NOTÍCIA
Ver para crer
Em todo o mundo existem apenas três igrejas construídas sobre túmulos dos apóstolos de Cristo. A mais conhecida é a Basílica de S. Pedro, erigida sobre o túmulo de Simão Pedro em Roma, na Itália. Depois temos a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha, construída sobre o túmulo de Tiago, filho de Zebedeu e irmão de S. João Evangelista. A terceira é o Santuário Nacional de S. Tomé de Meliapore, na costa ocidental da Índia. Quando em 1522, os navegadores portugueses chegaram a este território, encontraram uma comunidade vivaz de cristãos, que atribuíam a própria evangelização ao esforço missionário de S. Tomé. O Apóstolo fora martirizado no ano 72 (trespassado por uma lança hindu) e, desde então, a comunidade cristã conservava com devoção os seus restos mortais numa pequena capela subterrânea, já mencionada nos diários de viagem do grande explorador veneziano Marco Polo, que a visitou em 1292.

Infelizmente, quando se fala de S. Tomé, quase nunca se recorda o seu ardor missionário, a vida de santidade, ou o martírio corajoso. O que recordamos facilmente é a incredulidade face à notícia da Ressurreição: «se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». No entanto, Tomé nunca abandonou a Igreja. E o evangelho desta semana diz-nos que foi na comunidade que ele, oito dias depois (domingo…), finalmente encontrou Jesus ressuscitado.

Há aqui uma importante lição! Não é sensato procurar o Senhor em experiências solitárias e egoístas: Ele prefere revelar-se no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no Pão repartido e no amor que une os irmãos.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 11.04.2012



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quarta-feira, 4 de abril de 2012

DOMINGO DE PÁSCOA (ano B)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,34.37-43)
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 3,1-4)
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,1-9)
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.


BOA NOTÍCIA
O sepulcro vazio
Durante semanas meditámos parábolas e ensinamentos de Jesus, mas no próximo domingo, Domingo de Páscoa, é-nos proposto um texto onde Jesus não fala, não aparece, não está presente. Somos confrontados com a realidade do sepulcro vazio e convidados a dar aquele último salto (de fé) necessário para nos reconhecermos como cristãos.

O que significa o sepulcro vazio? Os soldados que o guardavam não viram ninguém roubar o corpo... Os panos de linho e o sudário foram deixados no chão (se eram ladrões, qual o interesse em desnudar o cadáver?)... Mas o que realmente nos deve inquietar é o comportamento dos apóstolos.

A Bíblia conta-nos que apenas um discípulo e algumas mulheres estiveram presentes no momento da crucifixão: os restantes apóstolos, vencidos pelo medo, preferiram esconder-se e nem sequer presenciaram o momento da morte de Jesus. Mas a uma certa altura, eis que algo muda. Os apóstolos saem para a rua. Sem medo! E anunciam a todos que Jesus não está morto, ressuscitou! Estes homens, fracos e cobardes, transformam-se em testemunhas corajosas e destemidas. Enfrentam prisões, torturas e até a morte, mas não retractam o próprio anúncio e não calam a própria voz. «Jesus é o Messias! Não está morto. Ressuscitou!».

A ressurreição permanecerá sempre uma questão de fé. Mas não podemos negar que, após inúmeras provas de fragilidade e cobardia, algo (ou alguém) alterou profundamente a vida dos apóstolos, transformando-os nos maiores missionários que o mundo conheceu até hoje. Como podemos explicar esta transformação radical? O que será que lhes aconteceu? Quem será que viram? O que é que vocês acham?

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 04.04.2012




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