sexta-feira, 25 de maio de 2018

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE (ano B)

Leitura do Livro do Deuteronómio
(Deut 4,32-34.39-40)
Moisés falou ao povo, dizendo: «Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Dum extremo ao outro dos céus, sucedeu alguma vez coisa tão prodigiosa? Ouviu-se porventura palavra semelhante? Que povo escutou como tu a voz de Deus a falar do meio do fogo e continuou a viver? Qual foi o deus que formou para si uma nação no seio de outra nação, por meio de provas, sinais, prodígios e combates, com mão forte e braço estendido, juntamente com tremendas maravilhas, como fez por vós o Senhor vosso Deus no Egipto, diante dos vossos olhos? Considera hoje e medita no teu coração que o Senhor é o único Deus, no alto dos céus e cá em baixo na terra, e não há outro. Cumprirás as suas leis e os seus mandamentos, que hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e tenhas longa vida na terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 32 (33)
Refrão: Feliz o povo que o Senhor escolheu para sua herança.

A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.

A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Romanos 8,14-17)
Irmãos: Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o Espírito de adopção filial, pelo qual exclamamos: «Abba, Pai». O próprio Espírito dá testemunho, em união com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus. Se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo; se sofrermos com Ele, também com ele seremos glorificados.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 28,16-20)
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e fazei discípulos de todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».


BOA NOTÍCIA
O Amante, o Amado e o Amor
No próximo domingo celebraremos a Festa da Santíssima Trindade. Podemos legitimamente perguntar-nos: se para tantas pessoas já é difícil acreditar na existência de Deus, para quê complicar as coisas acrescentando essa fórmula misteriosa de que Ele é “uno e trino”; de que 1+1+1=1? Para além do mais, hoje em dia, várias pessoas renunciariam tranquilamente a essa fórmula trinitária, pois acreditam que assim se poderia dialogar mais facilmente com os judeus e os muçulmanos, cujos credos prevêem um Deus rigidamente único…

A verdade é que não podemos renunciar à Trindade. Porquê? Porque acreditamos que Deus é Amor! Mas não existe um amor vazio, que não seja dirigido a alguém. Deus ama quem, para que possamos defini-l’O “Amor”?

«Deus ama os homens!» Mas os homens existem há apenas alguns milhões de anos, não mais do que isso. Aliás, tudo indica que o próprio universo também só exista há alguns biliões de anos. E antes? Deus amava quem?

Eis então a resposta da revelação cristã: Deus é Amor porque, desde sempre, ama o Filho, o Verbo, com um amor infinito, que é o Espírito Santo. No acto de amar encontramos três realidades: quem ama, quem é amado e o amor que os une. A reflexão teológica serviu-se dos termos “natureza” ou “substância” para indicar em Deus a unidade e do termo “pessoa” para indicar a distinção. Por isso dizemos que a Santíssima Trindade é um único Deus em três pessoas distintas. No entanto, a doutrina trinitária não é um compromisso entre o monoteísmo e o politeísmo. Pelo contrário, é um progresso extraordinário que introduz na nossa concepção de Deus um elemento novo, dinâmico e fundamental: Deus é relação, diálogo, comunhão!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2018.05.05







sexta-feira, 18 de maio de 2018

DOMINGO DE PENTECOSTES (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 2, 1-11)
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».


SALMO RESPONSORIAL - Salmo 103 (104), 1ab e 24ac.29bc-30.31.34
Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
(Cor 12, 3b-7.12-13)
Irmãos: Ninguém pode dizer «Jesus é o Senhor» a não ser pela acção do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos baptizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-23)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».


BOA NOTÍCIA
Parabéns a você, nesta data querida…
Cinquenta dias depois da Páscoa, a Igreja convida-nos para o seu aniversário! No próximo domingo, dia 20, celebramos a solenidade de Pentecostes, que recorda, em primeiro lugar, o dom do Espírito Santo, mas também o “nascimento” da Igreja que, animada pela presença do Paráclito, pode finalmente anunciar ao mundo a boa notícia pascal: Jesus Cristo ressuscitou! E é precisamente Ele, o Ressuscitado, quem encontramos no Evangelho[1] deste domingo, a dar aos seus discípulos as últimas instruções e o dom prometido: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo».

Jesus sopra sobre os seus discípulos! É um gesto que recorda a acção de Deus na Criação, tal como nos foi descrita poeticamente no livro de Génesis, quando Ele «formou o homem do pó da terra, lhe insuflou pelas narinas o sopro da vida e o homem se transformou num ser vivo» (Gn 2,7). Ao soprar sobre os seus discípulos, Jesus diz-nos que o Espírito Santo é o vento divino que dá vida à nova criação, assim como deu vida à primeira. Também o salmo responsorial põe bem em relevo esta realidade, quando nos convida a cantar: «Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra».

Foi no dia de Pentecostes que começou esse grande renovamento! O dom do Espírito Santo inaugurou um novo tempo: o tempo da Igreja, comunidade incoerente e frágil porque formada de homens e mulheres frágeis: eu que escrevo, tu que lês… Não é preciso pensar em outros. Frágeis! Mas capazes de feitos extraordinários (de santidade!) quando escutamos e vivemos o que o Espírito nos sugere.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2018.05.18


[1] Neste dia a liturgia prevê dois Evangelhos à escolha: Jo 20, 19-23 ou Jo 15, 26-27; 16, 12-15.



sábado, 12 de maio de 2018

7º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

NOTA: Excepcionalmente, esta semana seguimos o calendário litúrgico francês (onde a Solenidade da Ascensão é celebrada à quinta-feira) e publicamos as leituras do 7º domingo do tempo pascal. Os leitores que nos seguem de Portugal, podem encontrar a liturgia da Palavra da Ascensão clicando neste link.

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 1, 15-17.20a.20c-26)
Naqueles dias, estavam reunidas cerca de cento e vinte pessoas. Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse: «Irmãos, era necessário que se cumprisse o que o Espírito Santo anunciou na Escritura, pela boca de David, a respeito de Judas, que foi o guia dos que prenderam Jesus. Na verdade, era um dos nossos, e foi-lhe atribuída uma parte neste ministério. Está escrito no Livro dos Salmos: ‘Receba outro o seu cargo’. É necessário, portanto, que de entre os homens que estiveram connosco durante todo o tempo que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, desde o baptismo de João até ao dia em que do meio de nós foi elevado ao Céu, um deles se torne connosco testemunha da sua ressurreição. Apresentaram dois: José, chamado Barsabás, de sobrenome Justo, e Matias. E oraram nestes termos: «Senhor, que conheceis o coração de todos os homens, indicai-nos qual destes dois escolhestes para ocupar, no ministério apostólico, o lugar que Judas abandonou, a fim de ir para o seu lugar». Deitaram sortes sobre eles, e a sorte caiu em Matias, que foi agregado aos onze Apóstolos.


SALMO RESPONSORIAL - Salmo 102 (103), 1-2.11-12.19-20ab
Refrão: O Senhor tem no Céu o trono da sua glória.

Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.

O Senhor fixou no Céu o seu trono,
e o seu reino estende-se sobre o universo.
Bendizei o Senhor, todos os seus Anjos,
poderosos executores das suas ordens.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 4, 11-16)
Caríssimos: Se Deus tanto nos amou, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Nisto conhecemos que estamos n’Ele e Ele em nós: porque nos deu o seu Espírito. E nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditámos no seu amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 17, 11b-19)
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e orou deste modo: «Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que Me deste, para que sejam um, como Nós. Quando Eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que Me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição; e assim se cumpriu a Escritura. Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, por não serem do mundo, como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade».


BOA NOTÍCIA
Humildes mas escolhidos
Este ano, o dia 13 de Maio calha a um domingo e a maioria das comunidade católicas portuguesas de França marcou nesse dia a sua festa em honra de Nossa Senhora de Fátima.

Celebrar o aniversário das aparições de Nossa Senhora de Fátima não é apenas recordar um evento distante, circunscrito ao Portugal de 1917. As seis aparições da “Senhora mais brilhante que o Sol” aos três pastorinhos, entre os meses de Maio e Outubro, são sem dúvida os episódios mais conhecidos e estudados, mas Fátima é uma árvore cujos ramos alcançam vários momentos da História Mundial.

Falar de Fátima significa falar também do atentado ao Papa João Paulo II, na praça de São Pedro em Roma, no dia 13 de Maio de 1981 e das quatro réplicas do milagre do Sol, testemunhadas em 1950, pelo Papa Pio XII, nos jardins do Vaticano, poucos dias antes da proclamação do dogma da Assunção.

Na história de Fátima não podemos esquecer o contexto da Grande Guerra e o “Segredo” revelado pela Virgem, que anunciava o fim deste conflito mundial e o início de outro bem pior. Aliás, de forma directa ou indirecta, as aparições marcaram presença em todos os grandes conflitos do século XX, desde a guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, até à guerra colonial portuguesa. Mas Fátima é também, para uma Igreja perseguida violentamente por sistemas ateus durante todo o século passado, a garantia maternal de que a Misericórdia divina terá a última palavra na História.

O ano passado, a visita do Papa Francisco ao santuário de Fátima e a canonização de Jacinta e Francisco Marto confirmou a linha do reconhecimento das aparições pelos vários papas, desde Pio XII, que consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria, por ocasião do 25º aniversário das aparições, em 31 de Outubro de 1942, até João Paulo II que, para além de uma profunda devoção pessoal a Nossa Senhora de Fátima, visitou o santuário em três ocasiões: em Maio de 1982, para agradecer a sobrevivência ao atentado sofrido no ano anterior; em Maio de 1991, no décimo aniversário do atentado, para agradecer as surpreendentes mudanças no Leste da Europa; em 13 de Maio de 2000, para beatificar Jacinta e Francisco e dar a conhecer a terceira parte do "Segredo".

Esta grande devoção mariana perdura no papado de Francisco: no dia seguinte à sua eleição, o Santo Padre visitou a basílica romana de Santa Maria Maior, para confiar o seu ministério à Virgem. Dois meses mais tarde, o seu pontificado foi formalmente consagrado a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, pelo cardeal Policarpo, patriarca de Lisboa, que no dia 13 de Maio de 2013 recitou no santuário português a solene oração de consagração.

Não podemos negar uma sintonia de espiritualidade entre os pastorinhos, apóstolos da misericórdia de Deus, e o ministério pontifical do Santo Padre. Aliás, essa sintonia é ainda mais evidente quando lemos o mote do brasão do Papa Francisco e descobrimos que é uma divisa que poderíamos aplicar à vida dos pequenos pastores: miserando atque eligendo (humilde mas escolhido)...

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2018.05.12









sábado, 5 de maio de 2018

6º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,25-26.34-35.44-48)
Naqueles dias, Pedro chegou a casa de Cornélio. Este veio-lhe ao incontro e prostrou-se a seus pés. Mas Pedro levantou-o, dizendo: «Levanta-te, que eu também sou um simples homem». Pedro disse-lhe ainda: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável». Ainda Pedro falava, quando o Espírito desceu sobre todos os que estavam a ouvir a palavra. E todos os fiéis convertidos do judaísmo, que tinham vindo com Pedro, ficaram maravilhados ao verem que o Espírito Santo se difundia também sobre os gentios, pois ouviam-nos falar em diversas línguas e glorificar a Deus. Pedro então declarou: «Poderá alguém recusar a água do Baptismo aos que receberam o Espírito Santo, como nós?» E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo. Então, pediram-lhe que ficasse alguns dias com eles.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão : O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.

Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 4,7-10)
Caríssimos: Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15,9-17)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, Assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».


BOA NOTÍCIA
Ágape
No Evangelho do próximo domingo, dia 6, encontramos a “lei” fundamental que Jesus nos deixou: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei». Porém, o que significa exactamente “amar”? Pesquisar o termo “amor” na internet produz milhares de resultados diferentes! São páginas e páginas de discordâncias e contradições, que ilustram claramente os mil usos (e abusos) que fazemos desta palavra hoje em dia.

Por sua vez, o grego antigo (a língua em que foi escrito este Evangelho) possui quatro palavras diferentes, que podem ser traduzidas com o termo “amor”. “Éros”, que designa o amor passional, carregado de desejo sensual e atracção física. “Phília”, que significa amizade ou o amor entre amigos e familiares. “Stórghe”, uma palavra utilizada ainda hoje no grego moderno e que se refere principalmente ao afecto natural que se gera, por exemplo, entre pais e filhos.

A última palavra é “ágape”: é este o termo que encontramos no Evangelho desta semana. “Ágape” indica um sentimento diferente, muito especial e que caracteriza a revelação que Jesus Cristo fez de Seu Pai. “Ágape” é o amor de dilecção, oblativo, gratuito. Um amor que não procura o próprio interesse mas sim o bem do outro. Um amor que não se preocupa em receber, mas que vive para dar. “Ágape” é o amor que perdura, mesmo quando não obtém resposta; que subsiste ainda que seja ferido ou magoado. Este é o amor que Jesus testemunhou com a Sua vida. É o amor que somos convidados a viver; é a estrada que somos chamados a percorrer. Bom caminho!

in LusoJornal 2018.05.04






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