sábado, 31 de janeiro de 2009

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro do Deuteronómio(Deut 18,15-20)
Moisés falou ao povo, dizendo: «O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou;
pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras»


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios(1 Cor 7,32-35)
Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interessa e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos(Mc 1,21-28)
Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!» E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.


VERBA VOLANT*
O Evangelho deste Domingo apresenta-nos uma das profissões de fé mais claras e directas que podemos encontrar nas páginas da Bíblia. «Sei quem Tu és: o Santo de Deus». E quem o diz? Surpresa das surpresas, um homem que S. Marcos descreve como um endemoninhado, uma pessoa possuída por «um espírito impuro».

É conhecido que no tempo de Jesus, todas as doenças (físicas e mentais) eram consideradas de origem “demoníaca”. Isto não significa que não hajam alguns casos (muito raros e muito delicados) que desafiam a ciência médica moderna e que podem levar a Igreja a considerar a presença real de uma influência demoníaca. Mas não nos é possível determinar a natureza do mal que afligia aquele homem e nem devemos deixar que esta questão nos desvie da catequese que o evangelista Marcos nos quer comunicar.

É sem dúvida surpreendente que da boca de um endemoninhado possa sair uma profissão de fé tão profunda. Com este episódio, Marcos diz-nos que mesmo uma pessoa prisioneira de um mal, pode reconhecer em Jesus o Messias. Pode até anunciar a outros a própria descoberta! Mas não basta crer com palavras. Até os demónios dizem que acreditam na divindade de Jesus de Nazaré! Mas não basta falar: é preciso mudar de vida.

E essa mudança não pode ser superficial. Não pode ser apenas um «começar a ir à igreja mais vezes...». O Evangelho diz-nos que foi precisamente na sinagoga que Jesus encontrou aquele homem. Provavelmente até teria participado na oração da comunidade. Talvez nem suspeitasse que era prisioneiro de um demónio. Só a presença de Jesus foi capaz de revelar o engano e restituir a liberdade perdida àquele homem.

A verdadeira fé é uma força que transforma o nosso coração e liberta-nos dos males que nos aprisionam. Não se reconhece nas palavras bonitas ou nas declarações pomposas mas sim, numa mudança profunda de vida. A verdadeira fé salva-nos da prisão dos nossos egoísmos, ódios, invejas, medos e torna-nos homens e mulheres livres!


(Tenham uma boa semana!)

* da expressão latina Verba volant, scripta manent, que significa: as palavras voam, os escritos permanecem.


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sábado, 24 de janeiro de 2009

III DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)


Leitura da Profecia de Jonas
(3,1-5.10)
A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas nos seguintes termos: «Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e apregoa nela a mensagem que Eu te direi». Jonas levantou-se e foi a Nínive, conforme a palavra do Senhor. Nínive era uma grande cidade aos olhos de Deus; levava três dias a atravessar. Jonas entrou na cidade, caminhou durante um dia e começou a pregar nestes termos: «Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída». Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)
Refrão: Ensinai-me, Senhor, os vossos caminhos.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças, que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer os seus caminhos.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Coríntios 7,29-31)
O que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos(Mc 1,14-20)
Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.

KAIRÓS
«Cumpriu-se o tempo». No grego antigo (a língua em foi escrito o Evangelho de S. Marcos) existem duas palavras que indicam a realidade do tempo: “chronos” e “kairós”. O primeiro termo refere-se ao tempo cronológico, sequencial, que podemos medir com os nossos relógios e dividir em anos, meses, semanas e dias. Ao contrário, “kairós” não descreve a natureza quantitativa do tempo, mas sim a sua dimensão qualitativa. É um tempo especial, o “tempo de Deus”. É este o termo utilizado por Jesus: «cumpriu-se o “kairós”»; finalmente chegou o tempo do Senhor, um tempo que não deve ser medido, que não se consegue descrever em horas e minutos, mas que pode apenas ser abraçado e vivido.

Nas nossas comunidades cristãs tenho encontrado muitas pessoas que, por falta de tempo, adiam continuamente a própria conversão. Escutam o convite de Jesus, mas deixam para amanhã a decisão de segui-l’O. Querem viver o Evangelho, mas não hoje. Dizem a si mesmas que «um dia hei-de fazer isto», «um dia hei-de viver a minha vida assim», mas os dias transformam-se em semanas, as semanas em meses e os anos passam sem que nada mude, sem que nenhum passo seja dado.

O Evangelho deste Domingo diz-nos que o tempo é “agora”. Chegou o momento e nada nos deve atrasar ou condicionar. Jesus inicia o seu ministério logo após a prisão de João Baptista, quando seria prudente esperar algum tempo e deixar que as águas se acalmassem. A resposta dos discípulos também foi imediata. Não pediram tempo para pensar, ou para pôr em ordem os negócios, ou para se despedirem da família e dos amigos, mas «deixaram logo as redes e seguiram-n’O».

Não podemos escondermo-nos para sempre por detrás de compromissos e empenhos. As nossas agendas hão-de estar sempre cheias de coisas urgentes. Os nossos calendários terão sempre mil e uma datas sublinhadas com o marcador vermelho. Mas não podemos continuar a adiar. Chegou o momento de abraçar e viver o “kairós”. Cristo convida-nos a segui-l’O hoje!
Não percam tempo. Não se atrasem.




(Tenham uma boa semana!)


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sábado, 17 de janeiro de 2009

II DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Primeiro Livro de Samuel
(1 Sam 3,3b-10.19)
Naqueles dias, Samuel dormia no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. O Senhor chamou Samuel e ele respondeu: «Aqui estou». E, correndo para junto de Heli, disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Mas Heli respondeu: «Eu não te chamei; torna a deitar-te». E ele foi deitar-se. O Senhor voltou a chamar Samuel. Samuel levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Heli respondeu: «Não te chamei, meu filho; torna a deitar-te». Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a palavra do Senhor. O Senhor chamou Samuel pela terceira vez. Ele levantou-se, foi ter com Heli e disse: «Aqui estou, porque me chamaste». Então Heli compreendeu que era o senior que chamava pelo jovem. Disse Heli a Samuel: «Vai deitar-te; e se te chamarem outra vez, responde: ‘Falai, Senhor, que o vosso servo escuta’». Samuel voltou para o seu lugar e deitou-se. O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel! Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39 (40)
Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.

Esperei no Senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.

Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».

«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração».

«Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa bondade e fidelidade».


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 6,13c-15a.17-20)
Irmãos:O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só Espírito. Fugi da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo; mas o que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 1,35-42)
Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?» Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?» Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» - que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.


SEIS MOMENTOS
Apesar de nunca mencionar o próprio nome, este Domingo João propõe-nos a história da sua vocação cristã e também a de André e Pedro. É um conto muito breve, mas consegue apresentar-nos seis momentos essenciais de um caminho de fé autêntico.

«(...) estava João Baptista com dois dos seus discípulos»
O episódio inicia com a indicação de que os dois homens que seguiram Jesus eram já discípulos de João Baptista ou seja, pessoas que tinham aderido à sua mensagem de conversão e que se deixaram baptizar por ele no rio Jordão. O primeiro passo portanto é a decisão de abandonar a “vida velha” e o desejo de alcançar uma existência mais autêntica, mais bonita e mais profunda.

«(...) e seguiram Jesus»
Depois de ouvirem o testemunho de João Baptista, os discípulos decidem seguir Jesus. “Seguir” no Evangelho de João é uma expressão que indica uma realidade que ultrapassa o simples “caminhar atrás”. Significa deixar-se formar; predispor-se à escuta; aderir à missão do Mestre.

«Que procurais?»
A pergunta de Jesus surpreende os discípulos, mas ao mesmo tempo obriga-os a reflectir sobre as motivações da própria escolha. É uma pergunta que revela o enorme respeito de Deus pelos seus filhos. Jesus sabe que a fé pode não ser “busca”, mas sim refúgio. Que por vezes os homens não querem um “Senhor”, mas sim um patrão. Que não desejam a “graça”, mas sim uma esmola que resolva os problemas. Existe um modo de viver a fé que não nos ajuda a crescer como homens, mas que apenas nos faz fugir dos problemas. A pergunta de Jesus sugere que é importante, para os discípulos, terem consciência do objectivo que perseguem, do que esperam d’Ele, daquilo que Deus lhes pode oferecer.

«Rabi, onde moras?»
Com esta pergunta os discípulos indicam de forma implícita a vontade de aderir a Jesus Cristo, de habitar com Ele, de estabelecer comunhão de vida com Ele. Ao chamar-Lhe “rabi”, afirmam o desejo de escutar os seus ensinamentos. A referência à “morada” de Jesus diz-nos que estão dispostos a ficar perto de Jesus, a partilhar a Sua vida, a viver sob a Sua influência.

«Vinde ver»
O convite de Jesus significa que Ele acolhe os novos discípulos. “Ir” e “ver” são os verbos fundamentais desta nova etapa. Não basta escutar o testemunho de João Baptista ou, no nosso caso, de alguém que já acredita. É necessário “ir” e “ver” pessoalmente, pois a fé em Jesus Cristo só se pode alcançar depois de uma experiência pessoal de comunhão e de encontro com Ele.

«Foi procurar o seu irmão (...) e levou-o a Jesus»
Depois da experiência da partilha de vida com Jesus, os discípulos tornam-se testemunhas. É o último passo deste “caminho vocacional”: quem encontra Jesus e experimenta a comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da sua proposta libertadora. Trata-se de uma experiência tão marcante que transborda os limites estreitos do próprio eu e se torna anúncio libertador para os irmãos. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma dinâmica missionária.


(tenham uma boa semana!)


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sábado, 10 de janeiro de 2009

FESTA DO BAPTISMO DO SENHOR (ano B)



Leitura do Livro de Isaías
(Is 42,1-4.6-7)
Diz o Senhor: «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 28 (29)
Refrão: O Senhor abençoará o seu povo na paz.

Tributai ao Senhor, filhos de Deus,
tributai ao Senhor glória e poder.
Tributai ao Senhor a glória do seu nome,
adorai o Senhor com ornamentos sagrados.

A vos do Senhor ressoa sobre as nuvens,
o Senhor está sobre a vastidão das águas.
A voz do Senhor é poderosa,
a voz do Senhor é majestosa.

A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão
e no seu templo todos clamam: Glória!
Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,
o Senhor senta-Se como rei eterno.


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 10,34-38)
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 1,7-11)
Naquele tempo, João começou a pregar, dizendo: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu baptizo na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi baptizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre ele. E dos céus ouviu-se uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência».



GINÁSTICA
Todos os Domingos (amanhã também) baptizamos aqui na Igreja do Carmo em Milão, 8 crianças. Quando cheguei os números ainda eram maiores (14, 16, 18... 22!) mas acabámos por estabelecer um limite máximo de 8, pois tornava-se muito difícil guiar uma celebração com tanta gente.

Durante os cursos de preparação para os pais e padrinhos destas crianças, tento insistir muito sobre a ideia de que o baptismo não é uma magia, mas sim, o início de um caminho. Um caminho que deve comprometer não só a criança, mas toda a família e a comunidade paroquial.

O baptismo é o primeiro dia de uma nova vida, o primeiro passo de uma longa caminhada. Não é possível pensar que basta baptizar e «Já está!». A fé é como um músculo. Se nunca fazemos ginástica, se não nos aplicamos em exercícios regulares, se nunca nos mexemos, um dia, quando precisarmos da força da fé, vamos encontrar apenas bíceps atrofiados que não nos podem ajudar.

E quais os exercícios que podemos fazer? Felizmente, tal como nos melhores ginásios, cada um de nós pode escolher entre uma vasta gama de aparelhos e instrumentos que ajudam a robustecer a nossa fé, por exemplo: celebração frequente da Eucaristia; escuta e leitura sistemática da Palavra de Deus; catequese para adultos; retiros, cursos bíblicos e conferências; confissão e direcção espiritual; participação activa na vida da paróquia; oração comunitária e pessoal; etc.

Obviamente, se os treinos são esporádicos, cada um destes instrumentos dificilmente produz bons resultados. Aliás, sem uma frequência regular, podem até fazer mais mal do que bem. Nunca vos aconteceu ir jogar uma “peladinha” com os amigos, depois de muito tempo sem fazer exercício, e acordar no dia seguinte tão doridos que nem se conseguiam mexer? Uma missa solitária, depois de meses e meses de abstinência, pode produzir resultados semelhantes, ou pelo menos, levar algumas pessoas a exclamar «Que canseira! Nunca mais!».

Uma vez, de vez em quando, serve de pouco, ou de nada. É na constância e na fidelidade que se descobre o valor e a beleza desta ginástica. Nunca sentiremos a alegria de ver nascer os frutos se não acreditamos no valor da perseverança. É uma regra que vale para o nosso caminho espiritual, mas também, para tantas outras coisas na nossa vida.


(Tenham uma boa semana!)


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sábado, 3 de janeiro de 2009

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR (ano B)



Leitura do Livro de Isaías
(Is 60,1-6)
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senior e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir.

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 3,2-3a.5-6)
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.


Leitura de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 2,1-12)
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.


HALE-BOPP
Em 1997 o nosso pequeno planeta azul foi visitado por um dos mais incríveis viajantes da nossa galáxia: o cometa Hale-Bopp. Durante 18 meses este magnífico corpo celeste permaneceu visível à vista desarmada nos céus crepusculares do hemisfério Norte. Lembro-me que o vi pela primeira vez na minha viagem de finalistas a Benidorm. Ao olhar para aquele espectáculo era quase impossível não pensar na “estrela do oriente” de que nos fala o evangelho de hoje.

Ao longo dos anos muitos estudiosos procuraram dar uma explicação à luz excepcional que os magos viram nos céus de Belém. Alguns falam da passagem de um cometa; outros da conjunção de Júpiter e Saturno; outros ainda que era a luz da explosão de uma nova ou supernova.

Todas estas teorias têm os seus defensores e os seus argumentos, mas é importante que nos recordemos que a Mateus estas controvérsias interessam bem pouco. O seu evangelho não é um estudo de astronomia, tese de história ou dissertação científica. O objectivo de Mateus é dar respostas a uma única pergunta: quem é Jesus Cristo? O Evangelho de hoje diz-nos que...

Ele é o Messias, o descendente do rei David nascido em Belém que os profetas haviam anunciado (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2).

Ele é o Filho do Criador da terra, do mar, do céu e das estrelas, e o Seu nascimento produz sinais extraordinários no Cosmo.

Ele é o Salvador, acolhido pelos povos estrangeiros e pagãos (simbolizados nos magos) e rejeitado pelo seu próprio povo.

No início deste novo ano a liturgia da Palavra convida-nos a descobrir a identidade e a missão de Jesus Cristo. Mas não basta saber aquilo que Mateus diz. Não basta repetir o que ouvimos de outros. É necessário formular uma resposta pessoal, com as próprias palavras e baseada na vida de fé.

Pensa bem antes de responderes! Quem é Jesus para ti?

(Tenham uma boa semana! E se quiserem saber mais coisas sobre o Hale-Boop cliquem AQUI.)



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