quarta-feira, 24 de abril de 2013

5º DOMINGO DA PÁSCOA (ano C)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 14,21b-27)
Naqueles dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra, a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos e exortavam-nos a permanecerem firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». Estabeleceram anciãos em cada Igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum, e encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a Pisídia e chegaram à Panfília; depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram até Atalia. De lá embarcaram para Antioquia, de onde tinham partido, confiados na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar. À chegada, convocaram a Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a porta da fé.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 144
Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor, meu Deus e meu Rei.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

Graças Vos dêem, senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.

Para darem a conhecer aos homens o vosso poder,
a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.


Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 21,1-5ª)
Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte que dizia: «Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 13,31-33a.34-35)
Quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».


BOA NOTÍCIA
Dou-vos um mandamento “novo”
No próximo domingo, dia 28, o Evangelho propõe-nos a última instrução que Jesus deu aos seus discípulos, antes da traição de Judas: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros». No entanto, no Levítico (o terceiro livro da Bíblia, escrito entre o sexto e o quinto século antes do nascimento de Cristo) encontramos este versículo: «Não te vingarás nem guardarás rancor aos filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo». Mas afinal, o mandamento é novo ou é antigo?

«Não penseis que vim anular a Lei ou os Profetas. Não vim anulá-los, mas levá-los à perfeição» (Mt 5,17). Com estas palavras, Jesus convida-nos a não abandonar a sabedoria do Antigo Testamento, mas a reler tudo à luz da Sua vida e do Seu testemunho. Em Jesus Cristo, o mandamento do amor é revolucionado totalmente, adquirindo uma dimensão e profundidade até então inéditas.

O primeiro conceito a ser transformado é a noção de “próximo”. Para os antigos judeus, o preceito do amor abrangia apenas os filhos do povo hebraico. Jesus supera a noção tribal da lei e, com a parábola do bom samaritano, reescreve a definição de “próximo”. Ele ensina-nos a ultrapassar fronteiras raciais, linguísticas, culturais ou religiosas, e dilata a extensão do mandamento do amor até alcançar todos os homens e mulheres, sem excepção.

Mas o que realmente altera radicalmente a antiga lei não é tanto a universalidade do “novo” mandamento, quanto a profundidade, a intensidade com que ele deve ser vivido. A medida do amor já não é o amor que provamos por nós mesmos, mas sim, o amor que Jesus Cristo revelou com a sua vida e morte. É o amor total, capaz de doar tudo, suportar tudo, enfrentar tudo.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 24.04.2013



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quarta-feira, 17 de abril de 2013

4º DOMINGO DA PÁSCOA (ano C)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 13,14.43-52)
Naqueles dias, Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia. A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se. Terminada a reunião da sinagoga, muitos judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, que nas suas conversas com eles os exortavam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor. Ao verem a multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias. Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada primeiro a palavra de Deus. Uma vez, porém, que a rejeitais e não vos julgais dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos mandou o Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da terra’». Ao ouvirem estas palavras, os gentios encheram-se de alegria e glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os judeus, instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens principais da cidade, desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé e expulsaram-nos do seu território. Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 99 (100)
Refrão: Nós somos o povo de Deus, somos as ovelhas do seu rebanho.

Aclamai o Senhor, terra inteira,
servi o Senhor com alegria,
vinde a Ele com cânticos de júbilo.

Sabei que o Senhor é Deus,
Ele nos fez, a Ele pertencemos,
somos o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

O Senhor é bom,
eterna é a sua misericórdia,
a sua fidelidade estende-se de geração em geração.


Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 7,9.14b-17)
Eu, João, vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas dos seus olhos».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 10,27-30)
Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».


BOA NOTÍCIA
Conhecer a voz
O próximo domingo (o 4º do tempo Pascal) é chamado “Domingo do Bom Pastor”, pois a liturgia propõe-nos, todos os anos, um trecho diferente do 10º capítulo do Evangelho de S. João, onde Jesus se apresenta com esse título: «Eu sou o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas».

Na nossa cultura urbana, o “pastor” é quase uma figura de outras eras, que pouco evoca, a não ser um mundo distante e quase fabulista, que pouco ou nada tem a ver com o nosso quotidiano. Em contrapartida, conhecemos bem a figura do presidente, do líder, do chefe: não raras vezes, é alguém que se impõe pela força, que manipula as massas, que escraviza os que estão sob a sua autoridade, que se aproveita dos fracos, que humilha os mais débeis… Ao propor-nos a figura bíblica do “Bom Pastor”, o Evangelho convida-nos a reflectir sobre o serviço da autoridade. É-nos proposta como modelo de líder (ou de “Pastor”) uma figura que oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade das pessoas, que se dedica totalmente, que ama gratuitamente.

Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de nos conduzir das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da morte para a vida. No entanto, devemos responder com honestidade: o nosso Pastor é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência? Qual é a voz que condiciona as nossas opções? A voz do êxito e do triunfo a qualquer custo? Do comodismo e da instalação? Será que seguimos apenas quem grita mais alto e tenta inflamar as multidões?

Qual é a voz que te conduz?
Bom domingo e boa reflexão.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 17.04.2013


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quarta-feira, 10 de abril de 2013

3º DOMINGO DA PÁSCOA (ano C)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 5,27b-32.40b-41)
Naqueles dias, o sumo sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem». Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos, intimando-os a não falarem no nome de Jesus, e depois soltaram-nos. Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem ultrajados por causa do nome de Jesus.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 29 (30)
Refrão: Eu vos louvarei, Senhor, porque me salvastes.

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer à cova.

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria.

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.


Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 5,11-14)
Eu, João, na visão que tive, ouvi a voz de muitos Anjos, que estavam em volta do trono, dos Seres Vivos e dos Anciãos. Eram miríades de miríades e milhares de milhares, que diziam em voz alta: «Digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor». E ouvi todas as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e o universo inteiro, exclamarem: «Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos». Os quatro Seres Vivos diziam: «Ámen!»; e os Anciãos prostraram-se em adoração.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 21,1-19)
Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».


BOA NOTÍCIA
«Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo»
Vivemos o tempo da Páscoa! Cristo Ressuscitou! Mas, no Evangelho do próximo domingo, encontramos Simão Pedro ainda triste... Não consegue esquecer aquele momento em que lhe faltou a coragem e, cobardemente, negou três vezes o seu Mestre: «Não o conheço». É Páscoa, mas não para Pedro. Para ele (e para muitos de nós) não mudou nada. Jesus está vivo, glorioso, ressuscitado, mas Pedro continua prisioneiro dos seus erros, dos próprios limites, do próprio fracasso. Regressa ao mar, ao barco e à pesca como se os últimos três anos nunca tivessem acontecido. Como se a aventura com o jovem carpinteiro da Galileia tivesse terminado no momento da negação.

Depois de uma noite de pesca infrutífera, o velho pescador prepara-se para regressar à margem. Na praia, um “desconhecido” chama e convida-o a lançar de novo as redes, que imediatamente se enchem de peixes. Naquele momento, Pedro reconhece Jesus! Impulsivo e cheio de entusiasmo, lança-se à água, mas quando finalmente chega à praia, lembra-se… recorda os seus erros… e permanece em silêncio.

Jesus pergunta-lhe: «Tu amas-Me?» A Páscoa de Pedro começa neste momento, com a resposta sincera a esta simples questão. Pedro achava que a Igreja era a comunidade dos fortes, dos irrepreensíveis, dos perfeitos! O diálogo com Jesus ensina-lhe que a Igreja é a casa dos perdoados, do Amor, dos que foram salvos pela misericórdia do Pai. Agora sim, Pedro pode anunciar o perdão! Porque foi perdoado. Pode testemunhar o Amor! Porque sabe que é amado. Está finalmente pronto para guiar e confirmar os irmãos na fé! Porque compreendeu que não caminha sozinho e que Jesus estará sempre ao seu lado.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 10.04.2013


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quarta-feira, 3 de abril de 2013

2º DOMINGO DA PÁSCOA (ano C)


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,32-35)
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.


Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 5,1-6)
Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


BOA NOTÍCIA
Ver para crer
Em todo o mundo existem apenas três igrejas construídas sobre túmulos dos apóstolos de Cristo. A mais conhecida é a Basílica de S. Pedro, erigida sobre o túmulo de Simão Pedro em Roma, na Itália. Depois temos a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha, construída sobre o túmulo de Tiago, filho de Zebedeu e irmão de S. João Evangelista. A terceira é o Santuário Nacional de S. Tomé de Meliapore, na costa ocidental da Índia. Quando em 1522, os navegadores portugueses chegaram a este território, encontraram uma comunidade vivaz de cristãos, que atribuíam a própria evangelização ao esforço missionário de S. Tomé. O Apóstolo fora martirizado no ano 72 (trespassado por uma lança hindu) e, desde então, a comunidade cristã conservava com devoção os seus restos mortais numa pequena capela subterrânea, já mencionada nos diários de viagem do grande explorador veneziano Marco Polo, que a visitou em 1292.

Infelizmente, quando se fala de S. Tomé, quase nunca se recorda o seu ardor missionário, a vida de santidade, ou o martírio corajoso. O que recordamos facilmente é a incredulidade face à notícia da Ressurreição: «se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». No entanto, Tomé nunca abandonou a Igreja. E o evangelho desta semana diz-nos que foi na comunidade que ele, oito dias depois (domingo…), finalmente encontrou Jesus ressuscitado.

Há aqui uma importante lição! Não é sensato procurar o Senhor em experiências solitárias e egoístas: Ele prefere revelar-se no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no Pão repartido e no amor que une os irmãos.

P. Carlos Caetano

in LusoJornal 03.04.2013



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