sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

Leitura da Profecia de Sofonias
(Sof 2, 3; 3, 12-13)
Procurai o Senhor, vós todos os humildes da terra, que obedeceis aos seus mandamentos. Procurai a justiça, procurai a humildade; talvez encontreis protecção no dia da ira do Senhor. Só deixarei ficar no meio de ti um povo pobre e humilde, que buscará refúgio no nome do Senhor. O resto de Israel não voltará a cometer injustiças, não tornará a dizer mentiras, nem mais se encontrará na sua boca uma língua enganadora. Por isso, terão pastagem e repouso, sem ninguém que os perturbe.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10
Refrão: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
 
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
 
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
 
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.
 
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 1, 26-31)
Irmãos: Vede quem sois vós, os que Deus chamou: não há muitos sábios, naturalmente falando, nem muitos influentes, nem muitos bem-nascidos. Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo para confundir os sábios; escolheu o que é vil e desprezível, o que nada vale aos olhos do mundo, para reduzir a nada aquilo que vale, a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus. É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual Se tornou para nós sabedoria de Deus, justiça, santidade e redenção. Deste modo, conforme está escrito, «quem se gloria deve gloriar-se no Senhor».
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,1-12)
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
 
 
BOA NOTÍCIA
Felizes!
Apesar das nossas diferenças, todos procuramos o mesmo: ser felizes. No entanto, se perguntarmos às pessoas onde estão a procurar a felicidade, as respostas serão, certamente, muito diferentes. Alguns dirão que o segredo está numa vida familiar harmoniosa; outros falarão de saúde e trabalho; vários indicarão a estrada da diversão e do lazer; muitos dirão que a resposta está no dinheiro e na fama.
 
No próximo domingo, dia 29, Jesus troca-nos as voltas com o seu "Sermão da montanha" e ensina-nos que a felicidade será alcançada pelos pobres de espírito, os humildes, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por amor da justiça e insultados por causa do Seu nome (cf. Mt 5,1-12).
 
Estas bem-aventuranças são o âmago (o centro) da Boa Nova proclamada por Jesus. Revelam-nos um outro olhar e uma outra lógica. Do alto da montanha, o Filho de Deus olhou para a multidão, viu pobres, aflitos, doentes e toda uma série de situações que não correspondiam à ideia mundana de felicidade. Jesus ensinou-nos que estas experiências não são sem esperança. Aliás: são caminhos que podem conduzir à felicidade se, iluminados pela palavra de Deus, nos disponibilizarmos a acolher e a construir o Seu Reino. Tal como dizia São Paulo: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? (...) nem a morte nem a vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro (...) poderá separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor» (cf. Rom 8,35-39).
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2023.01.27



 
 
 

sábado, 21 de janeiro de 2023

3º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

Leitura do Livro de Isaías
(Is 8,23b-9,3)
Assim como no tempo passado foi humilhada a terra de Zabulão e de Neftali, também no futuro será coberto de glória o caminho do mar, o Além do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros
e o bastão do opressor.
 
 
SALMO REPONSORIAL – Salmo 26 (27)
Refrão: O Senhor é minha luz e salvação.
 
O Senhor é minha lua e salvação:
a quem hei-de temer?
O Senhor é protector da minha vida:
de quem hei-de ter medo?
 
Uma coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida,
para gozar da suavidade do Senhor
e visitar o seu santuário.
 
Espero vir a contemplar a bondade do Senhor
na terra dos vivos.
Confia no Senhor, sê forte.
Tem confiança e confia no Senhor.
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 1,10-13.17)
Irmãos: Rogo-vos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma linguagem e que não haja divisões entre vós, permanecendo bem unidos, no mesmo pensar e no mesmo agir. Eu soube, meus irmãos, pela gente de Cloé, que há divisões entre vós, que há entre vós quem diga: «Eu sou de Paulo», «eu de Apolo», «eu de Pedro», «eu de Cristo». Estará Cristo dividido? Porventura Paulo foi crucificado por vós? Foi em nome de Paulo que recebeste o Baptismo? Na verdade, Cristo não me enviou para baptizar, mas para anunciar o Evangelho; não, porém, com sabedoria de palavras, a fim de não desvirtuar a cruz de Cristo.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 4,12-23)
Quando Jesus ouviu dizer que João Baptista fora preso, retirou-se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, terra à beira-mar, no território de Zabulão e Neftali. Assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Terra de Zabulão e terra de Neftali, estrada do mar, além do Jordão, Galileia dos Gentios: o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam na sombria região da morte, uma luz se levantou». Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo». Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco, na companhia de seu pai Zebedeu, a consertar as redes. Jesus chamou-os e eles, deixando o barco e o pai, seguiram-n’O. Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
 
 
BOA NOTÍCIA
Contigo encontrei outro mar
Depois de uma longa introdução que nos ocupou durante o Advento, Natal e as duas primeiras semanas do tempo comum, o evangelista Mateus encerra a narração da preparação de Jesus para a missão e abre finalmente os capítulos do anúncio do Reino. No próximo domingo, dia 22, o Evangelho descreve-nos o momento em que Jesus chama os seus primeiros discípulos: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O.
 
Que não hajam ilusões: este Evangelho não “fala” apenas a (e de) alguns cristãos. Enganam-se se acreditam que a mensagem deste domingo seja apenas para padres, freiras e consagrados. Todos somos convidados a ser discípulos! Todos somos reunidos neste convite comum e pessoal: «Segue-me!».
 
É verdade que existem vocações diferentes e várias maneiras de viver a fé cristã, mas “seguir Jesus” e testemunhar/anunciar o Evangelho devem ser prioridades na vida de qualquer baptizado. Casados ou solteiros, idosos ou jovens, saudáveis ou doentes, cada um de nós é chamado, na própria condição de vida, a ser discípulo e pescador de “humanidade”, capaz de suscitar nos outros o santo desassossego de querer seguir Jesus também.
 
A todos nós Jesus pede “conversão” e esse conceito não muda, quer sejamos padres ou leigos. Implica despir-se do egoísmo que impede de estar atento às necessidades dos irmãos; implica a renúncia ao comodismo, que impede o compromisso com os valores do Evangelho; implica o sair do isolamento e da auto-suficiência, para estabelecer relações e para fazer da vida um dom e um serviço aos outros.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2023.01.21



 

sábado, 14 de janeiro de 2023

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

Leitura do Livro de Isaías
(Is 49,3.5-6)
Disse-me o Senhor: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória». E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força. Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 39(40)
Refrão: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.
 
Esperei no senhor com toda a confiança
e Ele atendeu-me.
Pôs em meus lábios um cântico novo,
um hino de louvor ao nosso Deus.
 
Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações,
mas abristes-me os ouvidos;
não pedistes holocaustos nem expiações,
então clamei: «Aqui estou».
 
«De mim está escrito no livro da Lei
que faça a vossa vontade.
Assim o quero, ó meu Deus,
a vossa lei está no meu coração».
 
Proclamei a justiça na grande assembleia,
não fechei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.
Não escondi a vossa justiça no fundo do coração,
proclamei a vossa fidelidade e salvação.
 
 
Início da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 1,1-3)
Irmãos: Paulo, por vontade de Deus escolhido para Apóstolo de Cristo Jesus e o irmão Sóstenes, à Igreja de Deus que está em Corinto, aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade, com todos os que invocam, em qualquer lugar, o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 1,29-34)
Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Era d’Ele que eu dizia: “Depois de mim virá um homem, que passou à minha frente, porque existia antes de mim”. Eu não O conhecia, mas para Ele Se manifestar a Israel é que eu vim baptizar em água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e repousar sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar em água é que me disse: “Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e repousar é que baptiza no Espírito Santo”. Ora eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
 
 
BOA NOTÍCIA
Ele tira o pecado do mundo
No próximo domingo, dia 15, o Evangelho propõe-nos o testemunho que João Baptista dá de Jesus e da experiência vivida durante o encontro no rio Jordão, quando o jovem carpinteiro da Galileia se apresentou para receber o baptismo: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. (…) Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
 
João diz também que Jesus é «o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo»… e esta afirmação pode facilmente baralhar-nos. Se a missão de Jesus era eliminar o pecado do mundo e todos podemos constatar que o mundo permanece impregnado de crimes e injustiças… então, Jesus falhou? Como podemos conciliar a afirmação de João Baptista com o triste quadro de guerras, egoísmo e corrupção que vemos diariamente?
 
Jesus veio para tirar (eliminar) o pecado do mundo. A palavra “pecado” aparece, aqui, no singular: não designa os “pecados” dos homens, mas um “Pecado” único que oprime a humanidade inteira. Esse pecado é a ignorância do verdadeiro rosto misericordioso do Pai, aliada à elaboração de horrendas caricaturas (de Deus, da Igreja, da felicidade) que afastam os homens da Verdade.
 
Deus propõe aos homens um Caminho de salvação, mas não impõe nada e respeita a liberdade das nossas opções. É preciso termos consciência de que a nossa humanidade implica um quadro de fragilidade e de limitação e que, portanto, o pecado vai fazer sempre parte da nossa experiência histórica. Mas a libertação plena e definitiva do pecado não é um sonho ingénuo pois, tal como nos ensina São Paulo: «Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido».
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2023.01.14



 
 

domingo, 8 de janeiro de 2023

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR - ANO A

Leitura do Livro de Isaías
(Is 60,1-6)
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senior e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.
 
Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.
 
Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.
 
Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir.
 
Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 3,2-3a.5-6)
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 2,1-12)
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
 
 
BOA NOTÍCIA
«Viram o Menino e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O»
No dia em que a Igreja celebra a solenidade da Epifania (do grego επιφάνεια que significa “manifestação”) normalmente é anunciada, durante a missa e de forma solene, a data da próxima Páscoa, que em 2023 se celebrará no dia 9 de Abril. Poderá parecer estranho anunciar a data que recorda a cruz, quando nas nossas igrejas ainda podemos contemplar a imagem do presépio, mas se na Epifania celebramos a manifestação de Deus ao mundo, é na Páscoa e no crucifixo que essa revelação atinge a plenitude. No entanto, é-nos já dada, nesta celebração, a possibilidade de intuir a verdadeira identidade de Jesus e os presentes oferecidos pelos magos fornecem-nos algumas “pistas” que não podemos ignorar…
 
Ouro: uma prenda digna de um monarca. A criança que nasce no estábulo de Belém é o Messias, o Cristo Rei.
 
Incenso: a resina perfumada normalmente oferecida e queimada nas grandes celebrações religiosas. Jesus é Deus; o Verbo feito carne; o Filho do Altíssimo.
 
Mirra: quase uma prenda de “mau gosto” para se dar a um recém-nascido, se consideramos que é um ingrediente utilizado na embalsamação dos cadáveres. No entanto é um presente que nos recorda que Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que dá a vida; é o Crucificado.
 
A página do Evangelho de Mateus descreve-nos também algumas das reacções possíveis que podemos assumir diante da notícia do nascimento de Jesus Cristo, nomeadamente podemos reflectir sobre três atitude bem distintas: a de Herodes, a dos escribas e a dos magos.
 
A Bíblia diz-nos que Herodes «ao ouvir tal notícia (…) ficou perturbado». Imediatamente convocou à sua presença os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, mas não por desejar conhecer a Verdade. Entre a sua vontade e a de Deus, Herodes escolheu a primeira e procura silenciar a segunda. Não lhe interessa que a criança seja o Messias. Para Herodes a única coisa importante é poder continuar a viver como sempre viveu.
 
Quando Herodes pergunta aos sacerdotes e escribas o lugar onde o Messias deveria nascer, estes não hesitam e dão imediatamente a resposta certa: «Em Belém da Judeia». No entanto, para nossa surpresa, eles não partem com os magos para Belém. Conseguem indicar a estrada justa aos outros, mas não estão dispostos a segui-la. Tal como a atitude de Herodes, também esta reacção é muito comum hoje em dia. Conhecemos a mensagem de Jesus e conseguimos até explicá-la ao mundo, mas falta-nos a coragem de viver a radicalidade do Evangelho e, portanto, permanecemos numa vida que pouco ou nada se distingue das vidas de quem não tem fé.
 
A última reacção é a dos magos que nos catequizam, não tanto com as palavras que dizem, mas sim, com os gestos que fazem. Sem perder tempo, lançam-se à estrada e deixam para trás o conforto e a segurança das próprias casas. Têm sede de Deus e por isso colocam-se em Caminho, prontos a abandonar tudo o que conheciam, tudo o que sabiam. E são sempre eles, os magos, que nos dão esta última indicação preciosa: «avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho». O encontro com Cristo muda-nos e obriga-nos a viajar por uma nova estrada. Não podemos voltar a percorrer os velhos caminhos, pois esse encontro (se for verdadeiro, se for autêntico) determinará uma profunda conversão e uma mudança radical de direcção nas nossas vidas.
 
Um bom domingo a todos e um feliz 2023!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2023.01.06



 
 

Arquivo do blogue