sábado, 11 de maio de 2024

7º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B

NOTA: Excepcionalmente, esta semana seguimos os calendários litúrgicos francês e suíço (onde a Solenidade da Ascensão é celebrada à quinta-feira) e publicamos as leituras do 7º domingo do tempo pascal. Os leitores que nos seguem de Portugal, podem encontrar a liturgia da Palavra da Ascensão clicando neste link.


Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 1, 15-17.20a.20c-26)
Naqueles dias, estavam reunidas cerca de cento e vinte pessoas. Pedro levantou-se no meio dos irmãos e disse: «Irmãos, era necessário que se cumprisse o que o Espírito Santo anunciou na Escritura, pela boca de David, a respeito de Judas, que foi o guia dos que prenderam Jesus. Na verdade, era um dos nossos, e foi-lhe atribuída uma parte neste ministério. Está escrito no Livro dos Salmos: ‘Receba outro o seu cargo’. É necessário, portanto, que de entre os homens que estiveram connosco durante todo o tempo que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, desde o baptismo de João até ao dia em que do meio de nós foi elevado ao Céu, um deles se torne connosco testemunha da sua ressurreição Apresentaram dois: José, chamado Barsabás, de sobrenome Justo, e Matias. E oraram nestes termos: «Senhor, que conheceis o coração de todos os homens, indicai-nos qual destes dois escolhestes para ocupar, no ministério apostólico, o lugar que Judas abandonou, a fim de ir para o seu lugar». Deitaram sortes sobre eles, e a sorte caiu em Matias, que foi agregado aos onze Apóstolos.
 
 
SALMO RESPONSORIAL - Salmo 102 (103), 1-2.11-12.19-20ab
Refrão: O Senhor tem no Céu o trono da sua glória.
 
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
 
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.
 
O Senhor fixou no Céu o seu trono,
e o seu reino estende-se sobre o universo.
Bendizei o Senhor, todos os seus Anjos,
poderosos executores das suas ordens.
 
 
Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 4, 11-16)
Caríssimos: Se Deus tanto nos amou, também nós devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Nisto conhecemos que estamos n’Ele e Ele em nós: porque nos deu o seu Espírito. E nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Se alguém confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. Nós conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditámos no seu amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 17, 11b-19)
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e orou deste modo: «Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que Me deste, para que sejam um, como Nós. Quando Eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que Me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição; e assim se cumpriu a Escritura. Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, por não serem do mundo, como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade».
 
 
BOA NOTÍCIA
Uma página "inédita"
Nos países onde a Festa da Ascensão é celebrada ao domingo (é o caso de Portugal e da Itália, mas não da França ou da Alemanha) as comunidades paroquiais podem permanecer anos sem escutar e meditar o Evangelho previsto para esse dia, pois as leituras da missa são anualmente substituídas pelas desta solenidade. E é uma pena...
 
É pena porque na liturgia da Palavra do 7º domingo do tempo Pascal encontramos todos os anos um trecho diferente do 17º capítulo do Evangelho de São João. Podemos considerar esse texto a última parte do testamento de Jesus e uma das Suas orações mais íntimas.
 
Nos versículos que nos são propostos este ano, duas ideias são sublinhadas insistentemente. A primeira é “união”, palavra-chave da missão dos discípulos: «Pai santo, guarda-os em teu nome (…) para que sejam um, como Nós». Mais adiante (no trecho que proclamaremos no próximo ano) Jesus acrescenta: «que eles sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós e o mundo acredite que Tu Me enviaste».
 
Isto significa que a união não é um fim em si! A meta desejada é «que o mundo acredite». Mas infelizmente, as divisões e disputas entre cristãos permanecem uma contradição escandalosa… e tantos não acreditam.
 
A segunda ideia-chave é “verdade”: «Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade». No início da história bíblica, a palavra “consagrar” significava “separar”, retirar do mundo. Doravante, com a incarnação de Cristo, “consagrar” significa “santificar”, ou seja, participar na santidade de Deus. Somos consagrados pelo baptismo, não para abandonar o mundo, mas para o habitar à maneira de Deus e testemunhar a verdade. E se Pilatos estivesse aqui, certamente perguntaria: «o que é a verdade?» Nós, queridos leitores, conhecemos a resposta: a Palavra do Pai é a verdade.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2024.05.11



 

sábado, 4 de maio de 2024

6º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO B

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,25-26.34-35.44-48)
Naqueles dias, Pedro chegou a casa de Cornélio. Este veio-lhe ao incontro e prostrou-se a seus pés. Mas Pedro levantou-o, dizendo: «Levanta-te, que eu também sou um simples homem». Pedro disse-lhe ainda: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável». Ainda Pedro falava, quando o Espírito desceu sobre todos os que estavam a ouvir a palavra. E todos os fiéis convertidos do judaísmo, que tinham vindo com Pedro, ficaram maravilhados ao verem que o Espírito Santo se difundia também sobre os gentios, pois ouviam-nos falar em diversas línguas e glorificar a Deus. Pedro então declarou: «Poderá alguém recusar a água do Baptismo aos que receberam o Espírito Santo, como nós?» E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo. Então, pediram-lhe que ficasse alguns dias com eles.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão : O Senhor manifestou a salvação a todos os povos.
 
Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.
 
O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.
 
Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.
 
 
Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 4,7-10)
Caríssimos: Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 15,9-17)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, Assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».
 
 
BOA NOTÍCIA
Ágape
No Evangelho do próximo domingo, dia 5, encontramos a “lei” fundamental que Jesus nos deixou: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei». Porém, o que significa exactamente “amar”? Pesquisar o termo “amor” na internet produz milhares de resultados diferentes! São páginas e páginas de discordâncias e contradições, que ilustram claramente os mil usos (e abusos) que fazemos desta palavra hoje em dia.
 
Por sua vez, o grego antigo (a língua em que foi escrito este Evangelho) possui quatro palavras diferentes, que podem ser traduzidas com o termo “amor”. “Éros”, que designa o amor passional, carregado de desejo sensual e atracção física. “Phília”, que significa amizade ou o amor entre amigos e familiares. “Stórghe”, uma palavra utilizada ainda hoje no grego moderno e que se refere principalmente ao afecto natural que se gera, por exemplo, entre pais e filhos.
 
A última palavra é “ágape”: é este o termo que encontramos no Evangelho desta semana. “Ágape” indica um sentimento diferente, muito especial e que caracteriza a revelação que Jesus Cristo fez de Seu Pai. “Ágape” é o amor de dilecção, oblativo, gratuito. Um amor que não procura o próprio interesse mas sim o bem do outro. Um amor que não se preocupa em receber, mas que vive para dar. “Ágape” é o amor que perdura, mesmo quando não obtém resposta; que subsiste ainda que seja ferido ou magoado. Este é o amor que Jesus testemunhou com a Sua vida. É o amor que somos convidados a viver; é a estrada que somos chamados a percorrer. Bom caminho!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2024.05.04



 
 

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