quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

Leitura do Livro dos Números
(Num 6,22-27)
O Senhor disse a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)
Refrão: Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção.

Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os seus caminhos
e entre os povos a sua salvação.

Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.

Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
(Gal 4,4-7)
Irmãos: Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adoptivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abbá! Pai!» Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 2,16-21)
Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.


BOA NOTÍCIA
Contempl(ação)
No próximo domingo, dia 1 de Janeiro, a liturgia coloca-nos diante de diversas evocações. Celebra-se, em primeiro lugar, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projecto de Deus, ofereceu ao mundo Jesus, o Verbo incarnado. Celebra-se, também, o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo. Celebra-se, finalmente, o primeiro dia do ano civil: é o início de uma nova “maratona” de doze meses, que esperamos nos reserve saúde, paz, trabalho e alegria.

O Evangelho que escutaremos na missa é a continuação daquele que foi lido na noite de Natal, quando após o anúncio do “anjo do Senhor”, os pastores se dirigiram a Belém e encontraram o menino, deitado numa manjedoura. É uma página que nos descreve o entusiasmo com que os pastores contavam o que lhes tinham anunciado sobre aquela criança. Uma alegria barulhenta que contrasta com o silêncio de Maria que «conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração».

É neste anúncio alegre e sonoro dos pastores e no silêncio meditativo de Maria que encontramos as duas coordenadas essenciais que devem definir a existência de todos os crentes: anúncio e meditação; ação e contemplação. Pois não há contemplação que não se transforme em testemunho e nem anúncio autêntico que não provenha da oração e meditação silenciosa. Afirmar uma oposição entre vida ativa e vida contemplativa, entre prática e contemplação é negar a tradição espiritual do cristianismo. São dois termos e duas atitudes de vida, inseparáveis. Pela contemplação, a alma alimenta-se; pelo apostolado, dá-se! Oxalá o novo ano nos encontre fortes nestas duas práticas! Feliz Ano Novo!

P. Carlos Caetano



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

NATAL DO SENHOR - MISSA DO DIA (ano A)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 52, 7-10)
Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação e diz a Sião: «O teu Deus é Rei». Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque vêem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.


SALMO RESPONSORIAL - Salmo 97 (98), 1.2-3ab.3cd-4.5-6
Refrão: Todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus.

Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória. Refrão

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel. Refrão

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai. Refrão

Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei. Refrão


Leitura da Epístola aos Hebreus
(Hebr 1, 1-6)
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Sendo o Filho esplendor da sua glória e imagem da sua substância, tudo sustenta com a sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-Se à direita da Majestade no alto dos Céus e ficou tanto acima dos Anjos quanto mais sublime que o deles é o nome que recebeu em herança. A qual dos Anjos, com efeito, disse Deus alguma vez: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei»? E ainda: «Eu serei para Ele um Pai e Ele será para Mim um Filho»? E de novo, quando introduziu no mundo o seu Primogénito, disse: «Adorem-n’O todos os Anjos de Deus».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 1, 1-18)
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.


BOA NOTÍCIA
«No princípio era o Verbo...»

«... e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus». Depois dos dois Evangelhos (mais acessíveis, mais descritivos) da missa do galo e da missa da aurora, a liturgia do Natal propor-nos-á um terceiro Evangelho, para a missa do dia, que é certamente menos intuitivo, mas não menos belo: escutaremos um trecho do chamado Prólogo de São João.

Diferentemente dos Evangelhos de Mateus e Lucas, a São João não interessou escrever sobre a infância de Jesus, mas preferiu iniciar o seu relato com esta maravilhosa introdução, que é uma chave de leitura para todo o seu Evangelho e que nos faz entrar directamente no mistério de Deus: «E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós».

No domingo de Natal celebraremos o mistério da Incarnação! Deus, permanecendo o que era, assumiu o que não era. O que significa esta frase? Se permaneceu Deus, com todos os atributos da divindade (eterno, omnipotente, infinito...) então, o que assumiu? O que é que lhe faltava? Ele, que era "tudo", assumiu o nosso "nada": os nossos limites, a nossa pobreza, a nossa mortalidade. «A majestade revestiu-se de humildade; a força, de fraqueza; a eternidade, de caducidade» (S. Leão Magno).

Para nós cristãos, o nascimento de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, marca o momento em que o Divino irrompe na História, dividindo-a para sempre em duas metades e tornando-se o “Emanu-El”: o Deus connosco. Mas o Senhor do tempo e da eternidade não quer apenas entrar, genericamente, no curso dos acontecimentos da humanidade. Ele é Cristo, «ontem, hoje e sempre», e quer nascer na história pessoal de cada um de nós. Ele é a diferença entre um "bom" Natal... e aquilo que eu vos desejo: um Santo Natal!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.12.21




quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

4º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO (ano A)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 7,10-14)
Naqueles dias, o Senhor mandou ao rei Acaz a seguinte mensagem: «Pede um sinal ao Senhor teu Deus, quer nas profundezas do abismo, quer lá em cima nas alturas». Acaz respondeu: «Não pedirei, não porei o Senhor à prova». Então Isaías disse: «Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a molestar os homens para quererdes também molestar o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 23 (24)
Refrão: O Senhor virá: Ele é o rei da glória.

Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face do Deus de Jacob.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 1,1-7)
Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por chamamento divino, escolhido para o Evangelho que Deus tinha de antemão prometido pelos profetas nas Sagradas Escrituras, acerca de seu Filho, nascido da descendência de David, segundo a carne, mas, pelo Espírito que santifica, constituído Filho de Deus em todo o seu poder pela sua ressurreição de entre os mortos: Ele é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por Ele recebemos a graça e a missão de apóstolo, a fim de levarmos todos os gentios a obedecerem à fé, para honra do seu nome, dos quais fazeis parte também vós, chamados por Jesus Cristo. A todos os que habitam em Roma, amados por Deus e chamados a serem santos, a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 1,18-24)
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.


BOA NOTÍCIA
Motivação
O Evangelho do próximo domingo, dia 18, “acelera” um pouco os tempos e propõe-nos (apesar de ainda estarmos no Advento) o relato do nascimento de Jesus, na versão do evangelista Mateus. Nesta página é privilegiado o ponto de vista de José e é-nos descrita a sua reacção ao descobrir que Maria está grávida. «José (…) resolveu repudiá-la em segredo», pois sabe que a criança não é sua.

Mateus diz-nos que, mais tarde, José volta atrás na sua decisão: casa com Maria e acolhe o menino como seu filho. O Evangelista justifica este gesto relacionando-o com um sonho… No entanto, tal como ensina o poeta Pedro Calderón, «os sonhos, sonhos são» e uma decisão como esta, que compromete para a vida, pede uma motivação maior, uma motivação mais bonita: José amava Maria.

É a única resposta com sentido. Qualquer outra explicação (medo, dever, vergonha…) não seria digna de José e tão pouco aceite por Deus. Um “sim” dito sem amor é uma vocação condenada à esterilidade. O amor é o motor que desde o início dos tempos faz avançar a história da salvação. Encontramo-lo na Criação, na Incarnação e na cruz da Redenção. Se não fosse por amor, o gesto de José não teria qualquer sentido. Se não for por amor, se não for o amor a motivar-nos, tudo aquilo que fizermos, por muito nobre que pareça, é estéril e vazio aos olhos de Deus, pois tal como nos recorda são Paulo:

Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada sou.

Ainda que eu distribua todos os meus bens
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me serve.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.12.14





quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

3º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO (ano A)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 35,1-6a.10)
Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria. Ser-lhe-á dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Sáron. Verão a glória do Senhor, o esplendor do nosso Deus. Fortalecei as mãos fatigadas e robustecei os joelhos vacilantes. Dizei aos corações perturbados: «Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-nos». Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. Voltarão os que o Senhor libertar, hão-de chegar a Sião com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146)
Refrão: Vinde, Senhor, e salvai-nos.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta ao abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.


Leitura da Epístola de São Tiago
(Tg 5,7-10)
Irmãos: Esperai com paciência a vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e a tardia. Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis uns dos outros, a fim de não serdes julgados. Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11,2-11)
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro?» Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».


BOA NOTÍCIA
Desconcerto e surpresa
No Evangelho do próximo domingo, dia 11, escutaremos a pergunta que, da prisão, João Baptista pede que coloquem a Jesus: «És Tu Aquele que há-de vir ou devemos esperar outro?»

João esperava um Messias que viesse lançar fogo à terra, castigar os maus e os pecadores, dar início ao “juízo de Deus”. Para sua grande surpresa, Jesus não é um vingador justiceiro e o Seu modo de agir desorienta-o totalmente: desde o início da sua missão, Jesus, em vez de condenar os culpados, procurou aproximar-se dos pecadores, dos marginais e dos impuros. Estendeu-lhes a mão, mostrou-lhes o amor de Deus, ofereceu-lhes perdão e misericórdia. João e os seus discípulos estão muito confusos: será realmente este o Messias esperado, ou houve um engano e é preciso esperar um outro que venha actuar de uma forma mais decidida e mais justiceira?

O desconcerto de João é também o nosso; a sua dificuldade de entrar na lógica do Amor é a nossa dificuldade. Muitos cristãos ainda caiem neste erro de dividir o mundo em maus e bons: os bons (normalmente, nós!) que serão salvos e os maus (os outros…) que serão implacavelmente punidos. Jesus troca-nos as voltas e em vez de condenar e punir, procura acima de tudo salvar e resgatar quem se afastou da Verdade.

Como é surpreendente o Senhor! Nós esperamos um Deus forte e majestoso e Ele vem como um bebé numa manjedoura; nós acreditamos num Deus encolerizado e Ele fala principalmente de amor e perdão; nós aguardamos um Deus triunfal e Ele revela-Se num crucificado.

Concluo com a inevitável questão que neste tempo do Advento todos somos convidados a responder: E tu? Qual é o Messias que esperas?


P. Carlos Caetano



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