Todas as semanas podem encontrar neste blog as leituras da missa dominical e também um breve comentário preparado pelo padre Carlos Caetano, vigário geral da congregação dos missionários scalabrinianos.
Em vez destas leituras, poderão ser proclamadas as
duas primeiras do ano A. Leitura do Livro do Génesis (Gen 15, 1-6; 21, 1-3) Naqueles dias, foi dirigida a Abrão a palavra do
Senhor numa visão: «Não temas, Abrão: Eu sou o teu escudo; será grande a tua
recompensa». Abrão respondeu: «Senhor, meu Deus, que me dareis? Vou partir
desta vida sem descendência, e o herdeiro da minha casa é Eliezer de Damasco».
E continuou: «Vós não me destes descendência, e um servo nascido na minha casa
é que será o meu herdeiro». Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes
termos: «Não é ele que será o teu herdeiro; o teu herdeiro vai ser alguém
nascido do teu sangue». Deus levou Abrão para fora de casa e disse-lhe:
«Levanta os olhos para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar». E
acrescentou: «Assim será a tua descendência». Abrão acreditou no Senhor, o que
lhe foi atribuído como justiça. O Senhor visitou Sara, como lhe tinha dito, e
realizou nela o que prometera. Sara concebeu e deu um filho a Abraão, apesar da
sua velhice, na data marcada por Deus. Ao filho que lhe nasceu de Sara deu
Abraão o nome de Isaac. SALMO RESPONSORIAL Salmo 104
(105), 1b-2.3-4.5-6.8-9 Refrão: O Senhor, nosso Deus, recorda sempre a sua
aliança. Aclamai o nome do Senhor, anunciai entre os povos as suas obras. Cantai-Lhe salmos e hinos, proclamai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome, exulte o coração dos que procuram o Senhor. Considerai o Senhor e o seu poder, procurai sempre a sua face. Recordai as maravilhas que Ele operou, os seus prodígios e os oráculos da sua boca, vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacob, seu eleito. Ele recorda sempre a sua aliança, a palavra que empenhou para mil gerações, o pacto que estabeleceu com Abraão, o juramento que fez a Isaac. Leitura da Epístola aos
Hebreus (Hebr 11, 8.11-12.17-19) Irmãos: Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e
partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para
onde ia. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a
idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. Por isso, de
um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão
numerosos como as estrelas do céu e inumeráveis como a areia que há na praia do
mar. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu o seu filho único, Isaac, que
era o depositário das promessas, como lhe tinha sido dito: «É por Isaac que
terás uma descendência com o teu nome». Ele considerava que Deus pode
ressuscitar os mortos; por isso ele recuperou o filho como uma figura. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 22-40) Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei
de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao
Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão
será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou
duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado
Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o
Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria
antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito.
Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino, para cumprirem as prescrições da
Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a
Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz
o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao
alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel,
vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se
dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido
para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição;
– e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de
todos os corações». Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo
de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o
tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo,
servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma
ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os
que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei
do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o
Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus
estava com Ele. BOA NOTÍCIA O Cântico de Simeão No próximo domingo celebraremos a Festa da Sagrada
Família. O Evangelho que vamos escutar nesse dia descreve a Apresentação do
Senhor: quarenta dias após o nascimento de Jesus, em obediência à lei de
Moisés, Maria levou o menino ao templo, para que fosse consagrado a Deus. Aí
encontrou um velhinho chamado Simeão, que ao ver a criança, não conseguiu
conter a própria alegria… Só Deus sabe o que terá pensado Maria quando
Simeão, cheio de entusiasmo, pegou Jesus nos seus braços e começou a cantar.
Será que se assustou? Eu imagino-a, com uma olhada discreta, a encorajar José
para que retire o bebé das mãos daquele excêntrico velhinho... Imagino-a
também, muitos anos mais tarde, quando a Igreja já move os primeiros passos, a
contar este episódio a um jovem médico - chamado Lucas - que coloca por escrito
a história de Jesus. Passaram muitos anos desde aquele encontro no templo, mas
a memória de Maria vê sempre mais claramente os eventos do passado. Recorda bem
o Cântico de Simeão e repete-o a Lucas, palavra por palavra, para que ele o
escreva no seu Evangelho: «Agora,
Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os
meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». Dois milénios passaram. As palavras de Simeão
foram traduzidas em todas as línguas. São proclamadas nas nossas igrejas e
repetidas antes de adormecer por cristãos em tudo o mundo. São poucas linhas,
mas a mensagem que contêm é clara: a vida e a morte não nos podem assustar. O
encontro com Deus vence todos os medos, todos os receios. Não temam! Jesus
Cristo é “Emanuel”, o “Deus-connosco”. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2023.12.30
Leitura do Segundo Livro de
Samuel (2 Sam 7,1-5.8b-12.14a.16) Quando David já morava em sua casa e o Senhor lhe
deu tréguas de todos os inimigos que o rodeavam, o rei disse ao profeta Natã:
«Como vês, eu moro numa casa de cedro, e a arca de Deus está debaixo de uma
tenda». Natã respondeu ao rei: «Faz o que te pede o teu coração, porque o
Senhor está contigo». Nessa mesma noite, o Senhor falou a Natã, dizendo: «Vai
dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para
Eu habitar? Tirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o
chefe do meu povo de Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste e
exterminei diante de ti todos os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre
como o nome dos grandes da terra. Prepararei um lugar para o meu povo de
Israel: e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha
receio e sem que os perversos tornem a oprimi-lo como outrora, quando Eu
constituía juízes no meu povo de Israel. Farei que vivas seguro de todos os
teus inimigos. O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. Quando chegares ao
termo dos teus dias e fores repousar com teus pais estabelecerei em teu lugar
um descendente que há-de nascer de ti e consolidarei a tua realeza. Ele
construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o teu trono
real. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. A tua casa e o teu
reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono será firme para
sempre. SALMO RESPONSORIAL – Salmo
88 (89) Refrão: Cantarei eternamente as misericórdias do
Senhor. Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor e para sempre proclamarei a sua fidelidade. Vós dissestes: «A bondade está estabelecida para
sempre», no céu permanece firme a vossa fidelidade. «Concluí uma aliança com o meu eleito, fiz um juramento a David meu servo: ‘Conservarei a tua descendência para sempre, estabelecerei o teu trono por todas as gerações’». «Ele Me invocará: ‘Vós sois meu Pai, meu Deus, meu Salvador’. Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor, a minha aliança com ele será irrevogável». Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Romanos (Rom 16,25-27) Irmãos: Àquele que tem o poder de vos confirmar,
segundo o meu Evangelho e a pregação de Jesus Cristo – a revelação do mistério
encoberto desde os tempos eternos mas agora manifestado e dado a conhecer a
todos os povos pelas escrituras dos Profetas segundo a ordem do Deus eterno,
dado a conhecer a todos os gentios para que eles obedeçam à fé – a Deus, o
único sábio, por Jesus Cristo, seja dada glória pelos séculos dos séculos.
Amen. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 1,26-38) Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem
chamado José. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse
o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo; bendita és tu entre as
mulheres». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria
aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de
Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será
grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu
pai David; e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto,
se eu não conheço homem?» O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai
nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um
filho na sua velhice porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis
a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». BOA NOTÍCIA «Não temas!» No próximo domingo à noite, já celebraremos a
missa da vigília de Natal, mas de manhã ainda acenderemos a quarta vela da
coroa do Advento e escutaremos o Evangelho do famoso episódio da Anunciação.
Numa pequena aldeia da Galileia, chamada Nazaré, uma jovem de nome Maria é
visitada por um anjo, que lhe anuncia: «Não
temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz
um Filho, a quem porás o nome de Jesus». A expressão “não temas” que abre o discurso do
anjo é certamente uma das mais comuns na Sagrada Escritura. Encontramo-la em
quase todos os livros da Bíblia, do Génesis ao Apocalipse, e normalmente
antecede os convites que Deus propõe aos homens. “Não temas” é como um refrão
que percorre toda a história da salvação e que encontramos quase dois mil anos
mais tarde (em 1978), nas primeiras palavras do recém-eleito Papa João Paulo
II. Este convite à coragem (se bem que no plural: “não tenhais medo”) torna-se
a “bandeira” do Santo Padre durante os seus 26 anos de pontificado e
recorda-nos uma realidade que transparece tão claramente na história de Maria
de Nazaré: é graças à nossa coragem e generosidade que Deus manifesta o seu
amor no mundo. É através do nosso “sim” ao Seu projecto, dos nossos gestos de
caridade, de partilha e de serviço, que Deus Se torna presente e transforma,
aos poucos, a nossa realidade. Neste último domingo do tempo do Advento, que
antecede de algumas horas a Solenidade do Natal, a história de Maria mostra-nos
como é possível, também hoje, revelarmos Jesus ao mundo: através de um “sim”
corajoso aos projectos de Deus. Não tenhais medo: dizei “sim”! Abri as portas a
Cristo! P. Carlos Caetano in LusoJornal 2023.12.23
Leitura do Livro de Isaías (Is 61,1-2a.10-11) O espírito do Senhor está sobre mim, porque o
Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os
corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos
prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor. Exulto de alegria no
Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da
salvação e em envolveu num manto de justiça, como noivo que cinge a fronte com
o diadema e a noiva que se adorna com as suas jóias. Como a terra faz brotar os
germes e o jardim germinar as sementes, assim o Senhor Deus fará brotar a
justiça e o louvor diante de todas as nações. SALMO RESPONSORIAL – Lc 1,
46-48.49-50.53-54 Refrão: Exulto de alegria no Senhor. A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas
as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em
geração sobre aqueles que O temem. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu-os de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia. Leitura da Primeira Epístola
do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses (1 Tes 5,16-24) Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai
graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus a vosso
respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos;
mas avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de
mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso ser –
espírito, alma e corpo – se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso
Senhor Jesus Cristo. É fiel Aquele que vos chama e cumprirá as suas promessas. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São João (Jo 1,6-8.19-28) Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem
por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este
o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e
levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não
negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então,
quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele
respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma
resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu
sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse
o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram:
«Então, porque baptizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João
respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não
conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a
correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão, onde João
estava a baptizar. BOA NOTÍCIA «Quem és tu?» Na semana passada o Evangelho apresentou-nos
brevemente esse homem extraordinário que foi S. João Baptista. O impacto que
esta figura singular provocou nas gentes do seu tempo foi tão grande, que
alguns suspeitaram, logo desde o início da sua pregação, se não seria ele o
messias esperado. Após o martírio, a fama do Baptista aumentou incrivelmente. A
história do profeta corajoso e temerário, cujo terrível destino seria selado
tragicamente pela vaidade de Herodes e o dançar de Salomé, fascinou muitos
israelitas e surgiram numerosos grupos e movimentos espirituais que se
inspiraram na sua pregação de conversão e arrependimento. Ainda hoje no Iraque,
a seita dos mandeístas venera-o como messias e pratica o ritual do baptismo
segundo a sua tradição. Foram estes equívocos que levaram os quatro
evangelistas a dedicar tanto espaço ao esclarecimento da identidade de João
Baptista. O Evangelho do próximo domingo, dia 17, é novamente centrado na sua
figura e descreve-nos um episódio em que um grupo de sacerdotes e levitas lhe
coloca três vezes a mesma pergunta: «Quem és tu?». Todas as respostas evitam
qualquer afirmação que possa atrair a atenção sobre si. Ele não é o messias,
não é Elias e não é o Profeta. Ele é «a
voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor». João dá testemunho da luz, mas não é a luz. Ele é
“somente” a voz que anuncia a Palavra de Deus. Mas qual Palavra? Quem é o verbo
incarnado? Onde está a luz do mundo? A “voz” convida-nos a olhar para Jesus
Cristo e responde com confiança: «Eu vi e dou testemunho que ele é o Eleito de
Deus». P. Carlos Caetano in LusoJornal 2023.12.16
Leitura do Livro de Isaías (Is 40,1-5.9-11) Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus
trabalhos e está perdoada a sua culpa, porque recebeu da mão do Senhor duplo
castigo por todos os seus pecados. Uma voz clama: «No deserto preparai o
caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus. Sejam alteados
todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos
tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas. Então se manifestará a glória do
Senior e todo o homem verá a sua magnificência, porque a boca do Senhor falou».
Sobe ao alto dum monte, arauto de Sião! Grita com voz forte, arauto de
Jerusalém! Levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá: «Eis o vosso
Deus. O Senhor Deus vem com poder, o seu braço dominará. Com Ele vem o seu
prémio, precede-O a sua recompensa. Como um pastor apascentará o seu rebanho e
reunirá os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as
ovelhas ao seu descanso». SALMO RESPONSORIAL – Salmo
84 (85) Refrão: Mostrai-nos o vosso amor e dai-nos a vossa
salvação. Escutemos o que diz o Senhor: Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis. A sua salvação está perto dos que O teme e a sua glória habitará na nossa terra. Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça. A fidelidade vai germinar da terra e a justiça descerá do Céu. O Senhor dará ainda o que é bom e a nossa terra produzirá os seus frutos. A justiça caminhará à sua frente e a paz seguirá os seus passos. Leitura da Segunda Epístola
de São Pedro (2 Pedro 3,8-14) Há uma coisa, caríssimos, que não deveis esquecer:
um dia diante do Senhor é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não
tardará em cumprir a sua promessa, como pensam alguns. Mas usa de paciência
para convosco e não quer que ninguém pereça, mas que todos possam
arrepender-se. Entretanto, o dia do Senhor virá como um ladrão: nesse dia, os
céus desaparecerão com fragor, os elementos dissolver-se-ão nas chamas e a
terra será consumida com todas as obras que nela existem. Uma vez que todas as
coisas serão assim dissolvidas, como deve ser santa a vossa vida e grande a
vossa piedade, esperando e apressando a vinda do dia de Deus, em que os céus se
dissolverão em chamas e os elementos se fundirão no ardor do fogo! Nós
esperamos, segundo a promessa do Senhor, os novos céus e a nova terra, onde
habitará a justiça. Portanto, caríssimos, enquanto esperais tudo isto,
empenhai-vos, sem pecado nem motivo algum de censura, para que o Senhor vos
encontre na paz. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 1,1-8) Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de
Deus. Está escrito no profeta Isaías: «Vou enviar à tua frente o meu
mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o
caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». Apareceu João Baptista no
deserto a proclamar um baptismo de penitência para remissão dos pecados. Acorria
a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém e
eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João
vestia-se de pêlos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins, e
alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E, na sua pregação, dizia: «Vai
chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou
digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu
baptizo-vos na água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo». BOA NOTÍCIA Deserto As leituras da missa do próximo domingo, 10 de
Dezembro, “transportam-nos” até ao deserto da Palestina, onde encontramos João
Baptista, tal como tinha sido anunciado pelo profeta Isaías: «Vou enviar à tua frente o meu mensageiro,
que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor». Quando se fala de deserto, normalmente pensa-se
numa terra árida e morta. A água é rara, a vegetação escassa e a vida é quase
impossível. Mas do ponto de vista bíblico, o deserto traz à memória uma segunda
imagem: depois da fuga da escravidão do Egipto, foi no deserto que os
israelitas descobriram a liberdade e nasceram como povo. Foi lá que receberam a
Lei e estabeleceram uma aliança com Deus. Apesar da sua desolação e das suas
dificuldades, o deserto recorda um período de graça na história de Israel. Neste tempo do Advento, que nos prepara para o
Natal, também nós somos convidados a viver um pouco de “deserto”. Ninguém quer
sofrer. Ninguém quer conhecer a aridez da areia e o castigo do Sol. No entanto,
para Isaías, o encontro com o Senhor não só acontece no deserto, mas por causa
(!) da experiência do deserto, pois são as dificuldades que forjam o nosso
carácter e robustecem a nossa fé. No deserto estamos nus e sozinhos: nada nos
pode distrair; nada nos pode esconder. Mas a solidão não é total e o silêncio
não é estéril. Longe das distracções do mundo, criam-se condições privilegiadas
para escutar… E o Senhor disse (e diz-nos) uma única palavra: Jesus. Ele é o
Verbo Incarnado, a Palavra que se fez carne e a única, verdadeira, Boa Notícia. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2023.12.08
Leitura do Livro de Isaías (Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7) Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor,
desde sempre, é o vosso nome. Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos
caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema? Voltai, por amor
dos vossos servos e das tribos da vossa herança. Oh, se rasgásseis os céus e
descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes! Mas Vós descestes e
perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os
olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele
esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos
caminhos. Estais indignado contra nós, porque pecámos e há muito que somos
rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos como um ser impuro, as nossas acções
justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as
nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém
se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto
e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e
nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos. SALMO RESPONSORIAL – Salmo
79 (80) Refrão: Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar,
mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. Pastor de Israel, escutai, Vós que estais sentado sobre os Querubins,
aparecei. Despertai o vosso poder e vinde em nosso auxílio. Deus dos Exércitos, vinde de novo, olhai dos céus e vede, visitai esta vinha. Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou, o rebento que fortalecestes para Vós. Estendei a mão sobre o homem que escolhestes, sobre o filho do homem que para Vós criastes; e não mais nos apartaremos de Vós: fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome. Leitura da Primeira Epístola
do apóstolo São Paulo aos Coríntios (1 Cor 1,3-9) Irmãos: A graça e a paz vos sejam dadas da parte
de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus, em todo o
tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus.
Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento;
e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo. De facto, já não
vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Ele vos tornará firmes até ao fim, para que sejais
irrepreensíveis no dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, por quem
fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 13,33-37) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
"Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será
como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes
aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que
vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se
à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o
caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós,
digo-o a todos: Vigiai!" BOA NOTÍCIA A raposa e o príncipe O dia 3 de dezembro marca o início de um novo ano
para a Igreja: é o primeiro domingo de Advento (do latim Adventus, que significa “chegada”), o tempo litúrgico que antecede
o Natal. Mais uma vez o Evangelho convida-nos a vigiar: «Vigiai, porque não sabeis quando virá!» Porém, de tanto se
insistir na vigilância, talvez alguns leitores comecem a perguntar-se: «Mas
afinal, quem é que vai chegar? É um amigo ou um inimigo?» Não devemos ter medo, pois o convite a vigiarmos
não é uma frase isolada, mas está inserida num Evangelho que propõe uma imagem
bem clara de Deus. Quem regressa não é um senhor terrível e tirano, mas sim o
Pai de Misericórdia e Amor... Nunca vos aconteceu ir espreitar à janela, de dez
em dez minutos, mesmo sabendo que ainda faltam duas horas para que o vosso amor
chegue? Só quem já amou pode entender a espera e a vigilância de que nos fala o
Evangelho. É o aguardar apaixonado que tão habilmente foi descrito pela raposa
ao principezinho, numa das mais belas páginas do famoso livro de Saint-Exupéry. «(...) Se tu vens, por exemplo, às quatro da
tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando,
mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada:
descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca
saberei a hora de preparar o coração (...)» Eis o tempo de Advento! Eis a preparação para o
Natal: esperamos com emoção o Senhor que nos cativou, que conquistou o nosso
coração e durante quatro semanas preparamos com alegria a nossa casa e o nosso
coração para O acolhermos bem. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2023.12.03