Todas as semanas podem encontrar neste blog as leituras da missa dominical e também um breve comentário preparado pelo padre Carlos Caetano, vigário geral da congregação dos missionários scalabrinianos.
Leitura dos Actos dos
Apóstolos (Act 9,26-31) Naqueles dias, Saulo chegou a Jerusalém e
procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos os temiam, por não acreditarem
que fosse discípulo. Então, Barnabé tomou-o consigo, levou-o aos Apóstolos e
contou-lhes como Saulo, no caminho, tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado,
e como em Damasco tinha pregado com firmeza em nome de Jesus. A partir desse
dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor.
Conversava e discutia também com os helenistas, mas estes procuravam dar-lhe a
morte. Ao saberem disto, os irmãos levaram-no para Cesareia e fizeram-no seguir
para Tarso. Entretanto, a Igreja gozava de paz por toda a Judeia, Galileia e
Samaria, edificando-se e vivendo no temor do Senhor e ia crescendo com a
assistência do Espírito Santo. SALMO RESPONSORIAL – Salmo
21 (22) Refrão: Eu Vos louvo, Senhor, na assembleia dos
justos. Cumprirei a minha promessa na presença dos vossos
fiéis. Os pobres hão-de comer e serão saciados, louvarão o Senhor os que O procuram: vivam para sempre os seus corações. Hão-de lembrar-se do Senhor e converter-se a Ele todos os confins da terra; e diante d’Ele virão prostrar-se todas as famílias das nações. Só a Ele hão-de adorar todos os grandes do mundo, diante d’Ele se hão-de prostrar todos os que descem ao pó da terra. Para Ele viverá a minha alma, há-de servi-l’O a minha descendência. Falar-se-á do Senhor às gerações vindouras e a sua justiça será revelada ao povo que há-de
vir: «Eis o que fez o Senhor». Leitura da Primeira Epístola
de São João (1 Jo 3,18-24) Meus filhos, não amemos com palavras e com a
língua, mas com obras e em verdade. Deste modo saberemos que somos da verdade e
tranquilizaremos o nosso coração diante de Deus; porque, se o nosso coração nos
acusar, Deus é maior que o nosso coração e conhece todas as coisas. Caríssimos,
se o coração não nos acusa, tenhamos confiança diante de Deus e receberemos
d’Ele tudo o que Lhe pedirmos, porque cumprimos os seus mandamentos e fazemos o
que Lhe é agradável. É este o seu mandamento: acreditar no nome de seu Filho,
Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros, como Ele nos mandou. Quem observa os
seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele. E sabemos que permanece em nós pelo
Espírito que nos concedeu. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São João (Jo 15,1-8) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que
está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda
mais fruto. Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por
si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes
em Mim. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu
nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não
permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos,
lançam-nos ao fogo e eles ardem. Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras
permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido. A glória
de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos». BOA NOTÍCIA Podar para prosperar Eis uma das ideias mais distorcidas que podemos
criar da religião cristã: que ela seja uma doutrina enigmática e misteriosa,
acessível unicamente a poucos iluminados, depois de anos e anos de estudo.
Jesus quer revelar ao mundo o verdadeiro rosto do Pai. Ao mundo inteiro! Quer
que todos os homens e mulheres descubram a beleza do Evangelho e a alegria da
fé! E ao lermos a Bíblia, vemos claramente que Ele não quer uma religião de
mistérios e segredos, onde as coisas de Deus são reservadas apenas a um pequeno
grupo de instruídos. Jesus fala de peixes aos pescadores, de ovelhas aos
pastores e de vinhas aos camponeses. Palavras simples e claras; exemplos
concretos, tirados da vida quotidiana, para explicar o absoluto de Deus. Os
pobres, os humildes, os analfabetos… todos podem entender e acolher a Boa Nova,
a boa notícia, o Evangelho de Jesus. Tal como acontece ainda hoje, é nas
pequenas coisas do quotidiano que Deus se revela. No próximo domingo, dia 28, Jesus propõe-nos,
justamente, a imagem da vinha e diz: «Eu
sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá
muito fruto». Graças a esta metáfora, cai também uma outra ideia errada: a
ideia de que o Cristianismo seja um longo suceder de renúncias e abstinências
estéreis. Valendo-se da experiência dos camponeses, Jesus evoca a actividade da
poda e explica-nos que, tal como o agricultor limpa e desbasta os ramos para
que a árvore dê mais e melhores frutos, também nós somos convidados a “podar” a
nossa vida. Para quê? Para que possamos doar ao mundo, frutos abundantes de
amor, generosidade e misericórdia… P. Carlos Caetano in LusoJornal 2024.04.27
Leitura dos Actos dos
Apóstolos (Act 4,8-12) Naqueles dias, Pedro, cheio do Espírito Santo,
disse-lhes: «Chefes do povo e anciãos, já que hoje somos interrogados sobre um
benefício feito a um enfermo e o modo como ele foi curado, ficai sabendo todos
vós e todo o povo de Israel: É em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, que vós
crucificastes e Deus ressuscitou dos mortos, é por Ele que este homem se
encontra perfeitamente curado na vossa presença. Jesus é a pedra que vós, os construtores,
desprezastes e que veio a tornar-se pedra angular. E em nenhum outro há
salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual
possamos ser salvos». SALMO RESPONSORIAL – Salmo
117 (118) Refrão: A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos homens. Mais vale refugiar-se no Senhor, do que fiar-se nos poderosos. Eu Vos darei graças porque me ouvistes e fostes o meu Salvador. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável aos nossos olhos. Bendito o que vem em nome do Senhor, da casa do Senhor nós vos bendizemos. Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças. Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia. Leitura da Primeira Epístola
de São João (1 Jo 3,1-2) Caríssimos: Vede que admirável amor o Pai nos consagrou
em nos chamarmos filhos de Deus. E somo-lo de facto. Se o mundo não nos
conhece, é porque não O conheceu a Ele. Caríssimos, agora somos filhos de Deus
e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em
que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São João (Jo 10,11-18) Naquele tempo, disse Jesus. «Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. O mercenário, como não é pastor, nem
são suas as ovelhas, logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, enquanto
o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário não se preocupa com as ovelhas. Eu
sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do
mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas
minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de
as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por
isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma
tira, sou Eu que a dou espontaneamente. Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai». BOA NOTÍCIA A voz do Pastor O próximo Domingo (o 4º do tempo Pascal) é chamado
“Domingo do Bom Pastor” pois a liturgia propõe-nos, todos os anos, um trecho
diferente do 10º capítulo do Evangelho de S. João, onde Jesus se apresenta com
esse título. Jesus é o Bom Pastor e «as
ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz». O Evangelho diz-nos que os pastores mercenários
guiam o rebanho em troca de uma recompensa; somente Cristo é o Pastor disposto
a dar tudo (até mesmo, a vida) pelo bem das suas ovelhas. Ele não escapa dos
lobos, coloca-nos em primeiro lugar e defende o seu rebanho até ao fim. É esta
gratuidade que o torna digno de confiança! No entanto, fazer parte da Igreja de
Cristo não significa renunciar à própria inteligência. Fazer parte desta
comunidade significa fazer uma escolha com consciência, com liberdade, com
maturidade! Significa seguir Cristo. E deixar que Ele seja o nosso modelo, o
nosso ideal... o nosso Pastor. O próximo Domingo corresponde também ao Dia
Mundial de Oração pelas Vocações: somos convidados a rezar pelos sacerdotes e
por todos aqueles que se interrogam sobre a própria vocação sacerdotal. Somos
convidados a rezar pelos jovens que procuram escutar a voz do Pastor… Rezemos! Para que não tenham medo de confiar no
Senhor. Para que digam “sim” ao Seu convite com alegria,
coragem e generosidade. Para que consigam ser, neste mundo, sinal do Amor
do Pai. (Ámen.) P. Carlos Caetano in LusoJornal 2024.04.20
Leitura dos Actos dos
Apóstolos (Act 3,13-15.17-19) Naqueles dias, Pedro disse ao povo: «O Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo
Jesus, que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele
resolvido a soltá-l’O. Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação dum
assassino; matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós
somos testemunhas disso. Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como
também os vossos chefes. Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha
anunciado pela boca de todos os Profetas: que o seu Messias havia de padecer.
Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam
perdoados». SALMO RESPONSORIAL – Salmo 4 Refrão: Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz do
vosso rosto. Quando Vos invocar, ouvi-me, ó Deus de justiça. Vós que na tribulação me tendes protegido, compadecei-vos de mim e ouvi a minha súplica. Sabei que o Senhor faz maravilhas pelos seus
amigos, o Senhor me atende quando O invoco. Muitos dizem: «Quem nos fará felizes?» Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa
face. Em paz me deito e adormeço tranquilo, porque só Vós, Senhor, me fazeis repousar em segurança. Leitura da Primeira Epístola
de São João (1 Jo 2,1-5ª) Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não
pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado
junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só
pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. E nós sabemos que O
conhecemos, se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz conhecê-l’O e não
guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Mas se alguém
guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 24,35-48) Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o
que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do
pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A
paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito.
Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses
pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu
mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu
tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e
admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa
para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a
comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi,
quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu
respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o
entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito
que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e
que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a
todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas
estas coisas». BOA NOTÍCIA Confiar, acreditar, saber Quem eram os discípulos? Pessoas crédulas e
ingénuas? Idealistas ou sonhadoras? Pessoas fragilizadas pelo sofrimento que se
deixaram enredar numa alucinação colectiva? O Evangelho do próximo domingo
apresenta uma outra versão e dá bastante relevo às dificuldades que todos
tiveram em aceitar a ressurreição de Cristo: «Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito (...) Eles, na
sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar». Os apóstolos não são
ingénuos e não se contentam com notícias em segunda mão. Precisam de “ver para
crer” (como Tomé no Domingo passado) e mesmo quando vêem, não deixam de ser um
grupo desconfiado, crítico e exigente. A ressurreição permanece um dado de fé e nem mesmo
as aparições de Cristo ressuscitado conseguem garantir certezas cientificamente
comprovadas. O encontro com Jesus vivo só é possível através um longo caminho
espiritual e as dúvidas e hesitações que experimentamos na nossa vida não são
elementos incómodos e inúteis, mas sim, partes essenciais do percurso que leva
a uma fé madura. Mesmo uma “crise de fé” não é (forçosamente) uma coisa má!
“Crise” é uma palavra de origem grega que significa “separar” ou “escolher”.
Uma crise obriga-nos a tomar decisões! E ajuda-nos a reformular, repensar e,
eventualmente, purificar a nossa fé! Tal como dois namorados não conseguem encontrar a
prova matemática de serem feitos um para o outro, também a ressurreição nunca
será uma certeza científica. Porém, alguns esposos, depois de um longo caminho
juntos, conseguem dizer, sem medo e sem dúvidas: «Confiámos, acreditámos e hoje
sabemos». Com a Fé acontece o mesmo. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2024.04.13
Leitura dos Actos dos
Apóstolos (Act 4,32-35) A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um
só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo
entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor
Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles
qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas
e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se
então a cada um conforme a sua necessidade. SALMO RESPONSORIAL – Salmo
117 (118) Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Israel: é eterna a sua misericórdia. Diga a casa de Aarão: é eterna a sua misericórdia. Digam os que temem o Senhor: é eterna a sua misericórdia. A mão do Senhor fez prodígios, A mão do Senhor foi magnífica. Não morrerei, mas hei-de viver, para anunciar as obras do Senhor. Com dureza me castigou o Senhor, mas não me deixou morrer. A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. Tudo isto veio do Senhor: é admirável aos nossos olhos. Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria. Leitura da Primeira Epístola
de São João (1 Jo 5,1-6) Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias,
nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele.
Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os
seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus
mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de
Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o
vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é
o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a
água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São João (Jo 20,19-31) Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo
dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja
convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios
de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre
eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os
pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos
cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os
discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas
fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois
disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e
mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes
os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença
dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram
escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que,
acreditando, tenhais a vida em seu nome. BOA NOTÍCIA «Vê as minhas mãos» A missão dos apóstolos de anunciar a Ressurreição
não começa nada bem… A primeira pessoa que tentam convencer é São Tomé e a sua
resposta é famosa: «Se não vir nas suas
mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu
lado, não acreditarei». O relato deste episódio (que escutaremos no
Evangelho do próximo domingo, dia 7) é um convite a reflectir sobre os desafios
enormes da evangelização e as frustrações que poderão provir: se Tomé (um dos
doze apóstolos, que viveu e seguiu Jesus durante três anos) inicialmente não
acredita sem ver, que esperança podia cultivar a Igreja nascente de
evangelizar/converter o mundo? Podemos considerar esta página como mais um
exemplo da honestidade do Evangelho que não esconde as dificuldades do anúncio
e a incredulidade que frequentemente o acompanhará. Felizmente, este episódio revela-nos também uma
outra verdade ainda mais importante: a evangelização não depende apenas dos
nossos esforços! Cristo caminha com a sua Igreja (ontem, hoje e sempre) e o
Espírito Santo enriquece-a com diversos dons e carismas. Aliás, é Ele que sopra
nos corações dos fiéis aquele mesmo espírito de missão que animava o próprio
Cristo. A fé é realmente dom de Deus, mas isso não
significa, obviamente, desresponsabilizar-se. Implica porém aceitar a natureza
da nossa missão: não somos chamados a “recolher os frutos”; somos chamados a
semear, semear sempre! E tal como nos recorda o Papa Francisco, o elemento mais
importante do anúncio da fé é este: «que os cristãos demonstrem vivê-la
concretamente, através do amor, da concórdia, da alegria». P. Carlos Caetano in LusoJornal 2024.04.06