sábado, 26 de julho de 2025

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro do Génesis
(Gen 18,20-32)
Naqueles dias, disse o Senhor: «O clamor contra Sodoma e Gomorra é tão forte, o seu pecado é tão grave que Eu vou descer para verificar se o clamor que chegou até Mim corresponde inteiramente às suas obras. Se sim ou não, hei-de sabê-lo». Os homens que tinham vindo à residência de Abraão dirigiram-se então para Sodoma, enquanto o Senhor continuava junto de Abraão. Este aproximou-se e disse: «Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Matá-los-ás a todos? Não perdoarás a essa cidade, por causa dos cinquenta justos que nela residem? Longe de Ti fazer tal coisa: dar a morte ao justo e ao pecador, de modo que o justo e o pecador tenham a mesma sorte! Longe de Ti! O juiz de toda a terra não fará justiça?» O Senhor respondeu-lhe: «Se encontrar em Sodoma cinquenta justos, perdoarei a toda a cidade por causa deles». Abraão insistiu: «Atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que não passo de pó e cinza: talvez para cinquenta justos faltem cinco. Por causa de cinco, destruirás toda a cidade?» O Senhor respondeu: «Não a destruirei se lá encontrar quarenta e cinco justos». Abraão insistiu mais uma vez: «Talvez não se encontrem nela mais de quarenta». O Senhor respondeu: «Não a destruirei em atenção a esses quarenta». Abraão disse ainda: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei mais uma vez: talvez haja lá trinta justos». O Senhor respondeu: «Não farei a destruição, se lá encontrar esses trinta». Abraão insistiu novamente: «Atrevo-me ainda a falar ao meu Senhor: talvez não se encontrem lá mais de vinte justos». O Senhor respondeu: «Não destruirei a cidade em atenção a esses vinte». Abraão prosseguiu: «Se o meu Senhor não levar a mal, falarei ainda esta vez: talvez lá não se encontrem senão dez». O Senhor respondeu: «Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138)
Refrão: Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor.
 
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos hei-de cantar-Vos
e adorar-Vos, voltando para o vosso templo santo.
 
Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.
 
O Senhor é excelso e olha para o humilde,
ao soberbo conhece-o de longe.
No meio da tribulação Vós me conservais a vida,
Vós me ajudais contra os meus inimigos.
 
A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 2,12-14)
Irmãos: Sepultados com Cristo no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos. Quando estáveis mortos nos vossos pecados e na incircuncisão da vossa carne, Deus fez que voltásseis à vida com Cristo e perdoou-nos todas as nossas faltas. Anulou o documento da nossa dívida, com as suas disposições contra nós; suprimiu-o, cravando-o na cruz.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 11,1-13)
Naquele tempo, Estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei:
 
‘Pai,
santificado seja o vosso nome;
venha o vosso reino;
dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência;
perdoai-nos os nossos pecados,
porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende;
e não nos deixeis cair em tentação’».
 
Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».
 
 
BOA NOTÍCIA
Um "novo" Pai-nosso?
No Evangelho do próximo domingo, dia 27, encontraremos o episódio em que Jesus ensina aos seus discípulos o Pai-nosso. Escutaremos a oração na versão de São Lucas, ligeiramente diferente do texto de São Mateus e também da tradução oficial que memorizámos na catequese.
 
Em Dezembro de 2017, os católicos franceses acolheram a nova tradução oficial do Pai-nosso, onde a antiga versão «ne nous soumets pas à la tentation» foi substituída por «ne nous laisse pas entrer en tentation». Nessa altura, não passou despercebido aos migrantes portugueses que, nem a antiga nem a nova versão correspondem exactamente à tradicional tradução portuguesa «não nos deixeis cair em tentação».
 
Obviamente, nenhuma tradução é 100% fidedigna. Há até um antigo provérbio italiano que afirma que o tradutor é um traidor (traduttore, traditore). O importante é que o sentido original do texto seja respeitado e compreendido pelos leitores. Mas estes exercícios de tradução são também uma catequese para o povo de Deus, pois recordam-nos que somos uma Igreja "em Caminho" e que se a língua evolui (há termos novos que aparecem; outros deixam de estar em uso) então, os textos bíblicos também têm de acompanhar essa evolução. Usando uma expressão da própria Sagrada Escritura: a Palavra de Deus é viva!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.07.26



 
 

sábado, 19 de julho de 2025

16º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro do Génesis
(Gen 18,1-10a)
Naqueles dias, o Senhor apareceu a Abraão junto do carvalho de Mambré. Abraão estava sentado à entrada da sua tenda, no maior calor do dia. Ergueu os olhos e viu três homens de pé diante dele. Logo que os viu, deixou a entrada da tenda e correu ao seu encontro; prostrou-se por terra e disse: «Meu Senhor, se agradei aos vossos olhos, não passeis adiante sem parar em casa do vosso servo. Mandarei vir água, para que possais lavar os pés e descansar debaixo desta árvore. Vou buscar um bocado de pão, para restaurardes as forças antes de continuardes o vosso caminho, pois não foi em vão que passastes diante da casa do vosso servo». Eles responderam: «Faz como disseste». Abraão apressou-se a ir à tenda onde estava Sara e disse-lhe: «Toma depressa três medidas de flor da farinha, amassa-a e coze uns pães no borralho». Abraão correu ao rebanho e escolheu um vitelo tenro e bom e entregou-o a um servo que se apressou a prepará-lo. Trouxe manteiga e leite e o vitelo já pronto e colocou-o diante deles; e, enquanto comiam, ficou de pé junto deles debaixo da árvore. Depois eles disseram-lhe: «Onde está Sara, tua esposa?». Abraão respondeu: «Está ali na tenda». E um deles disse: «Passarei novamente pela tua casa daqui a um ano e então Sara tua esposa terá um filho».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 14 (15)
Refrão: Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?
 
O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.
 
O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.
 
O que não falta ao juramento mesmo em seu prejuízo
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 1,24-28)
Irmãos: Agora alegro-me com os sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja. Dela me tornei ministro, em virtude do cargo que Deus me confiou a vosso respeito, isto é, anunciar em plenitude a palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi agora manifestado aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer as riquezas e a glória deste mistério entre os gentios: Cristo no meio de vós, esperança da glória. E nós O anunciamos, advertindo todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, a fim de os apresentarmos todos perfeitos em Cristo.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10,38-42)
Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
 
 
BOA NOTÍCIA
Marta e Maria
No evangelho do próximo domingo, dia 20, encontramos a famosa resposta que Jesus dá ao “ralhete” da sua amiga Marta: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
 
O que será que se passou a seguir...?
Será que Marta ficou de mau humor? Carrancuda durante todo o serão por Jesus não ter concordado e, ainda por cima (que surpresa!) ter defendido a sua irmã?
Se foi este o desfecho, é fácil perceber porque o evangelista Lucas interrompe abruptamente o relato bíblico... Um serão assim, com um ambiente pesado e duas irmãs zangadas, é coisa que ninguém recorda com gosto, quanto mais colocá-lo por escrito!
Mas talvez tudo se tenha passado de uma outra forma...
 
Jesus conhecia muito bem Marta e Maria, irmãs do seu grande amigo Lázaro e, com certeza, não teve dificuldade em “pilotar” a situação de maneira a não criar um serão de mau ambiente. Marta queria tanto agradar ao seu amigo que acabou por se “esquecer” de estar com Ele. A frase de Jesus (provavelmente dita com um sorriso) recorda-lhe (e a nós também) que a coisa mais preciosa que podemos oferecer a alguém é a nossa atenção e companhia. Além disso, quem escuta e acolhe a Palavra de Jesus, não pode não colocar-se ao serviço dos irmãos. É por isso que tenho esta certeza: naquele serão em Betânia, depois de ter escutado os ensinamentos de Jesus, Maria levantou-se e ajudou a sua irmã.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.07.19



 
 

sábado, 12 de julho de 2025

15º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro do Deuteronómio
(Deut 30,10-14)
Moisés falou ao povo, dizendo: «Escutarás a voz do Senhor teu Deus, cumprindo os seus preceitos e mandamentos que estão escritos no Livro da Lei, e converter-te-ás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma. Este mandamento que hoje te imponho não está acima das tuas forças nem fora do teu alcance. Não está no céu, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós subir ao céu, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Não está para além dos mares, para que precises de dizer: ‘Quem irá por nós transpor os mares, para no-lo buscar e fazer ouvir, a fim de o pormos em prática?’. Esta palavra está perto de ti, está na tua boca e no teu coração, para que a possas pôr em prática».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 68 (69)
Refrão: Procurai, pobres, o Senhor e encontrareis a vida.
 
A Vós, Senhor, elevo a minha súplica,
pela vossa imensa bondade respondei-me.
Ouvi-me, Senhor, pela bondade da vossa graça,
voltai-Vos para mim pela vossa grande misericórdia.
 
Eu sou pobre e miserável:
defendei-me com a vossa protecção
Louvarei com cânticos o nome de Deus
e em acção de graças O glorificarei.
 
Vós, humildes, olhai e alegrai-vos,
buscai o Senhor e o vosso coração se reanimará.
O Senhor ouve os pobres
e não despreza os cativos.
 
Deus protegerá Sião,
reconstruirá as cidades de Judá.
Os seus servos a receberão em herança
e nela hão-de morar os que amam o seu nome.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 1,15-20)
Cristo Jesus é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10,25-37)
Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?» Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?» Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».
 
 
BOA NOTÍCIA
O que devo fazer?
Um dia um homem (um doutor da Lei) colocou a Jesus esta questão: «o que devo fazer para chegar à vida eterna?»
 
Jesus perguntou-lhe «Que está escrito na Lei? – e ele respondeu - Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo».
 
Jesus sabia que ele sabia: a resposta está correcta! E nós também a conhecemos… mas não basta conhecê-la: é preciso actuá-la, vivê-la. É preciso amar! No entanto, tal como muitos de nós, também o doutor vacila, amedronta-se e imediatamente procura justificar-se: «Quem é o meu próximo?»
 
Quantas vezes na nossa vida de fé somo “atormentados” com esta e outras questões… «Será que me devo interessar? Será que devo/posso/consigo fazer alguma coisa para ajudar aquela pessoa? E o que é isso do amor ao próximo? Até onde se deve ir? É preciso exagerar?»
 
Jesus responde(-nos) com a famosa parábola do “bom samaritano”: um homem foi atacado por salteadores e deixado caído na berma da estrada. Ninguém o ajuda, excepto um estrangeiro, um samaritano (um “infiel”, segundo a teologia judaica daquele tempo). Jesus conclui a parábola dizendo ao doutor da Lei que o interrogara: «Vai e faz o mesmo».
 
A conclusão é óbvia: para alcançar a vida eterna é preciso amar a Deus e amar o próximo. O “próximo” é qualquer um que necessita de nós, qualquer irmão caído nos caminhos da vida que necessita, para se levantar, da nossa ajuda e do nosso amor. E se há um limite (e infelizmente há) é aquele “muro” com o qual Deus Pai por vezes também se depara: não podemos ajudar quem não quer ser ajudado. Mas podemos amar. Podemos amar sempre.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.07.12



 
 

sábado, 5 de julho de 2025

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura do Livro de Isaías
(Is 66,10-14c)
Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 65 (66)
Refrão: A terra inteira aclame o Senhor.
 
Aclamai a Deus, terra inteira,
cantai a glória do seu nome,
celebrai os seus louvores, dizei a Deus:
«Maravilhosas são as vossas obras».
 
A terra inteira Vos adore e celebre,
entoe hinos ao vosso nome.
Vinde contemplar as obras de Deus,
admirável na sua acção pelos homens.
 
Mudou o mar em terra firme,
atravessaram o rio a pé enxuto.
Alegremo-nos n’Ele:
domina eternamente com o seu poder.
 
Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,
vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.
Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,
nem me retirou a sua misericórdia.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas
(Gal 6,14-18)
Irmãos: Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amen.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10,1-12.17-20)
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles: senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: ‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’. Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade». Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus».
 
 
BOA NOTÍCIA
Partir ao “Deus-dará”
«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Esta frase de Jesus, que encontramos nos Evangelho do próximo Domingo, leva-nos a suspeitar que a crise vocacional não seja apenas uma realidade do nosso tempo. Pudera! Partir ao “deus-dará”, sem bolsa, nem alforge, confiando apenas na eficácia do anúncio do Evangelho e dependendo inteiramente da generosidade de desconhecidos... é um convite que hoje, tal como ontem, poucos conseguem aceitar. Quais as garantias de que esta viagem não terminará num desastre? Quem nos assegura de que não será tudo um desperdício de tempo e energia?
 
No livro do profeta Jeremias encontramos alguns indícios para uma boa resposta:
 
«Feliz o homem que confia no Senhor,
Que tem no Senhor a sua esperança.
É como a árvore plantada perto da água,
a qual estende as raízes para a corrente;
não teme quando vem o calor,
e a sua folhagem fica sempre verdejante».
 
O Senhor é a nossa única garantia! E para quem acredita, isso basta: não são necessários outros fiadores! Não é fácil descrever esta realidade... Uma mãe pode tentar explicar à própria filha o que é a maternidade, mas a filha só a compreenderá realmente quando nascer o seu primeiro filho. Podemos tentar descrever a alegria de confiar a própria vida nas mãos de Deus, mas enquanto não tivermos feito essa experiência em primeira pessoa, não poderemos compreendê-la inteiramente.
 
Não é o peso da “bagagem” (quilos e quilos de cálculos, planos e estratégias...) que assegura um “sim” sereno ou o êxito da viagem. Somente a confiança depositada no Senhor pode garantir uma resposta tranquila e o sucesso da missão.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.07.05



 

 

sábado, 28 de junho de 2025

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO – ANO C

Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos
(Act 12,1-11)
Naqueles dias, o rei Herodes começou a maltratar alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João, e, ao ver que assim agradava aos Judeus, mandou, além disto, prender também a Pedro. Era nos dias da Páscoa. Depois de preso, mandou-o meter na cadeia e entregou-o à guarda de quatro piquetes de quatro soldados cada um, na intenção de, após a Páscoa, o fazer comparecer perante o povo. Pedro era, pois, guardado na prisão, mas a Igreja orava instantemente a Deus por ele. Herodes estava para o fazer comparecer. Nessa noite, dormia Pedro entre dois soldados, ligado com duas correntes, enquanto as sentinelas, postadas à porta, guardavam a prisão. Nisto, apareceu o Anjo do Senhor, e uma luz brilhou na cela da cadeia. O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no lado, e disse-lhe: «Levanta-te depressa». E as correntes caíram-lhe das mãos. Então, o Anjo disse-lhe: «Põe o cinto e calça as sandálias». Ele assim fez. Depois, acrescentou: «Envolve-te na capa e segue-me». Pedro saiu e foi-o seguindo, sem perceber que era verdade o que estava a acontecer pela ação do Anjo; pensava que tinha uma visão. Atravessaram o primeiro posto da guarda, depois o segundo, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, e a porta abriu-se por si mesma diante deles. Saíram e avançaram por uma rua, e logo o Anjo se afastou de Pedro. Então, Pedro, voltando a si, exclamou: «Agora sei realmente que o Senhor mandou o Seu Anjo e me libertou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo judeu».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: O Senhor libertou-me de todos os meus temores.
 
A toda a hora bendirei o Senhor,
o Seu louvor está sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor;
ouçam e alegrem-se os humildes.
 
Enaltecei comigo ao Senhor,
e exaltemos juntos o Seu nome.
Procurei o Senhor, e Ele atendeu-me;
libertou-me de todos os meus temores.
 
Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes:
vossos rostos não se hão de cobrir de vergonha.
Este pobre clamou, o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.
 
O anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Provai e vede como o Senhor é bom;
feliz o homem que n’Ele se refugia.
 
 
Leitura da Segunda Epístola de São Paulo a Timóteo
(2 Tim 4,6-8.17-18)
Caríssimo: Eu já estou a ser oferecido em sacrifício, e o momento da minha morte está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Daqui em diante, está-me reservada a coroa da justiça, que o Senhor, o justo Juiz, me dará no dia do juízo; e não só a mim, mas também a todos aqueles que tiverem esperado com amor a Sua manifestação. Apressa-te a vir ter comigo sem demora. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem. E eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me há de livrar de toda a ação perversa e me levará são e salvo ao Seu Reino celeste. Glória a Ele por todo o sempre. Amen.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 16,13-19)
Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e fez aos discípulos esta pergunta: «Quem dizem as pessoas que é o Filho do Homem?» Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou um dos profetas». Jesus replicou-lhes: «E quem dizeis vós que Eu sou?» Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse-Lhe: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!». Jesus respondeu-lhe: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim Meu Pai que está nos Céus. E Eu também te digo a ti: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as forças do Inferno não levarão a melhor contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra ficará ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra ficará desligado nos Céus».
 
 
BOA NOTÍCIA
Pedro e Paulo
No próximo domingo, dia 29, a Igreja celebra com solenidade as suas duas grandes “colunas”: os apóstolos Pedro e Paulo. Dois santos que, apesar da fé e do martírio que os une, não poderiam ser mais diferentes.
 
Diferentes pela proveniência: um nasceu na pequena aldeia de Betsaida, na periferia da antiga Palestina; o outro, na grande cidade cosmopolita de Tarso e cresceu em Jerusalém.
 
Diferentes pela formação: um era um simples pescador, provavelmente analfabeto; o outro era um fino intelectual, formado na escola do grande rabino Gamaliel.
 
Diferentes pela vocação: Pedro foi chamado por Jesus e escolhido como chefe dos Doze Apóstolos; Paulo, inicialmente perseguidor dos cristãos, converteu-se a caminho de Damasco, tornando-se depois o grande promotor da expansão missionária.
 
E a Bíblia não esconde os momentos de tensão e as ocasiões em que Pedro e Paulo discutiram, enquanto procuravam juntos a melhor estrada para a Igreja de Cristo.
 
Figuras muito diferentes pelo temperamento e pela cultura, viveram, contudo, sempre irmanados pela mesma fé e pelo mesmo amor a Cristo. Pedro, na sua maravilhosa profissão de fé, exclamou: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». E no seu amor pelo Mestre, disse: «Senhor, Tu sabes que eu Te amo». Paulo, por seu lado, afirmou: «Eu sei em quem creio», ao mesmo tempo que descreveu assim a sua missão: «A minha vida é Cristo»!
 
E é esta união na diversidade que devemos respeitar e amar na nossa Igreja. Apesar das grandes diferenças, Pedro e Paulo respeitavam-se e amavam-se no Senhor, e cada um sabia que a missão e responsabilidades do outro eram vitais para a edificação da única Igreja e o anúncio da verdadeira Fé.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.06.29



 
 
 
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sábado, 21 de junho de 2025

SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO – ANO C

Leitura do Livro do Génesis
(Gen 14, 18-20)
Naqueles dias, Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Era sacerdote do Deus Altíssimo e abençoou Abraão, dizendo: «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou nas tuas mãos os teus inimigos». E Abraão deu-lhe a dízima de tudo.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 109 (110)
Refrão : O Senhor é sacerdote para sempre.
 
Disse o Senhor ao meu Senhor:
«Senta-te à minha direita,
até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés».
 
O Senhor estenderá de Sião
o cetro do teu poder
e tu dominarás no meio dos teus inimigos.
 
A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste
nos esplendores da santidade,
antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei».
 
O Senhor jurou e não Se arrependerá:
«Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec».
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 11, 23-26)
Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice á a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha».
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9, 11b-17)
Naquele tempo, estava Jesus a falar à multidão sobre o reino de Deus e a curar aqueles que necessitavam. O dia começava a declinar. Então os Doze aproximaram-se e disseram-Lhe: «Manda embora a multidão para ir procurar pousada e alimento às aldeias e casais mais próximos, pois aqui estamos num local deserto». Disse-lhes Jesus: «Dai-lhes vós de comer». Mas eles responderam: «Não temos senão cinco pães e dois peixes… Só se formos nós mesmos comprar comida para todo este povo». Eram de facto uns cinco mil homens. Disse Jesus aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta». Assim fizeram e todos se sentaram. Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção. Depois partiu-os e deu-os aos discípulos, para eles os distribuírem pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e ainda recolheram doze cestos dos pedaços que sobraram.
 
BOA NOTÍCIA
«Tomai: isto é o meu Corpo»
No próximo domingo celebraremos a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida também como festa do Corpo de Deus. Tradicionalmente esta solenidade celebra-se na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade. Todavia, nalgumas nações, tais como França e Itália, onde foi eliminado o feriado nacional, esta solenidade é adiada para o domingo sucessivo.
 
Esta festa é um convite a meditarmos o mistério da presença real, concreta, actual e salvífica de Cristo na Eucaristia. A festa do Corpo de Deus recorda-nos que, no pão e vinho consagrados, Jesus está presente não como uma “coisa”, mas como uma pessoa, como um “eu” que se doa a um “tu”. Trata-se de um verdadeiro encontro com alguém e portanto, de uma possibilidade concreta de comunhão entre pessoas. No entanto, a Missa é vivida por vezes como um peso, uma canseira, uma perda de tempo…
 
É verdade que nem todas as homílias brilham pela sua actualidade e pertinência, mas ao centro está a Palavra, não a sua explicação!
 
É verdade que os cânticos nem sempre são ao nosso gosto (ou bem afinados…), mas criticar é muito mais fácil do que fazer melhor!
 
É verdade que também podemos rezar sozinhos em casa, mas sem a celebração comunitária e o encontro com os irmãos arriscamo-nos a trair a nossa fé!
 
Ludwig Feuerbach, um famoso materialista ateu, escreveu que «o homem é aquilo que come». Sem sabê-lo, este filósofo alemão deu-nos uma óptima definição da Eucaristia: graças a ela o homem pode converter-se naquilo de que se nutre, ou seja, torna-se porção do corpo de Cristo; torna-se membro da Igreja!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.06.21



 
 

sábado, 14 de junho de 2025

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ANO C

Leitura do Livro dos Provérbios
(Prov 8,22-31)
Eis o que diz a Sabedoria de Deus: «O Senhor me criou como primícias da sua actividade, antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os abismos e de brotarem as fontes das águas, já eu tinha sido concebida. Antes de se implantarem as montanhas e as colinas, já eu tinha nascido; ainda o Senhor não tinha feito a terra e os campos, nem os primeiros elementos do mundo. Quando Ele consolidava os céus, eu estava presente; Quando traçava sobre o abismo a linha do horizonte, quando condensava as nuvens nas alturas, quando fortalecia as fontes dos abismos, quando impunha ao mar os seus limites para que as águas não ultrapassassem o seu termo, quando lançava os fundamentos da terra, eu estava a seu lado como arquitecto, cheia de júbilo, dia após dia, deleitando-me continuamente na sua presença. Deleitava-me sobre a face da terra e as minhas delícias eram estar com os filhos dos homens».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 8
Refrão: Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus!
 
Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes?
 
Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhes poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés:
 
Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 5,1-5)
Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16,12-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».
 
 
BOA NOTÍCIA
Criados à Sua imagem
No próximo domingo, dia 15, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade. Conta-se que um dia, Santo Agostinho passeava na praia e com muito esforço tentava compreender este mistério da fé: um único Deus em três pessoas distintas... A uma certa altura, viu um menino que corria com uma conchinha na mão. Repetidamente, o menino ia até ao mar, enchia a conchinha, levava-a com jeitinho até junto de um buraco na areia e vazava a água lá dentro. Agostinho perguntou-lhe: «O que estás a fazer?». O menino respondeu com simplicidade: «Estou a colocar o mar dentro deste buraco». Agostinho sorriu e disse: «Não vês que isso é impossível? O mar é tão grande e essa covinha é tão pequena!» O menino respondeu: «É mais fácil que o mar caiba nesta cova do que o mistério da Trindade seja entendido por um homem!».
 
A Solenidade do próximo domingo não é um convite a decifrar o enigma de “um Deus em três pessoas”: é uma oportunidade para meditarmos o que a Trindade nos ensina sobre nós mesmos. Deus não é solidão; não é o perfeito egoísta imutável que basta a si mesmo e subsiste sozinho. Deus é comunhão, relação, amor que se move na direcção do outro. E nós fomos criados à Sua imagem e semelhança! Jean-Paul Sartre dizia que «o inferno são os outros», mas Jesus mostra-nos que não podemos abraçar a felicidade sozinhos. A linguagem humana (finita e limitada) não conseguirá nunca definir completamente o mistério da Trindade mas, invocando o Pai, o Filho e o Espírito Santo, intuímos a nossa própria natureza e o lema que devemos seguir na construção da nossa vida, das nossas relações, da nossa Igreja: comunhão na diversidade!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.06.14



 
 

sábado, 7 de junho de 2025

SOLENIDADE DE PENTECOSTES – ANO C

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(At 2, 1-11)
Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 103 (104)
Refrão: Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra.
 
Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.
 
Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso Espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.
 
Glória a deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto
e eu terei alegria no Senhor.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 8, 8-17)
Irmãos: Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é verdade que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se Cristo está em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito permanece vivo por causa da justiça. E se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Assim, irmãos, já não somos devedores à carne, para vivermos segundo a carne. Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas se pelo espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis. Porque todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o Espírito de adopção filial, pelo qual exclamamos: «Abá, Pai». O próprio Espírito Santo dá testemunho, em união com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus. Se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo; Se sofrermos com Ele, também com Ele seremos glorificados.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 14, 15-16.23a-26)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco. Quem Me ama guardará a minha palavra, e meu Pai o amará; Nós viremos a Ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai, que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».
 
 
BOA NOTÍCIA
União na diversidade
Entre o evento de Pentecostes (ocorrido cinquenta dias após a Páscoa) e a história da torre de Babel (contada no livro de Génesis) há uma estreita relação. O episódio de Babel descreve como Deus criou as várias línguas e dispersou os homens pelos continentes da Terra. É a maneira escolhida pela Bíblia para explicar as dificuldades que os povos têm em entender-se, devido às diferentes línguas e tradições. À luz da revelação de Cristo, este episódio propõe-nos uma bonita catequese sobre a diversidade: se Deus interveio (criando as várias línguas) foi para ajudar a Humanidade a superar a tentação da uniformidade. Como se Ele nos dissesse: «Meus filhos, procurais a estrada da união e isso é bom. Mas não vos enganeis: a união não está na uniformidade. A verdadeira união de Amor pede e respeita a diversidade».
 
O evento de Pentecostes (que celebraremos amanhã) completa esta catequese. A primeira leitura da Missa, escolhida do livro dos Actos dos Apóstolos, descreve desta forma o anúncio da Boa Nova após a chegada do Espírito Santo: «a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia [os discípulos] falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: “Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?”».
 
Na torre de Babel a humanidade descobriu a sua própria variedade; no dia de Pentecostes ela aprendeu o caminho da comunhão na diversidade. E dali em diante, os povos «de todas as nações que há debaixo do céu» ouviram proclamar nas várias línguas do mundo, «as maravilhas do Senhor».
 
A Igreja Católica é uma comunidade multicultural e plurilingue! Graças ao fenómeno migratório, cada vez mais paróquias se deparam com a realidade concreta de uma assembleia heterogénea: onde antigamente preponderava uma única cultura, língua e sensibilidade religiosa, agora vemos uma variedade colorida de tradições e costumes, emblema do anunciado renovamento da face da terra.
 
A solenidade de Pentecostes recorda-nos que a união de todos os povos em Cristo faz parte da missão do Espírito Santo. Recorda-nos que somos chamados a construir pontes; não a levantar muros! Recorda-nos que na Igreja ninguém é estrangeiro, pois todos somos filhos e filhas de Deus.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.06.07



 
 

sábado, 31 de maio de 2025

ASCENSÃO DO SENHOR – ANO C

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 1,1-11)
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da Qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João baptizou com água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?» Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 46 (47)
Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta, ergue-Se Deus, o Senhor.
 
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra.
 
Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai.
 
Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 1,17-23)
Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.
 
 
Conclusão do santo Evangelho segundo São Lucas
(Lc 24,46-53)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
 
 
BOA NOTÍCIA
Deus tem fé no Homem
A Festa da Ascensão (celebrada em França no dia 29 de Maio e em Portugal no dia 1 de Junho) assinala o fim de um capítulo: terminaram os anos da presença histórica de Jesus Cristo entre nós. Na semana seguinte, com a solenidade de Pentecostes, recordaremos a vinda do Espírito Santo e a entrada definitiva no tempo da Igreja. «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas até aos confins da terra» (At 1,8). Com estas palavras, Jesus confia aos apóstolos a missão de anunciar ao mundo tudo aquilo que Ele ensinou.
 
Não acham estranha esta decisão? Colocar uma missão tão importante nas mãos de pessoas que, durante a Páscoa, demonstraram ser frágeis e incoerentes?
 
Existe apenas uma explicação: Deus tem fé no Homem! Ele ama-nos e acredita que podemos mudar; que podemos ser a melhor versão possível de nós mesmos. Por incrível que pareça, Ele escolheu-nos (a ti e a mim, querido leitor!) para anunciarmos ao mundo a Palavra. Somos os melhores? Não. Os mais inteligentes e sábios? Não. Os mais bonitos e fascinantes? Não. Somos tal e qual como os apóstolos. Somos Pedro, Tiago, João... e às vezes, até Judas. Uma comunidade, não de gente perfeita, mas de gente perdoada. Uma Igreja em caminho, confortada pelo Espírito e à procura de respostas para as perguntas que a História lhe coloca.
 
Deus ama-nos e quer que alcancemos a maturidade; que sejamos cristãos adultos. Ama-nos e por isso teve que esconder a sua presença, limitar a sua influência, para que pudéssemos ser livres nas nossas escolhas. Ama-nos! E confia que conseguiremos construir o Reino, purificar a nossa fé e anunciar o Seu amor.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.31
 
NB - No que diz respeito às Festas de Guarda, o calendário litúrgico pode apresentar algumas diferenças consoante o país. Normalmente, o blog “Liturgia da Palavra” segue a agenda prevista pela Conferência Episcopal Portuguesa. Por este motivo, coloco à vossa disposição as leituras da Festa da Ascensão e não aquelas do 7º Domingo da Páscoa.



 
 

domingo, 25 de maio de 2025

6º DOMINGO DA PÁSCOA – ANO C

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 15,1-2.22-29)
Naqueles dias, alguns homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão, segundo a Lei de Moisés, não podereis salvar-vos». Isto provocou muita agitação e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém para tratarem dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos e mandá-los a Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás, e Silas, homens de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta: «Os Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. Tendo sabido que, sem nossa autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar, perturbando as vossas almas com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo, escolher delegados para vo-los enviarmos juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que expuseram a sua vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões. O Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além destas que são indispensáveis: abster-se da carne imolada aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando tudo isso. Adeus».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)
Refrão: Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra.
 
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.
 
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.
 
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu louvor aos confins da terra.
 
 
Leitura do livro do Apocalipse
(Ap 21,10-14.22-23)
Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino. Tinha uma grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze Anjos; tinha também nomes gravados, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas a nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas a poente.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 14,23-29)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».
 
 
BOA NOTÍCIA
«Dou-vos a minha paz»
No Evangelho deste domingo, o 6º do tempo da Páscoa, escutamos mais um trecho do discurso de despedida que Jesus pronunciou aos seus apóstolos durante a última ceia. A semana passada vimos como Ele revolucionou o mandamento do amor; esta semana somos convidados a reelaborar o nosso conceito de "paz".
 
«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo».
 
"Paz", na língua de Jesus diz-se "shalom", um termo hebraico muito comum entre os judeus como saudação. Aliás, é precisamente com a expressão "shalom aleikhem" que Jesus saúda os seus discípulos, quando os encontra pela primeira vez depois da ressurreição e diz: «a Paz esteja convosco» (Jo 20, 19).
 
Porém, o conceito cristão de "paz" é muito mais do que a mera ausência de guerra ou conflito. Não podemos não condenar a violência, a agressividade e o desejo de vingança, mas a paz de que nos fala hoje Jesus Cristo é algo de mais enérgico, dinâmico e bonito: é o viver sereno, sem medo, que provém (apenas) da confiança no Senhor.
 
«Shalom aleikhem!»: é o primeiro dom que o Ressuscitado dá ao mundo, quando aparece diante dos discípulos temerosos. «Não se perturbe nem se intimide o vosso coração». Um coração pacificado é um coração que confia, que crê, que sabe que é amado, que não se assusta diante das dificuldades e que não recua na presença de um desafio. É a serena coragem que alimentou o ardor missionário dos primeiros cristãos e que ainda hoje se sente na Igreja cada vez que anunciamos Jesus num lugar hostil à nossa fé. «A Paz esteja convosco!» Para que possais anunciar o Amor! Doar as vossas vidas! Testemunhar o Ressuscitado!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.25



 
 

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