sábado, 29 de novembro de 2025

1º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO – ANO A

Leitura do Livro de Isaías
(Is 2,1-5)
Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém: Sucederá, nos dias que hão-de vir, que o monte do templo do Senhor se há-de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. Ali afluirão todas as nações e muitos povos ocorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há-de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão-de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
 
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
 
Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
 
Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».
 
Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 13,11-14)
Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal, para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 24,37-44)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem.
 
 
BOA NOTÍCIA
O Senhor virá
No próximo domingo, dia 30 de Novembro, iniciaremos o primeiro ano do ciclo litúrgico trienal, o chamado “ano A”. O primeiro domingo do ano marca também o início do Advento (do latim Adventus, que significa “chegada”), o tempo litúrgico que antecede o Natal. Porém, inesperadamente, o primeiro evangelho, do primeiro domingo, do primeiro ano, fala-nos... do último dia, o dia do Senhor: «Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor».
 
Jesus convida-nos a vigiar! Mas vigiar o quê? Vigiar quem? Numa sociedade onde abundam as sentinelas tecnológicas perfeitamente camufladas, perdemos o hábito de vigiar e tornámo-nos distraídos e alheados. Olhamos, mas não vemos. Ouvimos, mas não escutamos. E desperdiçamos imensas oportunidades de crescer na fé, de testemunhar o Evangelho, de construir mais um pedaço do Reino. Basta pensar no ano que está a terminar: quantas vezes fomos capazes de colher a presença do Senhor nas nossas vidas, no nosso quotidiano? Nos doze meses que passaram, quantas vezes fomos capazes de O reconhecer nas pessoas que encontrámos e nas experiências que fizemos? «Estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem».
 
Vigiai, vigiai! Pois cada minuto é importante. Cada momento da nossa vida (se não estamos distraídos) é uma nova oportunidade para acolher (ou rejeitar) o Senhor que vem, para escutar (ou ignorar) a Sua voz, para construir (ou demolir) o Reino.
 
Bom caminho, bom ano e não se distraiam demasiado!
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.11.29



domingo, 23 de novembro de 2025

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO – ANO C

Leitura do Segundo Livro de Samuel
(2 Sam 5,1-3)
Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: “Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel”». Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.
 
Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.
 
Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor.
 
Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.
 
 
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 1,12-20)
Irmão: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Lc 23,35-43)
Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
 
 
BOA NOTÍCIA
Cristo Rei
Titulus Crucis (literalmente, “título da cruz”) é o nome tradicionalmente dado ao letreiro que, como escutaremos no Evangelho de hoje, foi colocado no topo da cruz de Jesus. De facto, o código penal romano previa que se expusessem as motivações de uma sentença: era uma forma de incutir temor na população e assim prevenir futuros delitos. O “crime” de Jesus seria portanto alta traição: a inscrição «Este é o Rei dos judeus» sugere que conspirava contra a autoridade do imperador romano.
 
Face à situação em que Jesus Se encontra, o Titulus Crucis é obviamente carregado de grande ironia e uma ulterior humilhação às aspirações de independência e soberania do povo judeu: o “rei dos judeus” não está sentado num trono, mas pregado numa cruz, nu, indefeso e condenado a uma morte infame. Contudo, o Titulus Crucis é fiel, na perspectiva de Deus, à realidade do jovem carpinteiro condenado à morte: Ele é o Rei que preside, não do alto da sua omnipotência, assustando os seus súbditos com gestos espectaculares, mas que reina com a força desarmada do amor, da entrega, do dom da vida.
 
O Titulus Crucis é um convite a repensar a nossa existência... Diante deste Rei despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste Rei que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as rivalidades e invejas que nos magoam e separam dos irmãos? Diante deste Rei que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.11.23



 
 

sábado, 15 de novembro de 2025

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

Leitura da Profecia de Malaquias
(Mal 4,1-2)
Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação.
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 97 (98)
Refrão : O Senhor virá governar com justiça.
 
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.
 
Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,
a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios
e as montanhas exultem de alegria.
 
Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra;
julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade.
 
 
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
(2Tes 3, 7-12)
Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós desordenadamente, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 21,5-19)
Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-lhe: «Mestre, quando sucederá isso? Que sinal haverá de que está para acontecer?» Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: “sou eu”; e ainda: “O tempo está próximo”. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há-de erguer-se povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas.
 
 
BOA NOTÍCIA
Nem um cabelo se perderá
O Evangelho do próximo domingo, dia 16, faz parte dos famosos discursos sobre o “fim do tempos” que encontramos normalmente nas últimas celebrações do ano litúrgico (de facto, está à porta o novo ciclo de leituras - ano A -, que começará no dia 30 de Novembro, com o primeiro domingo do tempo do Advento). 

Já aqui vos falei do género literário apocalíptico e de como estes textos, apesar das imagens espectaculares e aterradoras que utilizam, normalmente procuram veicular uma mensagem de esperança. O Evangelho do próximo domingo insere-se plenamente nesse filão: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias (…) deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, (…) por causa do meu nome». Esta página do Novo Testamento é um convite a não perder nunca a coragem e a esperança, mesmo nos momentos mais difíceis da nossa vida, porque «nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá».
 
Porém, apesar do género literário utilizado, o discurso de Jesus não pode ser considerado puramente metafórico ou simbólico. As perseguições foram (e são...) uma realidade terrível. Para muitos de nós, as palavras de Jesus provavelmente soam distantes da nossa realidade, mas não nos esqueçamos que, infelizmente, neste preciso momento, vários nossos irmãos e irmãs vivem a assustadora realidade que Ele descreve. Sofrem entre «guerras e revoltas», «fomes e epidemias» e são «perseguidos e entregues às prisões». Rezemos por todos eles. Para que a paz volte às suas terras e para que, fiéis à própria fé, consigam testemunhar o amor e perdoar aqueles que os perseguem.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.11.15



 
 

domingo, 9 de novembro de 2025

FESTA DA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE SÃO JOÃO DE LATRÃO - 9 de Novembro

Leitura da Profecia de Ezequiel
(Ez 47,1-2.8-9.12)
Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Depois do limiar da porta saía água em direcção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar. O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora, até à porta exterior que está voltada para o Oriente. As águas corriam do lado direito. O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce para Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo alento e o peixe será mais abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente. À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto; a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».
 
 
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 45 (46)
Refrão: Os braços dum rio alegram a cidade de Deus, a morada santa do Altíssimo.
 
Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar.
 
Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora.
 
O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na terra.
 
 
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 3,9c-11.16-17)
Irmãos: Vós sois edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, eu, como sábio arquitecto, coloquei o alicerce e outro levanta o edifício. Veja cada um como constrói: ninguém pode colocar outro alicerce além do que está posto, que é Jesus Cristo. Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo.
 
 
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 2,13-22)
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.
 
 
Roma em festa!
A festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão — catedral do Papa e “mãe” de todas as igrejas — é uma ocasião para meditar dois temas: o sentido cristão do templo e o papel de Roma na Igreja Católica.
 
Para nós cristãos, Jesus é o novo Templo onde se adora o Pai “em espírito e verdade” (Jo 4,24). Graças ao mistério da Incarnação, caiu a separação entre sagrado e profano: qualquer lugar pode tornar-se lugar de encontro com Deus. Porém, se Deus pode ser adorado em todo o lado, para que servem as igrejas, o Domingo e a Missa?
 
A resposta é simples: Jesus não veio ao mundo para nos salvar separados, um a um, mas sim, para formar um povo, uma comunidade, uma família. As igrejas (com letra minúscula) são importantes principalmente porque são os locais onde se reúne a Igreja (com letra maiúscula) a assembleia (ecclesia) dos que acreditam em Cristo e onde se cumpre a promessa: «onde dois ou três estão reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
 
Sem a Igreja, cai-se numa fé prisioneira do subjetivismo e corre-se o risco de reduzir Deus a uma projecção dos nossos desejos e necessidades. Aliás: quem vos garante que eu próprio não esteja apenas a anunciar um “deus” criado à minha imagem e semelhança? Também neste caso a resposta não é complicada: é a comunhão com a Igreja de Roma que garante a interpretação católica do Evangelho de Cristo. Celebrando a festa da catedral romana, recordamos a importância da união na Igreja. É a comunhão com Roma que assegura a fidelidade entre a Palavra revelada por Cristo e as palavras com que hoje anunciamos o Evangelho.
 
Peçamos hoje a graça de amar a Igreja como casa onde Deus nos reúne e envia. Se Cristo é o novo Templo, a Eucaristia dominical é o coração que nos mantém vivos: dela nascem a comunhão, o perdão e a missão. Renovemos, pois, a nossa adesão à Igreja, não por hábito, mas por fé; não por tradição, mas por amor.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.11.09



 

domingo, 2 de novembro de 2025

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS - 2 de Novembro

No próximo domingo, dia 2 de Novembro, celebraremos a liturgia da Comemoração dos Fiéis Defuntos. As leituras deverão ser escolhidas entre as várias do Leccionário das Missas de defuntos (cf. Leccionário VIII, p. 1069-1131) todavia, na página oficial do Secretariado Nacional de Liturgia encontramos já três sugestões:
 
 
Como já é habitual, proponho-vos também um pequeno comentário que espero vos ajudará a viver na fé e na esperança este próximo dia de finados.
 
BOA NOTÍCIA
Chorar, sim. Desesperar, não.
No dia 2 de Novembro, a Igreja faz memória de todos os fiéis defuntos. Não é um “dia de tristeza”, mas um “dia pascal”, sobretudo neste ano em que calha de Domingo. Esta comemoração, colocada logo a seguir à Solenidade de Todos os Santos, recorda-nos que a santidade e a esperança caminham juntas: a comunhão dos santos abraça vivos e mortos e ilumina os nossos lutos com a luz da ressurreição. Mandamos celebrar missas pelos defuntos, porque a comunhão dos santos é mais forte do que o túmulo e a Eucaristia é o lugar onde o céu toca a terra.
 
É na Eucaristia que aprendemos que a vida eterna começa já: «quem come a minha carne e bebe o meu sangue TEM a vida eterna» (Jo 6,54). O presente do indicativo na afirmação de Jesus sublinha que a promessa se cumpre hoje.
 
Hoje, a liturgia pede-nos um olhar pascal sobre a morte: chorar, sim; desesperar, não. A fé cristã não nega a dor, mas recusa o desespero. Em Cristo, a morte foi vencida e não terá a última palavra, pois essa será sempre de Deus Pai que «enxugará todas as lágrimas e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor» (Ap 21,4). Esta promessa não é anestesia: é esperança e missão!
 
Quem sabe “para onde vai” (quem acredita nas promessas de Cristo) vive com prioridades novas. Porque quem crê sabe que a eternidade não é um prémio que se recebe no final: a eternidade é uma semente, plantada hoje e chamada a crescer em gestos de fé, de caridade e de justiça.
 
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.11.02 



 

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