sábado, 31 de janeiro de 2009

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro do Deuteronómio(Deut 18,15-20)
Moisés falou ao povo, dizendo: «O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’».

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou;
pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras»


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios(1 Cor 7,32-35)
Irmãos: Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido. Digo isto no vosso próprio interessa e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos(Mc 1,21-28)
Jesus chegou a Cafarnaum e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!» E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.


VERBA VOLANT*
O Evangelho deste Domingo apresenta-nos uma das profissões de fé mais claras e directas que podemos encontrar nas páginas da Bíblia. «Sei quem Tu és: o Santo de Deus». E quem o diz? Surpresa das surpresas, um homem que S. Marcos descreve como um endemoninhado, uma pessoa possuída por «um espírito impuro».

É conhecido que no tempo de Jesus, todas as doenças (físicas e mentais) eram consideradas de origem “demoníaca”. Isto não significa que não hajam alguns casos (muito raros e muito delicados) que desafiam a ciência médica moderna e que podem levar a Igreja a considerar a presença real de uma influência demoníaca. Mas não nos é possível determinar a natureza do mal que afligia aquele homem e nem devemos deixar que esta questão nos desvie da catequese que o evangelista Marcos nos quer comunicar.

É sem dúvida surpreendente que da boca de um endemoninhado possa sair uma profissão de fé tão profunda. Com este episódio, Marcos diz-nos que mesmo uma pessoa prisioneira de um mal, pode reconhecer em Jesus o Messias. Pode até anunciar a outros a própria descoberta! Mas não basta crer com palavras. Até os demónios dizem que acreditam na divindade de Jesus de Nazaré! Mas não basta falar: é preciso mudar de vida.

E essa mudança não pode ser superficial. Não pode ser apenas um «começar a ir à igreja mais vezes...». O Evangelho diz-nos que foi precisamente na sinagoga que Jesus encontrou aquele homem. Provavelmente até teria participado na oração da comunidade. Talvez nem suspeitasse que era prisioneiro de um demónio. Só a presença de Jesus foi capaz de revelar o engano e restituir a liberdade perdida àquele homem.

A verdadeira fé é uma força que transforma o nosso coração e liberta-nos dos males que nos aprisionam. Não se reconhece nas palavras bonitas ou nas declarações pomposas mas sim, numa mudança profunda de vida. A verdadeira fé salva-nos da prisão dos nossos egoísmos, ódios, invejas, medos e torna-nos homens e mulheres livres!


(Tenham uma boa semana!)

* da expressão latina Verba volant, scripta manent, que significa: as palavras voam, os escritos permanecem.


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