sábado, 21 de fevereiro de 2009

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro de Isaías
(Is 43,18-19.21-22.24b-25)
Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Eu vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não o vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida. O povo que formei para Mim proclamará os meus louvores. Mas tu não Me chamaste, Jacob, não te preocupaste Comigo, Israel. Pelo contrário, obrigaste-Me a suportar os teus pecados, cansaste-Me com as tuas iniquidades. Sou Eu, sou Eu que, em atenção a Mim, tenho de apagar as tuas transgressões e não mais recordar as tuas faltas».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 40 (41)
Refrão: Salvai-me, Senhor, porque pequei contra Vós.

Feliz daquele que pensa no pobre:
no dia da desgraça o Senhor o salvará.
O Senhor lhe concederá protecção e vida, fá-lo-á ditoso na terra
e não o abandonará ao ódio dos seus inimigos.

No leito do sofrimento o Senhor o assistirá
e na doença o aliviará.
Eu digo: Senhor, tende piedade de mim,
curai-me, pois pequei contra Vós.

Vós me conservareis são e salvo
e em vossa presença me estabelecereis para sempre.
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
desde agora e para sempre. Amen.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
2 Cor 1,18-22
Irmãos: Deus é testemunha fiel de que a nossa linguagem convosco não é sim e não. Porque o Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós pregamos entre vós – eu, Silvano e Timóteo – não foi sim e não, mas foi sempre um sim. Todas as promessas de Deus são um sim em seu Filho. É por Ele que nós dizemos ‘Amen’ a Deus para sua glória. Quem nos confirma em Cristo – a nós e a vós – é Deus. Foi Ele que nos concedeu a unção, nos marcou com o seu sinal e imprimiu em nossos corações o penhor do Espírito.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 2,1-12)
Quando Jesus entrou de novo em Cafarnaum e se soube que Ele estava em casa, juntaram-se tantas pessoas que já não cabiam sequer em frente da porta; e Jesus começou a pregar-lhes a palavra. Trouxeram-Lhe um paralítico, transportado por quatro homens; e, como não podiam levá-lo até junto d’Ele, devido à multidão, descobriram o tecto por cima do lugar onde Ele Se encontrava e, feita assim uma abertura, desceram a enxerga em que jazia o paralítico. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, os teus pecados estão perdoados». Estavam ali sentados alguns escribas, que assim discorriam em seus corações: «Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» Jesus, percebendo o que eles estavam a pensar, perguntou-lhes: «Porque pensais assim nos vossos corações? Que é mais fácil? Dizer ao paralítico ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou dizer ‘Levanta-te, toma a tua enxerga e anda’? Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, ‘Eu to ordeno – disse Ele ao paralítico – levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa’». O homem levantou-se, tomou a enxerga e saiu diante de toda a gente, de modo que todos ficaram maravilhados e glorificavam a Deus, dizendo: «Nunca vimos coisa assim».



CONFESSAR O QUÊ?
Cada vez menos pessoas celebram o sacramento da reconciliação. Por vezes esta tendência é associada ao individualismo difuso nas nossas sociedades que, a nível religioso, se declinou numa confissão-absolvição directa e pessoal com Deus, sem a necessidade dos “interlocutores incómodos” que são os sacerdotes. Parece-me no entanto que a causa do declínio deste sacramento também possa ser outra. Basta que nos perguntemos: no mundo moderno ainda há alguém que peque?

Hoje em dia, aparentemente, já quase ninguém peca. Que bom! Ou não? Para que uma pessoa se considere um pecador é preciso, no mínimo, que tenha violado ou assassinado alguém. E mesmo nesses casos, é preciso ver se não há atenuantes. Provavelmente tudo isto é uma reacção a uma antiga forma de pregação que privilegiava exageradamente o tema do pecado e da culpa. O que é certo, é que passámos do «quase tudo é pecado» a uma nova mentalidade onde «quase nada é pecado».

Tudo se desculpa com: o meu temperamento... o meu “ser assim”... os outros que me provocam... alguns maus hábitos... algumas “inocentes” transgressões... e todas aquelas coisas que me perdoo instantaneamente com as fórmulas mágicas do «todos fazem isto» ou então, «mas o que é que isso tem de mal?». O pecado hoje em dia só existe nos outros, porque pessoalmente perdoamo-nos, justificamo-nos e absolvemo-nos tão depressa que até Nosso Senhor Jesus Cristo já começa a invejar o nosso “coração misericordioso”...

Que pena que toda esta misericórdia e compreensão só “funcionem” quando os culpados somos nós!

Não podemos viver uma vida inteira a comparar-nos com os piores, ou a desculpar-nos com frases infantis. A realidade do pecado não é a transgressão de regras impostas por um Deus severo que limita a nossa liberdade. O pecado é tudo aquilo que na minha vida me impede de ser a obra-prima que posso ser, que Deus quer que eu seja. O pecado é mau, porque é mau para mim, porque me limita, deforma-me, paralisa-me, impede-me de ser tudo aquilo de bom que posso ser, que posso construir com a minha vida.

Temos de desejar a salvação, de procurá-la. Acreditar que podemos ser mais. Confessar que queremos ser mais. Então também nós escutaremos a voz de Cristo que nos diz: «levanta-te, toma a tua enxerga e começa a caminhar».

Bom caminho!



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