quarta-feira, 23 de março de 2016

DOMINGO DE PÁSCOA (ano C)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,34.37-43)
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 3,1-4)
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,1-9)
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.


BOA NOTÍCIA
A manhã da Ressurreição
Uma das pinturas mais bonitas expostas no museu de Orsay é a famosa obra-prima do pintor suíço Eugène Burnand, intitulada «Les disciples Pierre et Jean courant au Sépulcre le matin de la Résurrection». É um quadro que nos ajuda a “entrar” no episódio descrito no Evangelho do próximo domingo: é a manhã de Páscoa e Pedro e João correm ao sepulcro!

João, o único dos apóstolos que testemunhou a humilhação e a morte de Jesus, corre apressadamente… e o artista imagina-o com as mãos juntas, em jeito de oração, e a fronte franzida que indica preocupação, desassossego… mas também, meditação e esperança.

Já Pedro é retratado com os olhos arregalados, esbugalhados… quase perdidos no horizonte. E as suas mãos deixam adivinhar a missão futura da Igreja: a mão direita no peito recorda o gesto humilde com que todos nós nos reconhecemos pecadores no início da santa Missa; na outra mão vemos um dedo indicador em riste, como que a apontar a estrada que os discípulos percorreram até à certeza da Ressurreição.

A raiz do Cristianismo não é uma experiência de auto-sugestão ou a elaboração de um mito consolador! A filosofia grega concebia uma imortalidade imaterial em que a alma se libertava dos limites do corpo, mas Pedro e João eram hebreus: para os hebreus uma “ressurreição espiritual” não teria sentido.

Um facto real permitiu aos discípulos superar o trauma e o horror do Calvário; um facto real marcou o início da Igreja e da aventura de evangelização que transformou a face da terra. A Ressurreição é algo que os apóstolos experimentaram (“tocaram”… tal como São Tomé) e tudo começou nesta manhã, nesta correria que os levou ao sepulcro vazio e ao sudário enrolado.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.03.23




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