quarta-feira, 19 de outubro de 2016

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano C)

Leitura do Livro de Ben-Sirá
(Sir 35,15b-17.20-22a)
O Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas. Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. Não despreza a súplica do órfão nem os gemidos da viúva. Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino. Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: O pobre clamou e o Senhor ouviu a sua voz.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

A face do Senhor volta-se contra os que fazem o mal,
para apagar da terra a sua memória.
Os justos clamaram e o Senhor os ouviu,
livrou-os de todas as angústias.

O Senhor está perto dos que têm o coração atribulado
e salva os de ânimo abatido.
O Senhor defende a vida dos seus servos,
não serão castigados os que n’Ele confiam.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
(2 Tim 4,6-8.16-18)
Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há-de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda. Na minha primeira defesa, ninguém esteve a meu lado: todos me abandonaram. Queira Deus que esta falta não lhes seja imputada. O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 18,9-14)
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; Mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».


BOA NOTÍCIA
Santos e pecadores
A famosa parábola do fariseu e do publicano, que escutaremos no próximo domingo dia 23, normalmente é interpretada desta forma: enquanto que no fariseu (devoto escrupuloso) vemos todos aqueles que se acreditam irrepreensíveis e superiores, no publicano (pecador público) vemos a pessoa que reconhece os próprios erros e pede perdão a Deus. Jesus louva a atitude de arrependimento e ensina-nos que «todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

Mas para os cristãos do nosso tempo esta interpretação não estará já “fora do prazo”? A nossa sociedade é tão diferente da de Jesus… Ele contava as suas parábolas a um mundo profundamente religioso, onde a hipocrisia consistia em ostentar uma imagem de “beatitude” e ortodoxia. Hoje em dia o que se admira é precisamente o contrário: o aplauso vai para quem contesta as normas religiosas e o adjectivo “transgressor” tornou-se um dos elogios mais desejados.

Provavelmente somos obrigados a alterar os termos da parábola, se queremos preservar o seu significado original. Os publicanos de ontem são os novos fariseus de hoje, que dizem «Ainda bem que não sou como aqueles crentes hipócritas, que passam a vida a rezar, mas no fundo são piores do que os outros!».

Inevitavelmente, ninguém é totalmente fariseu ou totalmente publicano. Já que temos de conciliar estas duas dimensões, pelo menos que seja desta forma: como o fariseu, esforcemo-nos por não roubar, respeitar as leis e pagar os impostos. Como o publicano, reconheçamos, quando estamos diante de Deus, que o que fizemos é sempre pouco e que necessitamos da Sua misericórdia.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.10.19


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