Todas as semanas podem encontrar neste blog as leituras da missa dominical e também um breve comentário preparado pelo padre Carlos Caetano, vigário geral da congregação dos missionários scalabrinianos.
Leitura do Primeiro Livro de
Samuel (1 Sam 26,
2.7-9.12-13.22-23) Naqueles dias, Saul, rei de Israel, pôs-se a
caminho e desceu ao deserto de Zif com três mil homens escolhidos de Israel,
para irem em busca de David no deserto. David e Abisaí penetraram de noite no
meio das tropas: Saul estava deitado a dormir no acampamento, com a lança
cravada na terra à sua cabeceira; Abner e a sua gente dormia à volta dele. Então
Abisaí disse a David: «Deus entregou-te hoje nas mãos o teu inimigo. Deixa que
de um só golpe eu o crave na terra com a sua lança e não terei de o atingir
segunda vez». Mas David respondeu a Abisaí: «Não o mates. Quem poderia estender
a mão contra o ungido do Senhor e ficar impune?». David levou da cabeceira de
Saul a lança e o cantil e os dois foram-se embora. Ninguém viu, ninguém soube,
ninguém acordou. Todos dormiam, por causa do sono profundo que o Senhor tinha
feito cair sobre eles. David passou ao lado oposto e ficou ao longe, no cimo do
monte, de sorte que uma grande distância os separava. Então David exclamou:
«Aqui está a lança do rei. Um dos servos venha buscá-la. O Senhor retribuirá a
cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele entregou-te hoje nas minhas
mãos e eu não quis atentar contra o ungido do Senhor». Salmo 102 (103),
1-2.3-4.8.10.12-13 Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão. Bendiz, ó minha alma, o Senhor e todo o meu ser bendiga o seu nome santo. Bendiz, ó minha alma, o Senhor e não esqueças nenhum dos seus benefícios. Refrão Ele perdoa todos os teus pecados e cura as tuas enfermidades; salva da morte a tua vida e coroa-te de graça e misericórdia. Refrão O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade; não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas. Refrão Como o Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados; como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem. Refrão Leitura da Primeira Epístola
do apóstolo São Paulo aos Coríntios (1 Cor 15, 45-49) Irmãos: O primeiro homem, Adão, foi criado como um
ser vivo; o último Adão tornou-se um espírito que dá vida. O primeiro não foi o
espiritual, mas o natural; depois é que veio o espiritual. O primeiro homem,
tirado da terra, é terreno; o segundo homem veio do Céu. O homem que veio da
terra é o modelo dos homens terrenos; o homem que veio do Céu é o modelo dos
homens celestes. E assim como trouxemos em nós a imagem do homem terreno,
traremos também em nós a imagem do homem celeste. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 6, 27-38) Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos,
dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem
aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos
injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te
levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que
levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam,
fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento
mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que
vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E
se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar
em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo,
que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso
Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não
sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á:
deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A
medida que usardes com os outros será usada também convosco». BOA NOTÍCIA A regra de ouro No Evangelho do próximo domingo, dia 23,
encontramos uma espécie de código moral que deve caracterizar a vida dos
discípulos de Jesus. Tudo se resume com a chamada “regra de ouro” da caridade
cristã: «Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também».
Esta máxima moral pode ser expressa de forma positiva ou negativa. O Antigo
Testamento conhecia a formulação negativa «aquilo que não queres para ti, não o
faças aos outros» (Tb 4,15); Jesus propõe a forma positiva: «faz aos outros o
que gostarias que fizessem a ti mesmo», que é muito mais exigente, pois indica
que o amor não se limita a excluir o mal, mas que implica um compromisso sério
e objectivo para fazer o bem ao próximo. No entanto, esta página do Evangelho (rica, densa
e complexa…) suscita muitas interrogações. Por exemplo, quando encontramos as
afirmações: «Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis
condenados». Será que se está a defender a impunidade? E os juízes de
profissão? Estarão condenados, a priori, pelo Evangelho? Obviamente, a Palavra de Deus não é ingénua e
irrealista… Ela não nos obriga a eliminar os juízos da nossa vida, mas sim a
eliminar o “veneno” dos nossos juízos. O “veneno” é aquela parte de ódio, raiva
e vingança que regularmente se mescla à avaliação objectiva de um facto. São os
juízos cruéis e sem misericórdia que a Palavra de Deus quer banir; os juízos
que, junto com o pecado, condenam sem apelo o pecador. A afirmação de Jesus
«Não julgueis e não sereis julgados» é imediatamente seguida pelo comando «Não
condeneis e não sereis condenados». A segunda frase ajuda a explicar o sentido
da primeira. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2025.02.22
Leitura do Livro de Jeremias (Jer 17,5-8) Eis o que diz o Senhor: «Maldito quem confia no
homem e põe na carne toda a sua esperança, afastando o seu coração do Senhor.
Será como o cardo na estepe que nem percebe quando chega a felicidade: habitará
na aridez do deserto, terra salobre, onde ninguém habita. Bendito quem confia
no Senhor e põe no Senhor a sua esperança. É como a árvore plantada à beira da
água, que estende as suas raízes para a corrente: nada tem a temer quando vem o
calor e a sua folhagem mantém-se sempre verde; em ano de estiagem não se
inquieta e não deixa de produzir os seus frutos». SALMO RESPONSORIAL – Salmo 1, 1-2.3.4.6 Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no
Senhor. Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores mas antes se compraz na lei do Senhor, e nela medita dia e noite. É como árvore plantada à beira das águas: dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha. Tudo quanto fizer será bem sucedido. Bem diferente é a sorte dos ímpios: são como palha que o vento leva. O Senhor vela pelo caminho dos justos, mas o caminho dos pecadores leva à perdição. Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo
aos Coríntios (1 Cor 15,12.16-20) Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos
mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos?
Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que
morreram em Cristo pereceram também. Se é só para a vida presente que temos
posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São
Lucas (Lc 6,17.20-26) Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia
dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma
grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia.
Erguendo então os olhos para os discípulos, disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos
odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e prescreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os
profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas. BOA NOTÍCIA Felizes! Apesar das nossas diferenças, todos procuramos o
mesmo: ser felizes. No entanto, se perguntarmos às pessoas onde estão a
procurar a felicidade, as respostas serão, certamente, muito diferentes. Alguns
dirão que o segredo está numa vida familiar harmoniosa; outros falarão de saúde
e trabalho; vários indicarão a estrada da diversão e do lazer; muitos dirão que
a resposta está no dinheiro e na fama. No próximo domingo, dia 16, Jesus troca-nos as
voltas e ensina-nos que a felicidade será alcançada pelos pobres, os que têm
fome, os que choram, os que são odiados, rejeitados, insultados e infamados por
causa do Filho do homem (cf. Lc 6,20-23). Estas bem-aventuranças são o âmago (o centro) da
Boa Nova proclamada por Jesus. Revelam-nos um outro olhar e uma outra lógica. O
Filho de Deus olhou para a multidão, viu pobres, aflitos, doentes e toda uma
série de situações que não correspondiam à ideia mundana de felicidade. Jesus
ensinou-nos que estas experiências não são sem esperança. Aliás: são caminhos
que podem conduzir à felicidade se, iluminados pela palavra de Deus, nos
disponibilizarmos a acolher e a construir o Seu Reino. Tal como dizia São
Paulo: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a
perseguição, a fome, a nudez, o perigo ou a espada? (...) nem a morte nem a
vida, nem os Anjos nem os Principados, nem o presente nem o futuro (...) poderá
separar-nos do amor de Deus, que se manifestou em Cristo Jesus, Nosso Senhor»
(cf. Rom 8,35-39). P. Carlos Caetano in LusoJornal 2025.02.15
Leitura do Livro de Isaías (Is 6,1-2a.3-8) No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o
Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o
templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e
clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo.
A sua glória enche toda a terra!» Com estes brados as portas oscilavam nos seus
gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou
perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de
lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos
serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do
altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus
lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz
do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me
aqui: podeis enviar-me». SALMO RESPONSORIAL – Salmo
137 (138) Refrão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei,
Senhor. De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças, porque ouvistes as palavras da minha boca. Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo. Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e
fidelidade, porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a
vossa promessa. Quando Vos invoquei, me respondestes, aumentastes a fortaleza da minha alma. Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor, quando ouvirem as palavras da vossa boca. Celebrarão os caminhos do Senhor, porque é grande a glória do Senhor. A vossa mão direita me salvará, o Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, a vossa bondade é eterna, não abandoneis a obra das vossas mãos. Leitura da Primeira Epístola
do apóstolo São Paulo aos Coríntios (1 Cor 15,1-11) Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei
e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o
conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão.
Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida
apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte
ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e
depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o
abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado
Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou
aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho
trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.
Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós
acreditastes. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 5,1-11) Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em
volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do
lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham
deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que
era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se
e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão:
«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre,
andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes,
lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de
peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que
estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os
barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro
lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um
homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus
companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a
João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão:
«Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os
barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus. BOA NOTÍCIA Confiança Depois de uma noite inteira de pesca infrutífera,
Pedro deveria estar no pior humor possível! Nas margens do lago, uma multidão
escuta as palavras de Jesus, mas este não é o melhor momento para falar a Pedro
do Reino de Deus, ou da promessa de vida eterna. Para que serve a vida eterna
quando não conseguimos colocar comida na mesa? Ele sabe que, depois de lavar as
redes, terá de voltar a casa de mãos vazias. Está preocupado com coisas
concretas (a crise... perder o barco... empobrecer...) e não tem tempo para
“misticismos” e “espiritualismos”. Jesus sobe para a sua barca e pede-lhe que se
afaste um pouco da margem, pois a multidão continua a empurrar e esta é a única
forma de poder catequizar tranquilamente. Pedro está cansado, provavelmente
quer ir dormir, mas faz a vontade ao seu amigo… Por fim, Jesus pede-lhe que se faça ao largo e
lance as redes para a pesca. Não sou um perito, mas até eu sei que é preferível
pescar de noite, pois durante o dia a sombra do barco afugenta os peixes. No entanto,
Pedro responde: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada.
Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão
grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Deus revela-Se no final de uma longa noite
infrutífera, na improbabilidade de uma pesca bem-sucedida e na fragilidade de
alguns pescadores cansados! A pesca “milagrosa” não depende da habilidade de
Pedro, mas somente da confiança nas palavras de Jesus. O Evangelho do próximo
domingo, dia 9, ensina-nos que Deus não necessita de super-homens, modelos de
passarela ou talentos geniais. O que Ele precisa é que tu e eu tenhamos fé na
Sua Palavra. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2025.02.08
Leitura da Profecia de
Malaquias (Mal 3, 1-4) Assim fala o Senhor: «Vou enviar o meu mensageiro,
para preparar o caminho diante de Mim. Imediatamente entrará no seu templo o
Senhor a quem buscais, o Anjo da Aliança por quem suspirais. Ele aí vem – diz o
Senhor do Universo –. Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda, quem
resistirá quando Ele aparecer? Ele é como o fogo do fundidor e como a lixívia
dos lavandeiros. Sentar-Se-á para fundir e purificar: purificará os filhos de
Levi, como se purifica o ouro e a prata, e eles serão para o Senhor os que
apresentam a oblação segundo a justiça. Então a oblação de Judá e de Jerusalém
será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora. SALMO RESPONSORIAL - Salmo
23 (24), 7.8.9.10 (R. 10b) Refrão: O Senhor do Universo é o Rei da glória. Levantai, ó portas, os vossos umbrais, alteai-vos, pórticos antigos, e entrará o Rei da glória. Quem é esse Rei da glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, os vossos umbrais, alteai-vos, pórticos antigos, e entrará o Rei da glória. Quem é esse Rei da glória? O Senhor dos Exércitos, é Ele o Rei da glória. Leitura da Epístola aos
Hebreus (Heb 2, 14-18) Uma vez que os filhos dos homens têm o mesmo
sangue e a mesma carne, também Jesus participou igualmente da mesma natureza,
para destruir, pela sua morte, aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o
diabo, e libertar aqueles que estavam a vida inteira sujeitos à servidão, pelo
temor da morte. Porque Ele não veio em auxílio dos Anjos, mas dos descendentes
de Abraão. Por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos, para
ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, e assim expiar
os pecados do povo. De facto, porque Ele próprio foi provado pelo sofrimento,
pode socorrer aqueles que sofrem provação. Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 2, 22-40) Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei
de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao
Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão
será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou
duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem
chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o
Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria
antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando
os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que
lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus,
exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados
com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este
Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para
ser sinal de contradição; - e uma espada trespassará a tua alma - assim se
revelarão os pensamentos de todos os corações». Havia também uma profetiza,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha
vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e
quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e
orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a
falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para
a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto,
enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele. BOA NOTÍCIA O Cântico de Simeão No próximo domingo, dia 2, celebraremos a Festa da
Apresentação do Senhor. Quarenta dias após o nascimento de Jesus, em obediência
à lei de Moisés, Maria levou o menino ao templo, para que fosse consagrado a
Deus. Aí encontrou um velhinho chamado Simeão, que ao ver a criança, não
conseguiu conter a própria alegria! Só Deus sabe o que terá pensado Maria quando
Simeão, cheio de entusiasmo, pegou Jesus nos seus braços e começou a cantar.
Será que se assustou? Eu imagino-a, com uma olhada discreta, a encorajar José
para que retire o bebé das mãos daquele excêntrico velhinho... Imagino-a
também, muitos anos mais tarde, quando a Igreja já move os primeiros passos, a
contar este episódio a um jovem médico - chamado Lucas - que coloca por escrito
a história de Jesus. Passaram muitos anos desde aquele encontro no templo, mas
a memória de Maria vê sempre mais claramente os eventos do passado. Recorda bem
o Cântico de Simeão e repete-o a Lucas, palavra por palavra, para que ele o
escreva no seu Evangelho: «Agora,
Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os
meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». Dois milénios passaram. As palavras de Simeão
foram traduzidas em todas as línguas. São proclamadas nas nossas igrejas e
repetidas antes de adormecer por cristãos em tudo o mundo. São poucas linhas,
mas a mensagem que contêm é clara: a vida e a morte não nos podem assustar. O
encontro com Deus vence todos os medos, todos os receios. Não temam! Jesus
Cristo é “Emanuel”, o “Deus-connosco”. P. Carlos Caetano in LusoJornal 2025.01.01