Leitura dos Actos dos
Apóstolos
(Actos 1,1-11)
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as
coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em
que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas
instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua
paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta
dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa,
mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do
Pai, «da Qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João baptizou com
água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias».
Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais
restaurar o reino de Israel?» Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os
tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis
a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas
em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito
isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de
olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens
vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar
para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do
mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo
46 (47)
Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta,
ergue-Se Deus, o Senhor.
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra.
Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai.
Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado.
Leitura da Epístola do
apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 1,17-23)
Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai
da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes
plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança
a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a
incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a
eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos
mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude
e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas
também no mundo que há-de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de
todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude
d’Aquele que preenche tudo em todos.
Conclusão do santo Evangelho
segundo São Lucas
(Lc 24,46-53)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao
terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão
dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas
disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso,
permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus
levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os.
Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles
prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande
alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
BOA NOTÍCIA
Deus tem fé no Homem
A Festa da Ascensão (celebrada em
França no dia 29 de Maio e em Portugal no dia 1 de Junho) assinala o fim de um
capítulo: terminaram os anos da presença histórica de Jesus Cristo entre nós.
Na semana seguinte, com a solenidade de Pentecostes, recordaremos a vinda do
Espírito Santo e a entrada definitiva no tempo da Igreja. «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis
minhas testemunhas até aos confins da terra» (At 1,8). Com estas palavras, Jesus confia aos apóstolos a missão
de anunciar ao mundo tudo aquilo que Ele ensinou.
Não acham estranha esta decisão?
Colocar uma missão tão importante nas mãos de pessoas que, durante a Páscoa, demonstraram
ser frágeis e incoerentes?
Existe apenas uma explicação: Deus
tem fé no Homem! Ele ama-nos e acredita que podemos mudar; que podemos ser a
melhor versão possível de nós mesmos. Por incrível que pareça, Ele escolheu-nos
(a ti e a mim, querido leitor!) para anunciarmos ao mundo a Palavra. Somos os
melhores? Não. Os mais inteligentes e sábios? Não. Os mais bonitos e
fascinantes? Não. Somos tal e qual como os apóstolos. Somos Pedro, Tiago,
João... e às vezes, até Judas. Uma comunidade, não de gente perfeita, mas de
gente perdoada. Uma Igreja em caminho, confortada pelo Espírito e à procura de
respostas para as perguntas que a História lhe coloca.
Deus ama-nos e quer que
alcancemos a maturidade; que sejamos cristãos adultos. Ama-nos e por isso teve
que esconder a sua presença, limitar a sua influência, para que pudéssemos ser
livres nas nossas escolhas. Ama-nos! E confia que conseguiremos construir o
Reino, purificar a nossa fé e anunciar o Seu amor.
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.31
NB - No que diz respeito às
Festas de Guarda, o calendário litúrgico pode apresentar algumas diferenças
consoante o país. Normalmente, o blog “Liturgia da Palavra” segue a agenda
prevista pela Conferência Episcopal Portuguesa. Por este motivo, coloco à vossa
disposição as leituras da Festa da Ascensão e não aquelas do 7º Domingo da Páscoa.
Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 15,1-2.22-29)
Naqueles dias, alguns homens que desceram da
Judeia ensinavam aos irmãos de Antioquia: «Se não receberdes a circuncisão,
segundo a Lei de Moisés, não podereis salvar-vos». Isto provocou muita agitação
e uma discussão intensa que Paulo e Barnabé tiveram com eles. Então decidiram
que Paulo e Barnabé e mais alguns discípulos subissem a Jerusalém para tratarem
dessa questão com os Apóstolos e os anciãos. Os Apóstolos e os anciãos, de
acordo com toda a Igreja, decidiram escolher alguns irmãos e mandá-los a
Antioquia com Barnabé e Paulo. Eram Judas, a quem chamavam Barsabás, e Silas,
homens de autoridade entre os irmãos. Mandaram por eles esta carta: «Os
Apóstolos e os anciãos, irmãos vossos, saúdam os irmãos de origem pagã
residentes em Antioquia, na Síria e na Cilícia. Tendo sabido que, sem nossa
autorização, alguns dos nossos vos foram inquietar, perturbando as vossas almas
com as suas palavras, resolvemos, de comum acordo, escolher delegados para
vo-los enviarmos juntamente com os nossos queridos Barnabé e Paulo, homens que
expuseram a sua vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso vos
mandamos Judas e Silas, que vos transmitirão de viva voz as nossas decisões. O
Espírito Santo e nós decidimos não vos impor mais nenhuma obrigação, além
destas que são indispensáveis: abster-se da carne imolada aos ídolos, do
sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais. Procedereis bem, evitando
tudo isso. Adeus».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 66 (67)
Refrão: Louvado sejais, Senhor, pelos povos de
toda a terra.
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu louvor aos confins da terra.
Leitura do livro do Apocalipse
(Ap 21,10-14.22-23)
Um Anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma
alta montanha e mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da
presença de Deus, resplandecente da glória de Deus. O seu esplendor era como o
de uma pedra preciosíssima, como uma pedra de jaspe cristalino. Tinha uma
grande e alta muralha, com doze portas e, junto delas, doze Anjos; tinha também
nomes gravados, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: três portas a
nascente, três portas ao norte, três portas ao sul e três portas a poente.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São
João
(Jo 14,23-29)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e
faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a
palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas
coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu
vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o
mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos
disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes
por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes
de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».
BOA NOTÍCIA
«Dou-vos a minha paz»
No Evangelho deste domingo, o 6º do tempo da
Páscoa, escutamos mais um trecho do discurso de despedida que Jesus pronunciou
aos seus apóstolos durante a última ceia. A semana passada vimos como Ele
revolucionou o mandamento do amor; esta semana somos convidados a reelaborar o
nosso conceito de "paz".
«Deixo-vos a paz, dou-vos a
minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo».
"Paz", na língua de Jesus diz-se
"shalom", um termo hebraico muito comum entre os judeus como
saudação. Aliás, é precisamente com a expressão "shalom aleikhem" que
Jesus saúda os seus discípulos, quando os encontra pela primeira vez depois da
ressurreição e diz: «a Paz esteja convosco» (Jo 20, 19).
Porém, o conceito cristão de "paz" é
muito mais do que a mera ausência de guerra ou conflito. Não podemos não
condenar a violência, a agressividade e o desejo de vingança, mas a paz de que
nos fala hoje Jesus Cristo é algo de mais enérgico, dinâmico e bonito: é o
viver sereno, sem medo, que provém (apenas) da confiança no Senhor.
«Shalom aleikhem!»: é o primeiro dom que o
Ressuscitado dá ao mundo, quando aparece diante dos discípulos temerosos. «Não
se perturbe nem se intimide o vosso coração». Um coração pacificado é um
coração que confia, que crê, que sabe que é amado, que não se assusta diante
das dificuldades e que não recua na presença de um desafio. É a serena coragem
que alimentou o ardor missionário dos primeiros cristãos e que ainda hoje se
sente na Igreja cada vez que anunciamos Jesus num lugar hostil à nossa fé. «A
Paz esteja convosco!» Para que possais anunciar o Amor! Doar as vossas vidas!
Testemunhar o Ressuscitado!
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.25
Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 14,21b-27)
Naqueles dias, Paulo e Barnabé voltaram a Listra,
a Icónio e a Antioquia. Iam fortalecendo as almas dos discípulos e
exortavam-nos a permanecerem firmes na fé, «porque – diziam eles – temos de
sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus». Estabeleceram
anciãos em cada Igreja, depois de terem feito orações acompanhadas de jejum, e
encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham acreditado. Atravessaram então a
Pisídia e chegaram à Panfília; depois, anunciaram a palavra em Perga e desceram
até Atalia. De lá embarcaram para Antioquia, de onde tinham partido, confiados
na graça de Deus, para a obra que acabavam de realizar. À chegada, convocaram a
Igreja, contaram tudo o que Deus fizera com eles e como abrira aos gentios a
porta da fé.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo
144
Refrão: Louvarei para sempre o vosso nome, Senhor,
meu Deus e meu Rei.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos
e a sua misericórdia se estende a todas as
criaturas.
Graças Vos dêem, senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.
Para darem a conhecer aos homens o vosso poder,
a glória e o esplendor do vosso reino.
O vosso reino é um reino eterno,
o vosso domínio estende-se por todas as gerações.
Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 21,1-5ª)
Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra, porque
o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de
Deus, bela como noiva adornada para o seu esposo. Do trono ouvi uma voz forte
que dizia: «Eis a morada de Deus com os homens. Deus habitará com os homens:
eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele
enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; nunca mais haverá morte nem luto,
nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu». Disse então Aquele que
estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».
Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo segundo São João
(Jo 13,31-33a.34-35)
Quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos
seus discípulos: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo e
glorificá-l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou
convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos
amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se vos amardes uns aos outros».
BOA NOTÍCIA
Dou-vos um mandamento “novo”
No próximo domingo, o Evangelho propõe-nos a
última instrução que Jesus deu aos seus discípulos, antes da traição de Judas: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis
uns aos outros».
Curiosamente, no Levítico (o terceiro livro da
Bíblia, escrito entre o sexto e o quinto século antes do nascimento de Cristo)
encontramos este versículo: «Não te vingarás nem guardarás rancor aos filhos do
teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo». Afinal, o mandamento é
novo ou é antigo?
«Não penseis que vim anular a Lei ou os Profetas.
Não vim anulá-los, mas levá-los à perfeição» (Mt 5,17). Com estas palavras,
Jesus convida-nos a não abandonar a sabedoria do Antigo Testamento, mas a reler
tudo à luz da Sua vida e do Seu testemunho. Em Jesus Cristo, o mandamento do
amor é revolucionado totalmente, adquirindo uma dimensão e profundidade até
então inéditas.
O primeiro conceito a ser transformado é a noção
de “próximo”. Para os antigos judeus, o preceito do amor abrangia apenas os
filhos do povo hebraico. Jesus supera a noção tribal da lei e, com a parábola
do bom samaritano, reescreve a definição de “próximo”. Ele ensina-nos a ultrapassar
fronteiras raciais, linguísticas, culturais ou religiosas, e dilata a extensão
do mandamento do amor até alcançar todos os homens e mulheres, sem excepção.
Mas o que realmente transforma a antiga lei não é
tanto a universalidade do “novo” mandamento, quanto a profundidade, a
intensidade com que ele deve ser vivido. A medida do amor já não é o amor que
provamos por nós mesmos, mas sim, o amor que Jesus Cristo revelou com a sua
vida e morte. É o amor total, o amor que «tudo desculpa, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta» (1Cor 13,13).
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.17
Leitura dos
Actos dos Apóstolos
(Act
13,14.43-52)
Naqueles dias,
Paulo e Barnabé seguiram de Perga até Antioquia da Pisídia. A um sábado,
entraram na sinagoga e sentaram-se. Terminada a reunião da sinagoga, muitos
judeus e prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, que nas suas conversas
com eles os exortavam a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte,
reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra do Senhor. Ao verem a
multidão, os judeus encheram-se de inveja e responderam com blasfémias.
Corajosamente, Paulo e Barnabé declararam: «Era a vós que devia ser anunciada
primeiro a palavra de Deus. Uma vez, porém, que a rejeitais e não vos julgais
dignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos mandou o
Senhor: ‘Fiz de ti a luz das nações, para levares a salvação até aos confins da
terra’». Ao ouvirem estas palavras, os gentios encheram-se de alegria e
glorificavam a palavra do Senhor. Todos os que estavam destinados à vida eterna
abraçaram a fé e a palavra do Senhor divulgava-se por toda a região. Mas os
judeus, instigando algumas senhoras piedosas mais distintas e os homens
principais da cidade, desencadearam uma perseguição contra Paulo e Barnabé e
expulsaram-nos do seu território. Estes, sacudindo contra eles o pó dos seus
pés, seguiram para Icónio. Entretanto, os discípulos estavam cheios de alegria
e do Espírito Santo.
SALMO
RESPONSORIAL – Salmo 99 (100)
Refrão: Nós
somos o povo de Deus, somos as ovelhas do seu rebanho.
Aclamai o
Senhor, terra inteira,
servi o Senhor
com alegria,
vinde a Ele com
cânticos de júbilo.
Sabei que o
Senhor é Deus,
Ele nos fez, a
Ele pertencemos,
somos o seu
povo, as ovelhas do seu rebanho.
O Senhor é bom,
eterna é a sua
misericórdia,
a sua fidelidade
estende-se de geração em geração.
Leitura do
Livro do Apocalipse
(Ap 7,9.14b-17)
Eu, João, vi uma
multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com
túnicas brancas e de palmas na mão. Um dos Anciãos tomou a palavra para me
dizer: «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas
e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus,
servindo-O dia e noite no seu templo. Aquele que está sentado no trono
abrigá-los-á na sua tenda. Nunca mais terão fome nem sede, nem o sol ou o vento
ardente cairão sobre eles. O Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu
pastor e os conduzirá às fontes da água viva. E Deus enxugará todas as lágrimas
dos seus olhos».
Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 10,27-30)
Naquele tempo,
disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas
ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e
ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos
e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».
BOA NOTÍCIA
Conhecer a voz
O próximo
domingo (o 4º do tempo Pascal) é chamado “Domingo do Bom Pastor”, pois a
liturgia propõe-nos, todos os anos, um trecho diferente do 10º capítulo do
Evangelho de S. João, onde Jesus se apresenta com esse título: «Eu sou o Bom Pastor que dá a vida pelas
suas ovelhas».
Na nossa
cultura urbana, o “pastor” é quase uma figura de outras eras, que pouco evoca,
a não ser um mundo distante e quase fabulista, que pouco ou nada tem a ver com
o nosso quotidiano. Em contrapartida, conhecemos bem a figura do presidente, do
líder, do chefe: não raras vezes, é alguém que se impõe pela força, que
manipula as massas, que escraviza os que estão sob a sua autoridade, que se
aproveita dos fracos, que humilha os mais débeis… Ao propor-nos a figura
bíblica do “Bom Pastor”, o Evangelho convida-nos a reflectir sobre o serviço da
autoridade. É-nos proposta como modelo de líder (ou de “Pastor”) uma figura que
oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade das pessoas, que se dedica
totalmente, que ama gratuitamente.
Para os
cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de nos
conduzir das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da morte para a
vida. No entanto, devemos responder com honestidade: o nosso Pastor é, de
facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que são as
referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência? Qual
é a voz que condiciona as nossas opções? A voz do êxito e do triunfo a qualquer
custo? Do comodismo e da instalação? Será que seguimos apenas quem grita mais
alto e tenta inflamar as multidões?
Qual é a voz
que te conduz?
Bom domingo e
boa reflexão.
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.10
Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos
5,27b-32.40b-41)
Naqueles dias, o
sumo sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos formalmente de
ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e
quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os Apóstolos
responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos
pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro.
Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder a
Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes
factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe
obedecem». Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos, intimando-os a não
falarem no nome de Jesus, e depois soltaram-nos. Os Apóstolos saíram da
presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem ultrajados por
causa do nome de Jesus.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 29 (30)
Refrão: Eu vos
louvarei, Senhor, porque me salvastes.
Eu Vos
glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes
que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha
alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me
para não descer à cova.
Cantai salmos ao
Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao
seu nome santo.
A sua ira dura
apenas um momento
e a sua
benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite
vêm as lágrimas
e ao amanhecer
volta a alegria.
Ouvi, Senhor, e
tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós
o meu auxílio.
Vós convertestes
em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus,
eu Vos louvarei eternamente.
Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 5,11-14)
Eu, João, na
visão que tive, ouvi a voz de muitos Anjos, que estavam em volta do trono, dos
Seres Vivos e dos Anciãos. Eram miríades de miríades e milhares de milhares,
que diziam em voz alta: «Digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder
e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor». E ouvi todas
as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e o universo
inteiro, exclamarem: «Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e
a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos». Os quatro Seres Vivos
diziam: «Ámen!»; e os Anciãos prostraram-se em adoração.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 21,1-19)
Naquele tempo,
Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades.
Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo,
Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois
discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe:
«Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite
não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os
discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma
coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para
a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam
arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus
disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor,
vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que
estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a
rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em
cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora».
Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e
cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a
rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a
perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus
aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a
terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter
ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro:
«Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Ele respondeu-Lhe: «Sim,
Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou
a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Ele
respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta
as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu
amas-Me?» Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez
se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».
Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo:
Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas
quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para
onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro
havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».
BOA NOTÍCIA
«Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo»
Vivemos o tempo
da Páscoa! Cristo Ressuscitou! No entanto, no Evangelho do próximo domingo,
encontramos Simão Pedro ainda triste... Não consegue esquecer aquele momento em
que lhe faltou a coragem e, cobardemente, negou três vezes o seu Mestre: «Não o
conheço». É Páscoa, mas não para Pedro. Para ele (e para muitos de nós) não
mudou nada. Jesus está vivo, glorioso, ressuscitado, mas o apóstolo continua
prisioneiro dos seus erros, dos próprios limites, do próprio fracasso. Regressa
ao mar, ao barco e à pesca como se os últimos três anos nunca tivessem
acontecido. Como se a aventura com o jovem carpinteiro da Galileia tivesse
terminado no momento da negação.
Depois de uma
noite de pesca infrutífera, o velho pescador prepara-se para regressar à
margem. Na praia, um “desconhecido” chama e convida-o a lançar de novo as
redes, que imediatamente se enchem de peixes. Naquele momento, Pedro reconhece
Jesus! Impulsivo e cheio de entusiasmo, lança-se à água, mas quando finalmente
chega à praia, lembra-se… recorda os seus erros… e permanece em silêncio.
Jesus
pergunta-lhe: «Tu amas-Me?»
A Páscoa de
Pedro começa neste momento, com a resposta sincera a esta simples questão.
Pedro achava que a Igreja era a comunidade dos fortes, dos irrepreensíveis, dos
perfeitos! O diálogo com Jesus ensina-lhe que a Igreja é a casa dos perdoados,
do Amor, dos que foram salvos pela misericórdia do Pai. Agora sim, Pedro pode
anunciar o perdão! Porque foi perdoado. Pode testemunhar o Amor! Porque sabe
que é amado. Está finalmente pronto para guiar e confirmar os irmãos na fé!
Porque compreendeu que não caminha sozinho e que Jesus estará sempre ao seu
lado.
P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2025.05.03