sábado, 18 de outubro de 2008

XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)


Leitura do Livro de Isaías
(Is 45,1.4-6)
Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: «Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias. Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, para que se saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 95 (96)
Refrão: Aclamai a glória e o poder do Senhor.

Cantai ao Senhor um cântico novo,
cantai ao Senhor, terra inteira.
Publicai entre as nações a sua glória
em todos os povos as suas maravilhas.

O Senhor é grande e digno de louvor,
mais temível que todos os deuses.
Os deuses dos gentios não passam de ídolos,
foi o Senhor quem fez os céus.

Dai ao Senhor, ó família dos povos,
dai ao Senhor glória e poder.
Dai ao Senhor a glória do seu nome,
levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios.

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,
trema diante d’Ele a terra inteira.
Dizei entre as nações: «O Senhor é rei»,
governa os povos com equidade.



Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
(1 Tes 1,1-5b)
Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz estejam convosco. Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações. Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai. Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. O nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a acção do Espírito Santo.



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 22,15-21)
Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem Te deixares influenciar por ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?». Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário, e Jesus perguntou:«De quem é esta imagem e esta inscrição?». Eles responderam: «De César». Disse-lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».


FÉ E POLÍTICA
A classe dirigente do povo judeu decidiu em segredo que é necessário eliminar Jesus. Têm que prendê-lo, processá-lo e condená-lo à morte. Mas é preciso preparar bem a acusação para que não aconteça que saia ilibado. É necessário encontrar argumentos que confirmem em tribunal a imagem do galileu agitador e revolucionário. Resolvem tecer uma armadilha que toca um dos temas mais delicados daquela época: o pagamento do tributo ao imperador de Roma.

A Palestina tinha sido ocupada pelo Império Romano desde 63 a.C. e todos os habitantes eram obrigados a pagar esta humilhante taxa, símbolo de sujeição a César. Se Jesus se pronunciasse a favor do pagamento do tributo, seria acusado de colaboracionismo, mas se se pronunciasse contra o pagamento do imposto, seria acusado de sedição e condenado como inimigo da ordem romana.

«A César o que é de César e a Deus o que é de Deus». A resposta de Jesus supera o nível da pergunta apresentada e vai à origem profunda da questão. É uma afirmação que nos propõe o controverso problema da relação entre a fé e as realidades terrenas, neste caso particular, entre a fé e a política.

Na Bíblia não podemos encontrar um programa de governo, um sistema económico ou uma teoria científica. Deus trata-nos como adultos e confia que os seus filhos tenham inteligência e capacidade para gerir a Sua maravilhosa Criação, sem que Ele tenha de intervir a cada momento e pronunciar-se sobre todos os argumentos. Não podemos apelarmo-nos à Santíssima Trindade para impor as nossas opiniões políticas ou procurar na Palavra revelada se devemos ou não aprovar uma determinada medida económica. As realidades mundanas merecem a própria autonomia e palavras como “deus” ou “bíblia” não podem ser usadas como armas quando não conseguimos fazer valer as nossas ideias.

Mas isto não significa que os cristãos possam refugiar-se numa fé desincarnada e alienar-se do diálogo que constrói a sociedade civil. É preciso tomar posições e denunciar erros e injustiças. O mundo precisa que coloquemos as nossas capacidades e preparação ao serviço da humanidade e que através do diálogo inteligente consigamos iluminar as realidades terrenas com a luz do Evangelho.

O mundo pensa que o centro da economia é o lucro, mas nós acreditamos que ao centro deve estar o homem.
A ciência diz que tudo o que é possível é lícito, mas nós acreditamos no respeito pelo homem e pela vida humana.
A política ensina que se pode impor a razão com o uso da força, mas nós acreditamos que só através do diálogo e do exemplo se possa transformar o mundo.



(tenham uma boa semana!)


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