sábado, 17 de abril de 2010

3º DOMINGO DO TEMPO PASCAL (ano C)



Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 5,27b-32.40b-41)
Naqueles dias, o sumo sacerdote falou aos Apóstolos, dizendo: «Já vos proibimos formalmente de ensinar em nome de Jesus; e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem». Pedro e os Apóstolos responderam: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e o perdão dos pecados. E nós somos testemunhas destes factos, nós e o Espírito Santo que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem». Então os judeus mandaram açoitar os Apóstolos, intimando-os a não falarem no nome de Jesus, e depois soltaram-nos. Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem ultrajados por causa do nome de Jesus.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 29 (30)
Refrão: Eu vos louvarei, Senhor, porque me salvastes.

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer à cova.

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria.

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.


Leitura do Livro do Apocalipse
(Ap 5,11-14)
Eu, João, na visão que tive, ouvi a voz de muitos Anjos, que estavam em volta do trono, dos Seres Vivos e dos Anciãos. Eram miríades de miríades e milhares de milhares, que diziam em voz alta: «Digno é o Cordeiro que foi imolado de receber o poder e a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor». E ouvi todas as criaturas que há no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e o universo inteiro, exclamarem: «Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro o louvor e a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos». Os quatro Seres Vivos diziam: «Ámen!»; e os Anciãos prostraram-se em adoração.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 21,1-19)
Naquele tempo, Jesus manifestou-Se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?» Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?» Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».


SIMÃO PEDRO
Nesta Páscoa, Pedro tem sido uma presença constante nas minhas orações e na minha meditação. Pensei nele em Lourdes, na vigília Pascal, quando escutei no Evangelho como ele correra ao sepulcro após ouvir o anúncio da Ressureição. Também falámos dele, no encontro com os jovens da paróquia da Amora, principalmente quando meditámos o significado profundo da expressão “deixar tudo”. Mas foi com os mais de 300 alunos de Moral da Escola Secundária de Peniche, durante os 100km que caminhámos juntos até Fátima, que a figura de Simão Pedro assumiu contornos bem familiares. Quase como se ele também fosse um “penicheiro”; um velho amigo pescador, que conhecemos há muito tempo e que facilmente conseguimos entender.

É Páscoa! Jesus Ressuscitou! Mas Pedro continua triste... Não consegue esquecer aquele momento em que lhe faltou a coragem e, cobardemente, negou três vezes o seu Mestre: «Não o conheço». É Páscoa, mas não para Pedro. Para ele (e para muitos de nós) não mudou nada. Jesus está vivo, glorioso, ressuscitado, mas Pedro continua prisioneiro dos seus erros, dos próprios limites, do próprio fracasso. Regressa ao mar, ao barco e à pesca como se os últimos três anos nunca tivessem acontecido. Como se a aventura com o jovem carpinteiro da Galileia tivesse terminado no momento da negação.

Mas ao amanhecer, Jesus aparece nas margens do lago. O pequeno grupo de pescadores está cansado e decepcionado com a pesca infrutífera, mas basta uma palavra daquele “desconhecido”, que os convida a arriscar de novo, para que as redes se encham. Como se Ele nos quisesse ensinar que o êxito da missão não depende das nossas forças, mas sim da fidelidade à Sua Palavra. Pedro, impulsivo e cheio de entusiasmo, lança-se à água, mas quando finalmente chega à praia permanece em silêncio.

«Tu amas-Me?»
A Páscoa de Pedro começa neste momento, com a resposta sincera a esta simples questão. Pedro achava que a Igreja era a comunidade dos fortes, dos irrepreensíveis, dos perfeitos! O diálogo com Jesus ensina-lhe que a Igreja é a casa dos perdoados, do Amor, dos que foram salvos pela misericórdia do Pai. Agora sim, Pedro pode anunciar o perdão! Porque foi perdoado. Pode testemunhar o Amor! Porque sabe que é amado. Está finalmente pronto para guiar e confirmar os irmãos na fé! Porque compreendeu que não caminha sozinho e que Jesus estará sempre ao seu lado.

Passaram-se quase dois mil anos desde aquela manhã na praia.
Nesta Páscoa, neste momento, é a ti que o Senhor pergunta: «Tu amas-Me?»

Ele aguarda a tua resposta.



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1 comentário:

Xanda disse...

Boa Noite, hoje com o meu dia a chegar ao fim a pergunta que me deixa causou-me arrepios "Tu amas-Me?". O que tenho feito para demonstrar o amor que digo sentir?! Obrigada por as meditações que me têm acompanhado já algum tempo. Até de repente!

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