sábado, 29 de maio de 2010

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE (ano C)



Leitura do Livro dos Provérbios
(Prov 8,22-31)
Eis o que diz a Sabedoria de Deus: «O Senhor me criou como primícias da sua actividade, antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os abismos e de brotarem as fontes das águas, já eu tinha sido concebida. Antes de se implantarem as montanhas e as colinas, já eu tinha nascido; ainda o Senhor não tinha feito a terra e os campos, nem os primeiros elementos do mundo. Quando Ele consolidava os céus, eu estava presente; Quando traçava sobre o abismo a linha do horizonte, quando condensava as nuvens nas alturas, quando fortalecia as fontes dos abismos, quando impunha ao mar os seus limites para que as águas não ultrapassassem o seu termo, quando lançava os fundamentos da terra, eu estava a seu lado como arquitecto, cheia de júbilo, dia após dia, deleitando-me continuamente na sua presença. Deleitava-me sobre a face da terra e as minhas delícias eram estar com os filhos dos homens».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 8
Refrão: Como sois grande em toda a terra, Senhor, nosso Deus!

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes?

Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhes poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés:

Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 5,1-5)
Irmãos: Tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 16,12-15)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».



(Atenção: mais do que um comentário à Solenidade da Santíssima Trindade, esta semana o meu texto é um convite a visitar Roma...)

CECÍLIA
Quem visita as catacumbas de S. Calisto em Roma, a uma certa altura do percurso subterrâneo, depara-se com uma estátua em mármore de uma jovem mulher, deitada de lado no chão com um véu que lhe cobre a cabeça. Esta estátua é uma cópia da obra prima do escultor Stefano Maderno e representa o corpo sem vida de Santa Cecília, cujo túmulo e escultura original se encontram hoje em dia, na basílica homónima em Trastevere.

Segundo a tradição, Cecília nasceu em Roma por volta do segundo século, no seio de uma família nobre. Durante a quarta grande perseguição, levada a cabo pelo imperador Marco Aurélio, as autoridades romanas descobriram que era cristã. Foi colocada na prisão, mas apesar das torturas e maus tratos, recusou sempre prestar homenagem aos deuses romanos e foi por isso condenada à morte e degolada. O seu corpo foi mais tarde colocado nas catacumbas de S. Calisto, no mesmo local onde hoje se encontra a cópia da famosa escultura de Maderno.

A estátua de Cecília é de uma beleza e perfeição extraordinárias, porém, transmite a quem a admira uma tristeza inquietante. Graças à arte de Stefano Maderno, o mármore branco revela-nos o corpo sem vida de uma jovem, cujo véu oculta parcialmente o rosto, mas não esconde o golpe profundo no pescoço, que lhe foi infligido pelos seus carcereiros. A lenda diz-nos que o escultor reproduziu fielmente a posição em que encontrou o corpo incorrupto de Santa Cecília. Na minha opinião, a parte mais interessante desta estátua são as mãos: três dedos na mão esquerda e um dedo na mão direita permanecem hirtos e distensos, numa posição pouco natural, que contrasta com a paz e a tranquilidade do resto do corpo. Diz-se que esse gesto é o último desafio que Cecília lança aos seus carrascos. Incapaz de falar e com as últimas forças que lhe restam, Cecília testemunha com os dedos das mãos aquele que é o mistério central da sua fé: três pessoas, um só Deus.

Para verem uma foto desta esplêndida obra de arte, cliquem AQUI.
Para lerem o comentário do ano passado à Solenidade da Santíssima Trindade, cliquem AQUI.

Bom domingo!


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1 comentário:

dinah calado disse...

«Nem só.de pão vive o homem...» Contemplar, em silêncio, a Arte e a Beleza é, também, uma forma de rezar e de meditar.
Obrigada pela foto da escultura de Santa Cecília.
Até sempre.
Dinah.

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