sábado, 12 de fevereiro de 2011

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)



Leitura do Livro de Ben-Sirá
(Sir 15, 16-21 [15-20])
Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser-lhe fiel depende da tua vontade. Deus pôs diante de ti o fogo e a água: estenderás a mão para o que desejares. Diante do homem estão a vida e a morte: o que ele escolher, isso lhe será dado. Porque é grande a sabedoria do Senhor, Ele é forte e poderoso e vê todas as coisas. Seus olhos estão sobre aqueles que O temem, Ele conhece todas as coisas do homem. Não mandou a ninguém fazer o mal, nem deu licença a ninguém de cometer o pecado.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 118 (119)
Refrão: Ditoso o que anda na lei do Senhor.

Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
Felizes os que observam as suas ordens
e O procuram de todo o coração.

Promulgastes os vossos preceitos
para se cumprirem fielmente.
Oxalá meus caminhos sejam firmes
na observância dos vossos decretos.

Fazei bem ao vosso servo:
viverei e cumprirei a vossa palavra.
Abri, Senhor, os meus olhos
para ver as maravilhas da vossa Lei.

Ensinai-me, Senhor, o caminho dos vossos decretos
para ser fiel até ao fim.
Dai-me entendimento para guardar a vossa lei
e para a cumprir de todo o coração.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 2, 6-10)
Irmãos: Nós falamos de sabedoria entre os perfeitos, mas de uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que vão ser destruídos. Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que já antes dos séculos Deus tinha destinado para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu; porque se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam». Mas a nós Deus o revelou por meio do Espírito Santo, porque o Espírito Santo penetra todas as coisas, até o que há de mais profundo em Deus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,17-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar. Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é melhor perder-se um dos teus membros do que todo o corpo ser lançado na geena. E se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que se perca um dos teus membros, do que todo o corpo ser lançado na geena. Também foi dito: ‘Quem repudiar sua mulher dê-lhe certidão de repúdio’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que repudiar sua mulher, salvo em caso de união ilegal, fá-la cometer adultério. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás os teus juramentos para com o Senhor’. Eu, porém, digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo Céu, que é o trono de Deus; nem pela terra, que é o escabelo dos seus pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Também não jures pela tua cabeça, porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo. A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do Maligno».


«EU, PORÉM, DIGO-VOS…!»
Prosseguimos com a leitura do famoso “sermão da montanha” e entramos no corpo do discurso, onde o evangelista Mateus agrupa um conjunto de “ditos” de Jesus e propõe à comunidade cristã o novo código ético que deve guiar a vida de cada discípulo.

Na primeira parte do Evangelho, é-nos confirmado que Cristo não veio abolir a antiga Lei do monte Sinai. No entanto, aprendemos que um verdadeiro caminho de fé não pode ser reduzido à observância de algumas normas e regras. O ensinamento de Jesus supera esta visão rígida (e quase idolátrica) da Lei e convida-nos a uma verdadeira conversão e a uma nova atitude interior de compromisso autêntico com Deus. Na segunda parte do texto que nos é proposto, encontramos quatro exemplos concretos desta nova forma de entender a Lei (na realidade, no discurso de Jesus os exemplos são seis, mas os outros dois ficam para o próximo domingo).

A antiga Lei proíbe o homicídio e o adultério; prevê a possibilidade de divórcio e obriga que sejam respeitados apenas os compromissos selados com um juramento. Matar, trair, repudiar, jurar… Com a expressão «eu, porém, digo-vos…», que acompanha cada um destes exemplos, são introduzidos quatro novos ensinamentos que podemos muito brevemente sintetizar da seguinte maneira:

- Não basta “não matar”: é necessário cultivar o respeito absoluto pela vida e pela dignidade de cada pessoa.

- Não basta uma fidelidade sexual, mas devemos também esforçarmo-nos por purificar o nosso coração e os nossos pensamentos.

- Apesar dos nossos limites e fragilidades, é preciso continuar a acreditar no matrimónio cristão: não nos podemos simplesmente render à “solução” do divórcio.

- A necessidade de jurar implica a existência de um clima de desconfiança que é incompatível com o “Reino”. Entre os discípulos deve haver um tal clima de sinceridade e confiança que os simples “sim” e “não” são suficientes.

Estes quatro ensinamentos não podem porém ofuscar a mensagem mais importante: que a nossa justiça deve «superar a dos escribas e fariseus». Não podemos deixar que as leis (mesmo que sejam leis muito “sagradas”) se transformem num ídolo, num absoluto, ou que contribuam para escravizar o homem. Os mandamentos são os “sinais” que indicam o caminho que conduz à vida plena, mas não podemos aplicá-los fanaticamente (tal como faziam os escribas e fariseus) e nem condenar cegamente quem os quebra, pois isso seria trair o espírito cristão que deve animar a nossa Lei. A justiça de Deus não é cega, pois Ele vê e ama cada um de nós.


(Tenham uma boa semana!)



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