sábado, 19 de março de 2011

2º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA (ano A)



Leitura do Livro do Génesis
(Gen 12,1-4)
Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma bênção. Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar; por ti serão abençoadas todas as nações da terra». Abrão partiu, como o Senhor lhe tinha ordenado.


SALMO RESPONSORIAL – SALMO 32 (33)
Refrão: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia.

A palavra do Senhor é recta,
na fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.

Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.

A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
(2 Tim 1,8b-10)
Caríssimo: Sofre comigo pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele salvou-nos e chamou-nos à santidade, não em virtude das nossas obras, mas do seu próprio desígnio e da sua graça. Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus, nosso Salvador, que destruiu a morte e fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 17,1-9)
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou os, em particular, a um alto monte e transfigurou Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés a outra para Elias». Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra a assustaram se muito. Então Jesus aproximou se e, tocando os, disse: «Levantai vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».




Esta fim-de-semana tenho visitas muito importantes! E por isso, pouco tempo para escrever o comentário… Reproponho-vos, com algumas pequenas alterações, uma meditação que já publiquei neste blog há uns dois anos.

BELEZA
No Evangelho deste Domingo, Deus revela a sua inebriante beleza a Pedro, Tiago e João. Uma beleza que contém todos os ingredientes que um trio de hebreus da Palestina antiga poderia apreciar e compreender.

O primeiro elemento é o monte, local privilegiado da revelação de Deus, capaz de evocar diversas experiências decisivas da história da revelação, como por exemplo, a aliança do monte Sinai (Ex 34,2-28). As vestes brilhantes recordam o resplendor de Moisés depois do encontro com Yahweh (Ex 34,29) e a nuvem, por sua vez, lembra a presença divina que conduzia o povo de Israel através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22; 10,34). Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas. Além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt 18,15-18; Mal 3,22-23). Enfim, a voz que os discípulos escutam sugere uma perfeita continuidade com as palavras que Mateus nos propõem no episódio do baptismo de Jesus: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus toda a minha complacência» (Mt 3,16).

«Senhor, como é bom estarmos aqui!» A palavra “kalós”, no grego antigo pode traduzir-se de duas maneiras: “bom” ou então, “belo”. Eu prefiro a segunda opção porque descreve com maior exactidão a experiência, essencialmente visual, que o Evangelho nos propõe. Senhor, como é BELO estarmos aqui! No monte Tabor, Deus revelou a sua beleza a Pedro, Tiago e João.

É urgente recuperar o sentido da beleza da nossa fé. Somos cristãos, não porque temos medo de Deus, ou porque concordamos com uma moral que encontrámos escrita na Bíblia. Acreditamos porque experimentámos a beleza da fé, a beleza de Jesus Cristo. E é essa beleza que nos dá força, coragem, ânimo para escalar um outro monte: a colina do Calvário, o monte Gólgota, a experiência da cruz. Se não fizermos a experiência da beleza de Deus, se nunca sentirmos como é belo acreditar, então a nossa fé será apenas um peso oprimente e um esforço inútil.

O Evangelho é a “Bela” Notícia (“kalós”!). Jesus Cristo é o Pastor “Belo”. E é essa beleza que devemos anunciar. Como dizia o grande escritor russo Dostoiévski: «A beleza converterá o mundo».


(Tenham uma boa semana!)



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