sábado, 9 de julho de 2011

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)



Leitura do Livro de Isaías
(Is 55,10-11)
Eis o que diz o Senhor: “Assim como a chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a terem fecundado e feito produzir, para que dê a semente ao semeador e o pão para comer, assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão”.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 64 (65)
Refrão: A semente caiu em boa terra e deu muito fruto.

Visitastes a terra e a regastes,
enchendo-a de fertilidade.
As fontes do céu transbordam em água
e fazeis brotar o trigo.

Assim preparais a terra;
regais os seus sulcos e aplanais as leivas,
Vós a inundais de chuva
e abençoais as sementes.

Coroastes o ano com os vossos benefícios,
por onde passastes brotou a abundância.
Vicejam as pastagens do deserto
e os outeiros vestem-se de festa.

Os prados cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigo.
Tudo canta e grita de alegria.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
(Rom 8,18-23)
Irmãos: Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que se há-de manifestar em nós. Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, não por sua vontade, mas por vontade d’Aquele que as submeteu, com a esperança de que as mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13,1-23)
Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-Se à beira-mar. Reuniu-se à sua volta tão grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a multidão ficava na margem. Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos: “Saiu o semeador a semear. Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra, e logo nasceram porque a terra era pouco profunda; mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um. Quem tem ouvidos, oiça”. Os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: “Porque lhes falas em parábolas?” Jesus respondeu-lhes: “Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas, porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender. Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: ‘Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas não vereis. Porque o coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure’. Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram. Vós, portanto, escutai o que significa a parábola do semeador: Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe de momento, mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto. E aquele que recebeu a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto, produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”.


ESBANJAR
Que comentário se poderá acrescentar a uma página do Evangelho, onde escutamos uma parábola e a sua explicação é-nos imediatamente dada pelo próprio Jesus Cristo? Ele mesmo nos esclarece quanto às várias atitudes possíveis diante do anúncio do Reino... Há aqueles que têm um coração duro como o chão de terra batida dos caminhos: a Palavra não poderá penetrar nesse terreno e dar fruto. Depois, há aqueles que têm um coração inconstante, capaz de se entusiasmar instantaneamente, mas também de desanimar perante as primeiras dificuldades: a Palavra não poderá criar raízes. Também há aqueles que têm um coração materialista, que dá sempre prioridade à riqueza e aos bens deste mundo: a Palavra será facilmente sufocada por esses outros interesses. Por fim, há também aqueles que têm um coração disponível e bom, aberto aos desafios de Deus: nesse terreno a Palavra será acolhida e dará muito fruto!

No entanto, não podemos pensar que esta explicação tenha “esgotado” a parábola do semeador e da semente! A Bíblia é uma fonte inextinguível de sabedoria e conhecimento, onde podemos constantemente encontrar «tesouros novos e velhos» (Cfr. Mt 13,52) e esta página não é excepção. Relendo a parábola com atenção, notamos certamente algo de curioso: Deus é um incapaz quando se trata de semear! Quem semeia desta forma? Desperdiçando a semente a torto e a direito? Esbanjando semente boa em terrenos onde sabemos que nunca nada poderá frutificar?

Porém este é o Deus que Jesus Cristo nos revela e que a parábola insiste em descrever. Ele é o Pai que esbanja (desperdiça!) com generosidade a própria Palavra e Amor. Ele ama, mesmo quando é altamente improvável que esse amor encontre correspondência. Ele doa-Se, mesmo onde o bom senso diz que ninguém acolherá o Seu dom. Ele semeia, mesmo nos terrenos que parecem mais áridos, mais estéreis, mais improváveis. Ele é o semeador confiante, cujas mãos, guiadas pela esperança, esbanjam e distribuem amor em todas as direcções!

A parábola deste domingo, no fundo, é também um convite a imitar o exemplo do semeador pródigo! A esbanjarmos, sem medo, o nosso amor. E tudo isto me recorda uma oração de Madre Teresa de Calcutá:

O homem é irracional, ilógico, egocêntrico:
não importa, ama-o.
Se praticares o bem, dirão que o fazes por egoísmo e com segundas intenções:
não importa, pratica o bem.
Se realizares os teus objectivos, encontrarás quem te crie obstáculos:
não importa, realiza-os.
O bem que fazes hoje talvez amanhã venha a ser esquecido:
não importa, faz o bem.
A honestidade e a sinceridade tornam-te vulnerável:
não importa, sê honesto e sincero.
Tudo o que construíste pode vir a ser destruído:
não importa, constrói.
As pessoas que ajudaste, porventura não te agradecerão:
não importa, ajuda-as.
Dás o melhor de ti às pessoas, e elas atiram-te pedras:
não importa, dá o melhor de ti!


Não existe argumento humano capaz de resistir à desconcertante razão do amor.
Tenham um bom domingo!


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