quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA (ano C)

Leitura do Livro de Ben-Sirá
(Sir 3, 3-7.14-17a [gr. 2-6.12-14])
Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5
Refrão: Felizes os que esperam no Senhor e seguem os seus caminhos.

Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.

Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 3, 12-21)
Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em acção de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 2,41-52)
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.


BOA NOTÍCIA
«Para isso nasci, e para isso vim ao mundo»
No próximo domingo, a Igreja convida-nos a celebrar a Festa da Sagrada Família e o Evangelho descreve o grande susto que Maria e José viveram quando Jesus, com apenas doze anos, desapareceu durante três dias. A chave de leitura deste episódio é a resposta que Ele dá quando finalmente o encontram no templo de Jerusalém: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?».

Maria e José não fizeram uma cena diante desta resposta. Eles, que viram o Messias gatinhar e dar os seus primeiros passinhos incertos… Eles, que acudiram os choros de noite e se alegraram ao escutar as primeiras palavras do menino... Maria e José são agora confrontados com a verdade que nunca esqueceram: Jesus é o Filho de Deus, o Verbo incarnado, o Messias anunciado. E o Verbo fez-se carne para anunciar ao mundo a Boa Nova e revelar-nos o rosto misericordioso de Deus Pai! Muitos anos mais tarde, diante de Pilatos, Jesus Cristo reafirma esta mesma leitura da sua identidade e da sua missão: «Para isso nasci, e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que é da Verdade ouve a minha voz» (Jo 18,37).

Para além de sublinhar a posição preponderante que o projecto de Deus deve ocupar nas nossas vidas, este episódio ajuda-nos a compreender uma outra realidade importante: que a família (qualquer família) não pode ser um lugar fechado, onde se cresce prisioneiros de horizontes limitados e de relações de doentia dependência. A família é o lugar onde nos abrimos ao mundo e aos outros! É onde cultivamos a liberdade e a maturidade necessárias para um dia deixarmos o “ninho” e procurarmos a nossa estrada e a nossa missão.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 23.12.2015
 
 
 
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