quarta-feira, 16 de novembro de 2016

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

Leitura do Segundo Livro de Samuel
(2 Sam 5,1-3)
Naqueles dias, todas as tribos de Israel foram ter com David a Hebron e disseram-lhe: «Nós somos dos teus ossos e da tua carne. Já antes, quando Saul era o nosso rei, eras tu quem dirigia as entradas e saídas de Israel. E o Senhor disse-te: “Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel”». Todos os anciãos de Israel foram à presença do rei, a Hebron. O rei David concluiu com eles uma aliança diante do Senhor e eles ungiram David como rei de Israel.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 121 (122)
Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.

Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.

Jerusalém, cidade bem edificada,
que forma tão belo conjunto!
Para lá sobem as tribos,
as tribos do Senhor.

Para celebrar o nome do Senhor,
segundo o costume de Israel;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 1,12-20)
Irmão: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Lc 23,35-43)
Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».


BOA NOTÍCIA
Cristo Rei
Titulus Crucis (literalmente, “título da cruz”) é o nome tradicionalmente dado ao letreiro que, como escutaremos no Evangelho do próximo domingo, foi colocado no topo da cruz de Jesus. De facto, o código penal romano previa que se expusessem as motivações de uma sentença: era uma forma de incutir temor na população e assim prevenir futuros delitos. O “crime” de Jesus seria portanto alta traição: a inscrição «Este é o Rei dos judeus» sugere que conspirava contra a autoridade do imperador romano.

Face à situação em que Jesus Se encontra, o Titulus Crucis é obviamente carregado de grande ironia e uma ulterior humilhação às aspirações de independência e soberania do povo judeu: o “rei dos judeus” não está sentado num trono, mas pregado numa cruz, nu, indefeso e condenado a uma morte infame. Contudo, o Titulus Crucis é fiel, na perspectiva de Deus, à realidade do jovem carpinteiro condenado à morte: Ele é o Rei que preside, não do alto da sua omnipotência, assustando os seus súbditos com gestos espectaculares, mas que reina com a força desarmada do amor, da entrega, do dom da vida.

O Titulus Crucis é um convite a repensar a nossa existência... Diante deste Rei despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos? Diante deste Rei que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as rivalidades e invejas que nos magoam e separam dos irmãos? Diante deste Rei que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.11.16





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