sábado, 1 de novembro de 2008

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS – 2 de Novembro

(leituras da terceira missa)


Leitura do Livro de Isaías
(Is 25,6a.7-9)
Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; Ele destruirá a morte para sempre.O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou.



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
(1 Tes 4,13-18)
Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6,51-58)
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?» Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: Quem comer deste pão viverá eternamente».


VIVER SEM MEDO
Há alguns anos atrás, durante um curso de formação para catequistas, um dos participantes partilhou a seguinte experiência: «Sempre me considerei uma pessoa de fé. Vou à missa todos os Domingos desde que tenho idade para me lembrar e comecei o meu serviço como catequista logo após o meu crisma. Não me lembro de alguma vez ter duvidado da existência de Deus ou do Seu amor por nós... mas na semana passada fui a um funeral. A irmã de uma minha amiga tinha morrido. Tentei encontrar alguma palavra que a pudesse confortar. Procurei na minha fé, na minha experiência de catequista, algo que aliviasse (pelo menos um pouco) aquele sofrimento. Mas acabei por ficar em silêncio. Todas as palavras me pareciam inúteis. Senti que a fé, pela primeira vez, não era capaz de dar-me uma resposta. Senti que a morte era mais forte do que a minha fé».

E concluiu com a pergunta: «O que é que nós cristãos podemos dizer ao mundo sobre a morte?»

Depois de alguns momentos de silêncio, resolvemos seguir um dos conselhos que já tínhamos ouvido naquele curso: partir do Evangelho e procurar na vida de Jesus as respostas para as nossas questões.

Acabámos por nos concentrar na obra de Lucas, na narração dos últimos momentos da paixão de Jesus (capítulo 23). São páginas muito duras. Aos olhos do mundo a Sua morte é um fracasso absoluto. Tudo o que Ele fez, tudo o que Ele disse não serviu de nada. Abandonado... torturado... derrotado em todos os sentidos. Até um dos dois malfeitores crucificados com Ele, começa a provocá-Lo:

«Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!» Mas o outro repreendeu-o: «Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum». E acrescentou: «Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!» Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso». (Lc 23,39-43)

Foi nesta resposta que encontrámos algum conforto. Mais precisamente, na palavra “hoje”. Jesus não fala de purgatório, de juízo final ou de “um dia”...
«Hoje estarás comigo no paraíso». Hoje! O homem não foi feito para a morte e a morte não pode aprisionar o homem. O caminho que percorremos nesta terra não é um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade que termina no fracasso e na morte. Hoje irás entrar na vida eterna! Não devemos ter medo. Volto a repetir: não tenham medo! A morte chega para todos, mas o projecto de Deus para o homem é um projecto de vida. No nosso horizonte final não está o “nada”, mas sim a comunhão com o Pai, a realização plena do homem, a felicidade definitiva e a vida eterna.


(tenham uma boa semana!)



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