sábado, 15 de novembro de 2008

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano A)


Leitura do Livro dos Provérbios
(Prov 31,10-13.19-20.30-31)
Quem poderá encontrar uma mulher virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido, e jamais lhe falta coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura, em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso. Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza; a mulher que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos, e suas obras a louvem às portas da cidade.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 127
Refrão: Ditoso o que segue o caminho do Senhor.

Feliz de ti que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.

Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa.

Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
(1 Tes 5,1-6)
Irmãos: Sobre o tempo e a ocasião, não precisais que vos escreva, pois vós próprios sabeis perfeitamente que o dia do Senhor vem como um ladrão nocturno. E quando disserem: «Paz e segurança», é então que subitamente cairá sobre eles a ruína, como as dores da mulher que está para ser mãe, e não poderão escapar. Mas vós, irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia: nós não somos da noite nem das trevas. Por isso, não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 25,14-30)
Naquele tempo, Disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um entregou cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. O que tinha recebido cinco talentos fê-los render e ganhou outros cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou outros dois. Mas, o que recebera um só talento foi escavar na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, confiaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera dois talentos e disse: ‘Senhor, confiaste-me dois talentos: aqui estão outros dois que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’. Aproximou-se também o que recebera um só talento e disse: ‘Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste. Por isso, tive medo e escondi o teu talento na terra. Aqui tens o que te pertence’. O senhor respondeu-lhe: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde nada lancei; devias, portanto, depositar no banco o meu dinheiro e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu. Tirai-lhe então o talento e dai-o àquele que tem dez. Porque, a todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância; mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o às trevas exteriores. Aí haverá choro e ranger de dentes’».

ÓPIO DO POVO
Muitos devem estar a perguntar-se: «Mas porque é que o senhor dos servos não deu o mesmo número de talentos a cada um?». Antes de começarmos todos a chorar pelo “pobre” servo que recebeu poucochinho, é bom que saibamos o que é um talento. Um talento não é uma moeda, mas uma unidade de peso. No tempo de Jesus, um “talento” correspondia, mais ou menos, a 36 quilos de prata, ou seja, o salário de aproximadamente 3000 dias de trabalho de um operário não qualificado. O último servo recebeu menos, mas não recebeu pouco. Foi lhe dada a oportunidade de administrar uma verdadeira fortuna.

O que distingue os servos da parábola não é a quantidade de talentos que receberam, mas sim a decisão que tomaram. A questão que o evangelho de hoje propõe é a seguinte: o que andas a fazer com os dons que recebeste?

Infelizmente, por medo e cobardia muitas pessoas demitem-se do próprio papel na construção de um mundo melhor. São pessoas que enterram os talentos na terra e vivem uma vida tranquila e sem riscos. Não fazem mal a uma mosca, mas também não ajudam ninguém. Vivem a própria “vidinha” refugiados num cantinho seguro e tranquilo. Tão seguro e tranquilo quanto a covinha que fizeram para esconder os próprios dons.

A parábola de hoje é a resposta a todos aqueles que acreditam que a religião seja uma distracção para que as pessoas não lutem por uma sociedade mais justa, ou como dizia Karl Marx, o “ópio do povo”. Os servos trabalhadores testemunham a atitude radicalmente diversa e o espírito empreendedor que deve animar cada um de nós. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que já tinham. Não se deixaram dominar pelo comodismo e pela apatia. Lutaram, esforçaram-se, arriscaram, ganharam.

Na vida é preciso arriscar. Temos que trabalhar e dar o nosso melhor se queremos construir alguma coisa. O nosso esforço e empenho nem sempre garantem o nosso sucesso: por vezes trabalhamos muito e mesmo assim não obtemos o que queríamos. Mas é preciso aceitar esta realidade, porque pior que arriscar e perder é nem sequer arriscar com medo de não ganhar.


(tenham uma boa semana!)


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