sábado, 18 de abril de 2009

2º DOMINGO DA PÁSCOA (ano B)

Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 4,32-35)
A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma; ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum. Os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus com grande poder e gozavam todos de grande simpatia. Não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.


Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.



A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.



A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.



Leitura da Primeira Epístola de São João
(1 Jo 5,1-6)
Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias, nasceu de Deus, e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo; não só com a água, mas com a água e o sangue. É o Espírito que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


VER PARA CRER
Em todo o mundo existem apenas três igrejas construídas sobre túmulos dos apóstolos de Cristo. A mais conhecida é a Basílica de S. Pedro, construída sobre o túmulo de Simão Pedro em Roma na Itália. Depois temos a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha, construída sobre o túmulo de Tiago, filho de Zebedeu e irmão de S. João Evangelista. A terceira é o Santuário Nacional de S. Tomé de Meliapore, na costa ocidental da Índia. Quando em 1522 os navegadores portugueses chegaram a este território, encontraram uma comunidade vivaz de cristãos que atribuíam a própria evangelização ao esforço missionário de S. Tomé Dídimo. O Apóstolo fora martirizado no ano 72 (trespassado por uma lança hindu) e desde então a comunidade cristã conservava com devoção os seus restos mortais numa pequena capela subterrânea, já mencionada nos diários de viagem do grande explorador veneziano Marco Polo, que a visitou em 1292.

Infelizmente, quando se fala de S. Tomé quase nunca se recorda o seu ardor missionário, a vida de santidade, ou o martírio corajoso. Não. Aquilo que todos nós recordamos facilmente é a sua incredulidade face à notícia da Ressurreição. Mas é bom que não nos sintamos no direito de repreendê-lo, porque no fundo Tomé é o primeiro filho da mentalidade moderna e nas suas palavras podemos reconhecer um pouco de cada um de nós.

Dois milénios de tradição cristã podem quase fazer-nos esquecer o quanto é surpreendente a realidade anunciada pelos discípulos. Não é fácil acreditar na ressurreição. É difícil acreditar que um homem possa morrer, permaneça morto durante três dias e mais tarde volte à vida. É inaudito. É demasiado incrível. Tomé (como tantos de nós) precisa de ver para crer.

Certamente já sentimos as mesmas dúvidas e incertezas que encontramos no Evangelho deste Domingo. Será que alguém pode afirmar nunca se ter reconhecido na incredulidade de Tomé? “Dídimo” em grego significa “gémeo” e realmente Tomé é muitas vezes o nosso “dídimo”, o espelho do nosso coração.

Apesar das dúvidas, Tomé não abandona o grupo dos discípulos e «oitos dias depois» no encontro da comunidade (portanto, Domingo), o discípulo incrédulo reconhece Jesus ressuscitado. Há aqui uma importante lição que devemos aprender...

Não é em experiências solitárias, íntimas, fechadas e egoístas, que podemos esperar encontrar Jesus ressuscitado. Ele revela-Se no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no Pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. Queres encontrar o Messias? Queres “ver” o Cristo ressuscitado? Então escuta o meu conselho: fecha esta página, desliga o teu computador, sai de casa e procura os teus irmãos e irmãs, a tua comunidade paroquial. Talvez não O encontres hoje, mas pelo menos sabes que estás a procurá-l’O no lugar certo.

(Tenham uma boa semana!)



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