sábado, 27 de junho de 2009

XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro da Sabedoria
(Sab 1, 13-15; 2,23-24)
Não foi Deus quem fez a morte, nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos. Pela criação deu o ser a todas as coisas, e o que nasce no mundo destina-se ao bem. Em nada existe o veneno que mata, nem o poder da morte reina sobre a terra, porque a justiça é imortal. Deus criou o homem para ser incorruptível e fê-lo à imagem da sua própria natureza. Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo, e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 29 (30)

Refrão: Eu Vos louvarei, Senhor, porque me salvastes.

Eu Vos glorifico, Senhor, porque me salvastes
e não deixastes que de mim se regozijassem os inimigos.
Tirastes a minha alma da mansão dos mortos,
vivificastes-me para não descer ao túmulo.

Cantai salmos ao Senhor, vós os seus fiéis,
e dai graças ao seu nome santo.
A sua ira dura apenas um momento
e a sua benevolência a vida inteira.
Ao cair da noite vêm as lágrimas
e ao amanhecer volta a alegria.

Ouvi, Senhor, e tende compaixão de mim,
Senhor, sede Vós o meu auxílio.
Vós convertestes em júbilo o meu pranto:
Senhor meu Deus, eu Vos louvarei eternamente.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(2 Cor 8,7.9.13-15)
Irmãos: Já que sobressaís em tudo – na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos – deveis também sobressair nesta obra de generosidade. Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza. Não se trata de vos sobrecarregar para aliviar os outros, mas sim de procurar a igualdade. Nas circunstâncias presentes, aliviai com a vossa abundância a sua indigência para que um dia eles aliviem a vossa indigência com a sua abundância. E assim haverá igualdade, como está escrito: «A quem tinha colhido muito não sobrou e a quem tinha colhido pouco não faltou».


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 5,21-43)
Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado de barco para a outra margem do lago, reuniu-se grande multidão à sua volta, e Ele deteve-Se à beira-mar. Chegou então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Ao ver Jesus, caiu a seus pés e suplicou-Lhe com insistência: «A minha filha está a morrer. Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva». Jesus foi com ele, seguido por grande multidão, que O apertava de todos os lados. Ora, certa mulher que tinha um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de vários médicos e gastara todos os seus bens, sem ter obtido qualquer resultado, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-Lhe por detrás no manto, dizendo consigo: «Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada». No mesmo instante estancou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo que estava curada da doença. Jesus notou logo que saíra uma força de Si mesmo. Voltou-Se para a multidão e perguntou: «Quem tocou nas minhas vestes?» Os discípulos responderam-Lhe: «Vês a multidão que Te aperta e perguntas: ‘Quem Me tocou?’» Mas Jesus olhou em volta, para ver quem O tinha tocado. A mulher, assustada e a tremer, por saber o que lhe tinha acontecido, veio prostrar-se diante de Jesus e disse-Lhe a verdade. Jesus respondeu-lhe: «Minha filha, a tua fé te salvou». Ainda Ele falava, quando vieram dizer da casa do chefe da sinagoga: «A tua filha morreu. Porque estás ainda a importunar o Mestre?» Mas Jesus, ouvindo estas palavras, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; basta que tenhas fé». E não deixou que ninguém O acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, Jesus encontrou grande alvoroço, com gente que chorava e gritava. Ao entrar, perguntou-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Jesus, depois de os ter mandado sair a todos, levando consigo apenas o pai da menina e os que vinham com Ele, entrou no local onde jazia a menina, pegou-lhe na mão e disse: «Talitha Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: levanta-te». Ela ergueu-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. Ficaram todos muito maravilhados. Jesus recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso e mandou dar de comer à menina.



«NÃO TEMAS!»
Jesus comove-Se diante do desespero de Jairo. Toma uma decisão, mas sabe que este milagre pode confundir as pessoas; pode desviar a atenção daquilo que é realmente importante. É preciso “esconder” o que está para acontecer...

Em primeiro lugar, Jesus consegue que o menor grupo possível de pessoas presencie o milagre: «(...) não deixou que ninguém O acompanhasse»

Em seguida, tenta “desarmar” a situação; minimizar o episódio: «A menina não morreu; está a dormir».

Por fim, faz um último pedido: «(...) recomendou-lhes insistentemente que ninguém soubesse do caso (...)».

Como se fosse possível esconder um milagre de ressurreição! Como se fosse possível conter a alegria de Jairo!

Esta história deixou uma impressão tão forte nas gentes daquele tempo que, anos depois, quando Marcos escreve o seu evangelho, muitas pessoas ainda falam deste milagre. Tantas, que ele consegue recolher alguns pormenores que tornam esta página uma das mais “vivas” do Novo Testamento: sabemos o nome do pai; a idade da menina; as palavras exactas pronunciadas por Jesus, no seu dialecto aramaico: «Talitha Kum»... A presença de todos estes elementos confirma as dimensões que esta notícia assumiu.

Provavelmente verificou-se o que Jesus temia: o milagre ofuscou a mensagem. A notícia da ressurreição espalhou-se por todas as aldeias e cidades daquela região e não se falava de outra coisa. Não se falava de mais nada...

Ainda hoje corremos o mesmo risco: “esgotar” a nossa fé com conversas de milagres. Estes prodígios são sinais eficazes que confirmam a identidade de Jesus. Ele não é “apenas” um homem, mas é o Filho de Deus. Porém não podemos reduzir a nossa fé a um “mendigar” milagres. Não é essa a vontade de Deus.

Mais tarde, a jovem ressuscitada e a mulher sarada, experimentaram de novo o peso da doença e o abraço da morte. Jesus “vergou” momentaneamente a ordem natural da vida, mas inevitavelmente, a natureza retomou o seu percurso e as duas mulheres sentiram a vulnerabilidade da condição humana.

O que é que mudou?
Públio Siro, um escritor latino da Roma antiga, escreveu que «o medo da morte é mais cruel do que a própria morte». Viver com medo é morrer em vida!

Depois do encontro com Jesus; depois de reconhecermos a presença do Deus vivo, que é Amor e Misericórdia, nada nos pode assustar. Nem a doença, nem a morte. Sabemos que não estamos sozinhos. Sabemos que a morte não tem a última palavra. Podemos finalmente viver sem medo!

Assim escreveu o poeta Carlos Teles Gomes:

Sem ter medo
De sonhar,
Sem ter medo
De viver
Vale a pena
Eliminar
Raiva, ódio
Ou rancor.
Vale a pena
Acreditar
Nos milagres
Do Amor.

(Tenham uma boa semana!)



.

Sem comentários:

Arquivo do blogue