sábado, 20 de junho de 2009

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro de Job
(Job 38,1.8-11)
O Senhor respondeu a Job do meio da tempestade, dizendo: «Quem encerrou o mar entre dois batentes, quando ele irrompeu do seio do abismo, quando Eu o revesti de neblina e o envolvi com uma nuvem sombria, quando lhe fixei limites e lhe tranquei portas e ferrolhos? E disse-lhe: ‘Chegarás até aqui e não irás mais além, aqui se quebrará a altivez das tuas vagas’».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 106 (107)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque é eterna a sua misericórdia.

Os que se fizeram ao mar em seus navios,
a fim de labutar na imensidão das águas,
esses viram os prodígios do Senhor
e as suas maravilhas no alto mar.

À sua palavra, soprou um vento de tempestade,
que fez encapelar as ondas:
subiam até aos céus, desciam até ao abismo,
lutavam entre a vida e a morte.

Na sua angústia invocaram o Senhor
e Ele salvou-os da aflição.
Transformou o temporal em brisa suave
e as ondas do mar amainaram.

Alegraram-se ao vê-las acalmadas,
e Ele conduziu-os ao porto desejado.
Graças ao Senhor pela sua misericórdia,
pelos seus prodígios em favor dos homens
.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(2 Cor 5,14-17)
Irmãos: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. Assim, daqui em diante, já não conhecemos ninguém segundo a carne. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos assim. Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas passaram: tudo foi renovado.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 4,35-41)
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?» Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?»



TEMPESTADES
Das duas, uma: ou as ondas não eram assim tão altas e a tempestade era apenas uma nuvem negra, ou então, Jesus tem o sono mais pesado deste mundo.

Obviamente, a narração que Marcos nos apresenta, mais do que a crónica fiel de uma viagem de Jesus com os discípulos através do Lago de Tiberíades, deve ser vista como uma página de catequese.

Marcos escreve o seu evangelho por volta do ano 70, um período em que a comunidade cristã vivia grandes tribulações: a perseguição de Nero (onde os apóstolos Pedro e Paulo abraçaram o martírio), problemas internos causados pela diferença de perspectivas entre judeo-cristãos e pagano-cristãos, dificuldades sentidas pelas comunidades em encontrar o caminho para o futuro… É precisamente neste contexto de sofrimento e desorientação que Marcos recupera o episódio da tempestade acalmada e propõe à comunidade que o escutava (e a nós também) a seguinte questão: Deus preocupa-se com os dramas dos homens? Ou será que dorme?

Todos nós, mais cedo ou mais tarde, vivemos a experiência da “tempestade”. Problemas e desgraças fazem com que nos sintamos impotentes e frágeis; como marinheiros de água doce que se aventuraram num tumultuoso mar bravo. Sentimo-nos a “afundar”, oprimidos pelo peso da nossa tragédia e eis que reemerge a velha visão retributiva e “mágica” da fé: se a vida me corre bem, Deus existe; mas se encontro tribulações e adversidades, tudo cai por água abaixo e não acredito em mais nada.

O evangelho de hoje diz-nos que, apesar das ondas, do vento e da chuva... apesar do silêncio “aparente” de Deus... Ele não abandona nunca a sua barca; não abandona o seu povo. Enfrenta a tempestade connosco, partilha a nossa experiência de sofrimento, mas não nos deixa sozinhos. Nos momentos de crise, de desânimo, de medo, os discípulos são convidados a (re)descobrir a presença – às vezes silenciosa, mas sempre amiga e reconfortante – de Jesus ao seu lado, no mesmo barco.



(Tenham uma boa semana!)


.

Sem comentários:

Arquivo do blogue