Leitura da Profecia de Amós
Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 84 (85)
Refrão 1: Mostrai-nos, Senhor, o vosso amor e dai-nos a vossa salvação.
Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis
e a quantos de coração a Ele se convertem.
A sua salvação está perto dos que O temem
e a sua glória habitará na nossa terra.
Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,
abraçaram-se a paz e a justiça.
A fidelidade vai germinar da terra
e a justiça descerá do Céu.
O Senhor dará ainda o que é bom,
e a nossa terra produzirá os seus frutos.
A justiça caminhará à sua frente
e a paz seguirá os seus passos.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 1,3-14)
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, de sua livre vontade, para sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para que fosse enaltecida a glória da sua graça, com a qual nos favoreceu em seu amado Filho. N’Ele, pelo seu sangue, temos a redenção, a remissão dos pecados. Segundo a riqueza da sua graça, que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade: segundo o beneplácito que n’Ele de antemão estabelecera, para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, tudo o que há nos Céus e na terra. Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para servir à celebração da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo. Foi n’Ele que vós também, depois de ouvirdes a palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, abraçastes a fé e fostes marcados pelo Espírito Santo prometido, que é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 6,7-13)
Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.
DOIS A DOIS
O Evangelho deste Domingo é muito, muito rico. Infelizmente, por motivos de tempo e de espaço, não podemos falar de tudo. Esta semana, o meu comentário gira à volta da primeira frase.
«Naquele tempo, Jesus chamou»
A iniciativa é Sua. Tal como vimos na primeira leitura, é Jesus quem escolhe, chama, convida. E não sabemos porquê; não conhecemos os critérios que influenciaram a escolha. Falar da própria vocação é sempre falar de um mistério. Porquê aqueles homens e não outros? Eram os mais inteligentes? Os mais corajosos? O Novo Testamento diz-nos que não... Eram homens “normais”. Pescadores, publicanos, zelotas... Muito diferentes uns dos outros, mas chamados para a mesma missão.
«Doze apóstolos»
“Apóstolo” significa “enviado” (do grego, απόστολος), mas porquê o número doze? Trata-se de um número simbólico. Este número lembra as doze tribos que formavam o antigo povo de Israel. Cada uma destas tribos considerava-se descendente de um dos doze filhos homens de Jacob: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim. Mas o número doze ultrapassa o significado tribal e assume uma outra conotação: a totalidade do Povo de Deus. Não são apenas “Pedro e companhia” a ser enviados em missão, mas as “doze tribos”, ou seja, todo o Povo de Deus... o “novo” Povo de Deus... portanto, nós também!
«E começou a enviá-los dois a dois»
O envio “dois a dois” pode ser explicado de várias maneiras:
Em primeiro lugar, por motivos práticos. Viajar acompanhado é mais seguro: em caso de necessidade tinham uma outra pessoa que podia ajudar e apoiar.
Em segundo lugar, é possível encontrar uma ligação entre a exigência de partir em missão “dois a dois” e as antigas leis judaicas. A legislação judaica previa que, qualquer depoimento ou anúncio carecia de credibilidade se não fosse possível encontrar, pelo menos, duas testemunhas que confirmassem a mesma versão.
Mas existe uma terceira interpretação...
O melhor testemunho não é feito de palavras mas é vida e vida em comunhão. O anúncio do Reino de Deus não é uma missão para solitários e não pode nunca renunciar à dimensão comunitária. Os verdadeiros discípulos não devem trabalhar sós. Quem anuncia o Evangelho, anuncia-o em comunhão e em nome da comunidade. Não é raro encontrar nas nossas paróquias pessoas (leigos e sacerdotes) que se doam com generosidade à missão, mas que optam por um estilo solitário de evangelização. São incapazes de colaborar com alguém e não se apercebem que um anúncio feito sem a participação dos irmãos, sem o suor e a fadiga do diálogo e do confronto, é condenado à esterilidade. “Dois a dois” não é opcional: somente em comunhão podemos construir (e anunciar) o Reino de Deus.
(Tenham uma boa semana!)
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