sábado, 30 de abril de 2011

2º DOMINGO DA PÁSCOA (ano A)



Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Actos 2, 42-47)
Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.

Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Aarão:
é eterna a sua misericórdia.
Digam os que temem o Senhor:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
A mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver,
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,
mas não me deixou morrer.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria.


Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
(1 Pedro 1, 3-9)
Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece. Esta herança está reservada nos Céus para vós que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que se vai revelar nos últimos tempos. Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, acreditais n’Ele. E isto é para vós fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque conseguis o fim da vossa fé: a salvação das vossas almas.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.


VER PARA CRER
Em todo o mundo existem apenas três igrejas construídas sobre túmulos dos apóstolos de Cristo. A mais conhecida é a Basílica de S. Pedro, construída sobre o túmulo de Simão Pedro em Roma na Itália. Depois temos a Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha, construída sobre o túmulo de Tiago, filho de Zebedeu e irmão de S. João Evangelista. A terceira é o Santuário Nacional de S. Tomé de Meliapore, na costa oriental da Índia. Quando em 1522 os navegadores portugueses chegaram a este território, encontraram uma comunidade vivaz de cristãos que atribuíam a própria evangelização ao esforço missionário de S. Tomé Dídimo. O Apóstolo fora martirizado no ano 72 (trespassado por uma lança hindu) e desde então a comunidade cristã conservava com devoção os seus restos mortais numa pequena capela subterrânea, já mencionada nos diários de viagem do grande explorador veneziano Marco Polo, que a visitou em 1292.

Infelizmente, quando se fala de S. Tomé quase nunca se recorda o seu ardor missionário, a vida de santidade, ou o martírio corajoso. Não. Aquilo que todos nós recordamos facilmente é a sua incredulidade face à notícia da Ressureição. Mas é bom que não nos sintamos no direito de repreendê-lo, porque no fundo Tomé é o primeiro filho da mentalidade moderna e nas suas palavras podemos reconhecer um pouco de cada um de nós.

Dois milénios de tradição cristã podem quase fazer-nos esquecer o quanto é surpreendente a realidade anunciada pelos discípulos. Não é fácil acreditar na ressurreição. É difícil acreditar que um homem possa morrer, permaneça morto durante três dias e mais tarde volte à vida. É inaudito. É demasiado incrível. Tomé (como tantos de nós) precisa de ver para crer.

Certamente já sentimos as mesmas dúvidas e incertezas que encontramos no Evangelho deste Domingo. Será que alguém pode afirmar nunca se ter reconhecido na incredulidade de Tomé? “Dídimo” em grego significa “gémeo” e realmente Tomé é muitas vezes o nosso “dídimo”, o espelho do nosso coração.

Apesar das dúvidas, Tomé não abandona o grupo dos discípulos e «oitos dias depois» no encontro da comunidade (portanto, Domingo), o discípulo incrédulo reconhece Jesus ressuscitado. Há aqui uma importante lição que devemos aprender...

Não é em experiências solitárias, íntimas, fechadas e egoístas, que podemos esperar encontrar Jesus ressuscitado. Ele revela-Se no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no Pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. Queres encontrar o Messias? Queres “ver” o Cristo ressuscitado? Então escuta o meu conselho: fecha esta página, desliga o teu computador, sai de casa e procura os teus irmãos e irmãs, a tua comunidade paroquial. Talvez não O encontres hoje, mas pelo menos sabes que estás a procurá-l’O no lugar certo.


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Depois de vários meses em que este blog acolheu os seus leitores num ambiente que recordava uma pequena biblioteca, chegou o momento de passar a um outro formato (o terceiro desde que iniciei este projecto e que considero, por enquanto, um “work in progress”). A principal razão por detrás desta metamorfose foi uma conversa com o meu amigo LF, onde ele me fez notar que a versão precedente, devido à imagem de fundo, era quase impossível de visualizar quando acedíamos de um telemóvel. Outras razões foram o desejo de mudança, a vontade de “brincar” com a opção designer do Blogger e, também, o querer recuperar a intuição original do primeiro modelo: uma página praticamente “nua”, onde nada nos distrai e toda a atenção é dada, exclusivamente, à Palavra.

São sempre bem-vindos todos os conselhos, sugestões e comentários que ajudam a aperfeiçoar este espaço. Recordo-vos a minha morada: carlos@scalabrini.net.

Boa semana e boa leitura.


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