sábado, 23 de abril de 2011

DOMINGO DE PÁSCOA (ano A)



Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 10,34.37-43)
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 117 (118)
Refrão: Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Diga a casa de Israel:
é eterna a sua misericórdia.

A mão do Senhor fez prodígios,
a mão do Senhor foi magnífica.
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
(Col 3,1-4)
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 20,1-9)
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.


O SEPULCRO VAZIO
Durante semanas escutámos nos vários evangelhos dominicais as parábolas e ensinamentos de Jesus. Fomos convidados a meditar as suas acções e os seus gestos. Mas hoje, no Domingo mais importante do ano litúrgico, Domingo de Páscoa, a liturgia da palavra propõe-nos um texto onde Jesus não fala, não aparece, não é presente. Somos confrontados com a realidade do sepulcro vazio e convidados a dar aquele último salto (de fé) necessário para nos reconhecermos como cristãos.

Provavelmente simpatizamos com a figura de Jesus. É possível que concordemos com a sua mensagem de fraternidade e solidariedade. Mas como nos colocamos diante do mistério do sepulcro vazio? Conseguimos reconhecer a identidade divina de Jesus? Acreditamos na Ressureição? Ou para nós é apenas um sábio, um mestre, um líder espiritual que se deixou assassinar e que mais tarde alguém roubou o corpo?

O Sepulcro vazio é um facto histórico que ninguém pode negar, confirmado pelos primeiros discípulos, pelos judeus e pelas autoridades romanas. O corpo do galileu, condenado à morte por Pôncio Pilatos, Prefeito da província romana da Judeia, cuja sentença foi levada a cabo na sexta-feira antes da festa do “Pessach” (a páscoa judaica), desapareceu do seu túmulo. Este é um facto histórico. Mas judeus e romanos explicam-no dizendo que o corpo foi roubado.

Apesar dos soldados que guardavam o sepulcro não terem visto ninguém roubar o corpo (Mt 27, 65)... apesar dos panos de linho e do sudário terem sido deixados por terra (Se eram ladrões, qual o interesse em desnudar o cadáver de Jesus?)... o que, na minha opinião, nos deve realmente interessar é a mudança radical no comportamento dos apóstolos.

Quando Jesus é preso todos os discípulos fogem com medo. Pedro, que deveria ser o porta-voz dos Doze, nega com veemência alguma vez ter conhecido Jesus (Jo 18,12-27). A Bíblia conta-nos que apenas um discípulo e algumas mulheres estiveram presentes no momento da crucifixão (Jo 19,25-27), enquanto que o resto dos apóstolos, vencidos pelo medo, preferiram esconder-se e nem sequer presenciaram o momento da morte de Jesus.

Aconteceu tal como Jesus havia previsto: matai o pastor e as ovelhas serão dispersas (cf. Mt 26,31). Depois da prisão e morte do Mestre, os discípulos sentiam-se assustados e totalmente derrotados. A aventura do messias nazareno tinha terminado no pior dos modos.

Mas a uma certa altura, eis que algo muda. Estes apóstolos tristes e medrosos saem para a rua. Sem medo! Começam a falar nas praças de Jerusalém, onde todos os podem ouvir, onde todos os podem ver. E o que anunciam, com alegria, com coragem, é que Jesus não está morto, ressuscitou! Estes homens cobardes, medrosos, transformam-se em testemunhas corajosas e destemidas. Enfrentam prisões, torturas e até a morte, mas não retractam o próprio anúncio e não calam a própria voz. «Jesus é o Messias! Não está morto. Ressuscitou!».

A ressurreição de Jesus não pode ser provada cientificamente. Permanece uma questão de fé. Mas não podemos negar que depois da morte de Jesus, depois dos apóstolos terem dado provas da própria fragilidade e cobardia, algo (ou alguém) alterou profundamente a vida destes homens transformando-os nos maiores pregadores, missionários, testemunhas, que o mundo conheceu até hoje. Como podemos explicar esta transformação radical no comportamento dos apóstolos? O que será que lhes aconteceu? Quem será que viram?

O que é que vocês acham?






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