sábado, 18 de junho de 2011

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE (ano A)



Leitura do Livro do Êxodo
(Ex 34,4b-6.8-9)
Naqueles dias, Moisés levantou-se muito cedo e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe ordenara, levando nas mãos as tábuas de pedra. O Senhor desceu na nuvem, ficou junto de Moisés, que invocou o nome do Senhor. O Senhor passou diante de Moisés e proclamou: «O Senhor, o Senhor é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade». Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração. Depois disse: «Se encontrei, Senhor, aceitação a vossos olhos, digne-Se o Senhor caminhar no meio de nós. É certo que se trata de um povo de dura cerviz, mas Vós perdoareis os nossos pecados e iniquidades e fareis de nós a vossa herança».


SALMO RESPONSORIAL – Dan 3,52-256
Refrão: Digno é o Senhor de louvor e de glória para sempre.

Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito o vosso nome glorioso e santo:
digno de louvor e de glória para sempre.

Bendito sejais no templo santo da vossa glória:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no trono da vossa realeza:
digno de louvor e de glória para sempre.

Bendito sejais, Vós que sondais os abismos
e estais sentados sobre os Querubins:
digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no firmamento dos céus:
digno de louvor e de glória para sempre.


Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(2 Cor 13,11-13)
Irmãos: Sede alegres, trabalhai pela vossa perfeição, animai-vos uns aos outros, tende os mesmos sentimentos, vivei em paz. E o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 3,16-18)
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita n’Ele já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».


1+1+1=1?
Hoje, Festa da Santíssima Trindade, perguntemo-nos: porque é que nós cristãos acreditamos que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo? Para tantas pessoas já é difícil acreditar na existência de Deus! Para quê complicar as coisas acrescentando essa fórmula misteriosa de que Ele é “uno e trino”; de que 1+1+1=1? Para além do mais, hoje em dia, várias pessoas renunciariam tranquilamente a essa fórmula trinitária, pois acreditam que assim se poderia dialogar mais facilmente com os judeus e os muçulmanos, cujos credos prevêem um Deus rigidamente único…

A verdade é que não podemos renunciar à Trindade. Porquê? Porque acreditamos que Deus é Amor! E isso significa, necessariamente, que ama. Mas não existe um amor vazio, que não seja dirigido a alguém. Pergunta-te: Deus ama quem, para que possamos defini-l’O “Amor”? Uma primeira resposta poderia ser esta: Deus ama os homens! Mas os homens existem há “apenas” alguns milhões de anos, não mais do que isso. Antes que surgissem os homens, Deus amava quem? Pois Ele não é “Amor” a partir de uma certa altura, mas sempre, desde sempre e para sempre. Talvez a resposta seja outra: Deus ama o cosmos, o universo! Mas tudo indica que o universo também só exista há “apenas” alguns biliões de anos. E antes? Deus amava quem? Não podemos dizer «amava-se a Ele mesmo!», porque isso não é amor, mas sim egoísmo, ou como dizem os psicólogos, narcisismo.

Eis então a resposta da revelação cristã: Deus é Amor porque, desde sempre, ama o Filho, o Verbo, com um amor infinito, que é o Espírito Santo. No acto de amar encontramos sempre três realidades ou sujeitos: quem ama, quem é amado e o amor que os une. A reflexão teológica serviu-se dos termos “natureza” ou “substância” para indicar em Deus a unidade e do termo “pessoa” para indicar a distinção. Por isso dizemos que a Santíssima Trindade é um único Deus em três pessoas distintas. No entanto, a doutrina trinitária não é um compromisso entre o monoteísmo e o politeísmo. Pelo contrário, é um progresso extraordinário que introduz na nossa concepção de Deus um elemento novo, dinâmico e fundamental: Deus é relação, diálogo, comunhão. É Amor.

Chegados aqui, temos de parar, porque (tal como já vimos há dois anos) a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o indizível, não conseguirá nunca definir completamente o mistério de Deus. Por outro lado, a solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”, mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.



(Tenham uma boa semana!)


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3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito desta reflexão ao Domingo da Santíssima Trindade!

Beijinhos

Bélinha

Rui Silva disse...

Carlos,
que bom teres voltado à nossa companhia dominical. Ja estavamos com saudades das tuas partilhas. Continua a trocar-nos por miudos a Palavra.

Padre Rodenei Sierpinski disse...

Carissimo Carlos, obrigado pelas vossas reflexoes. Elas sempre nos enriquecem aqui no Pais da Marrabenta. Tambem nos falamos muito sobre o aspecto da relacao: Deus Comunhao, Amor, Unidade na Diversidade. Boa Missao. Paz e bem!

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