quinta-feira, 6 de agosto de 2015

19º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
(1 Re 19,4-8)
Naqueles dias, Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro. Depois sentou-se debaixo de um junípero e, desejando a morte, exclamou: «Já basta, Senhor. Tirai-me a vida, porque não sou melhor que meus pais». Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero. Nisto, um Anjo do Senhor tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come». Ele olhou e viu à sua cabeceira um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água. Comeu e bebeu e tornou a deitar-se. O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse: «Levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer». Ele levantou-se, comeu e bebeu. Depois, fortalecido com aquele alimento, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, Horeb.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 33 (34)
Refrão: Saboreai e vede como o Senhor é bom.

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 4,30-5,2)
Irmãos: Não contristeis o Espírito Santo de Deus, que vos assinalou para o dia da redenção. Seja eliminado do meio de vós tudo o que é azedume, irritação, cólera, insulto, maledicência e toda a espécie de maldade. Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6, 41-51)
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu». E diziam: «Não é ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?» Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo:. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».


BOA NOTÍCIA
Começa a vida eterna
No Evangelho deste domingo, Jesus apresenta-se ao povo com o título de “pão vivo” e diz-nos que «quem acredita tem a vida eterna»; que «quem comer deste pão viverá eternamente».

São palavras difíceis de entender; difíceis de acreditar. A nossa experiência quotidiana não nos transmite, habitualmente, sensações de “eternidade”, “imortalidade” ou “perpetuidade”. Pelo contrário: é a fragilidade da nossa condição e a finitude da nossa existência que vem à tona com mais frequência. Diariamente os nossos olhos ensinam-nos que, tudo aquilo que tem um início, cedo ou tarde, terá também um fim.

Pode ser uma tarde de Verão que termina com amigos que se despedem, ou uma carreira profissional de muitos anos que se conclui com a merecida reforma.

Tal como um quadro, onde o pintor é tentado a dar sempre mais uma pincelada, ou um compositor que nunca está satisfeito com a última estrofe que escreveu: ambos sabem que, inevitavelmente, é preciso dar por terminada a obra, assinar e passar para novos projectos.

Mas a experiência mais clara (e mais dura) é sem dúvida, o fim de uma vida. A não ser que sejamos muito novos, todos nós recordamos com carinho e saudade alguém que já faleceu. E é uma lição que também aprendemos na nossa pele: sentimos que não estamos a ficar mais jovens, que as forças começam a diminuir, que precisamos de óculos, medicamentos e bengalas que nos amparem na nossa velhice.

Tudo à nossa volta aponta para uma conclusão, para um “fim” que torna esta página do Evangelho bastante difícil de entender.

Jesus diz-nos que quem acredita «tem a vida eterna». “Tem” a vida eterna! Verbo “ter”, no presente do indicativo. Jesus não fala no futuro; não apresenta a vida eterna como uma espécie de liquidação que acumulamos com os nossos méritos e que gozaremos no final dos nossos dias.

A vida eterna começa agora!
Como?
Acreditando.

“Acreditar” significa aderir à nova vida que Jesus nos propõe, viver como Ele na escuta constante dos projectos do Pai, segui-l’O no caminho do amor, do dom da vida, da entrega aos irmãos. “Acreditar” dá-nos um olhar diferente sobre o mundo, a história e o tempo. Apesar de ainda estarmos ligados aos limites da nossa humanidade, é acreditando que conseguimos “colher” o que em nós há de eterno e infinito.

Somos filhos de Deus. E esse Pai, que nos amou ainda antes que nós nascêssemos, igualmente não se vai esquecer de nós quando chegarmos ao fim dos nossos dias. E há-de querer que fiquemos junto a Ele para sempre. Porque nos ama.


P. Carlos Caetano


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