quarta-feira, 4 de novembro de 2015

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)

Leitura do Primeiro Livro dos Reis
(1 Re 17,10-16)
Naqueles dias, o profeta Elias pôs-se a caminho e foi a Sarepta. Ao chegar às portas da cidade, encontrou uma viúva a apanhar lenha. Chamou-a e disse-lhe: «Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber». Quando ela ia a buscar a água, Elias chamou-a e disse: «Por favor, traz-me também um pedaço de pão». Mas ela respondeu: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte». Elias disse-lhe: «Não temas; volta e faz como disseste. Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui. Depois prepararás o resto para ti e teu filho. Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’». A mulher foi e fez como Elias lhe mandara; e comeram ele, ela e seu filho. Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite, como o Senhor prometera pela boca de Elias.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146)
Refrão: Ó minha alma, louva o Senhor.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.


Leitura da Epístola aos Hebreus
(Heb 9,24-28)
Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário, como sangue alheio; nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. E, como está determinado que os homens morram uma só vez e a seguir haja o julgamento, assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 12,38-44)
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deixava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».


BOA NOTÍCIA
Doar. Doer.
No dia 4 de Fevereiro de 1994, em Nova Iorque, Madre Teresa de Calcutá encontrou alguns dos mais importantes políticos americanos, entre os quais, o então presidente Bill Clinton e o seu vice-presidente Al Gore. Nesse encontro histórico, Madre Teresa cunhou uma expressão que nos ajuda a compreender o Evangelho do próximo domingo: «Doar tem que doer». Se não dói quando damos, isso significa que ainda não doámos realmente nada. Demos do que sobrava; partilhámos apenas o que sobejava e a nossa vida não foi minimamente tocada por esse gesto. Madre Teresa dizia também que «o importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá», e que «amar significa estar disposto a doar-se até que doa».

No próximo dia 8, o Evangelho apresenta-nos dois casos bem distintos. Em primeiro lugar, é descrito o comportamento dos escribas e dos ricos: sempre sedentos de lucro, não fazem nada sem segundas intenções e exploram tudo e todos (até mesmo uma esmola) em troca de um momento de glória, um aplauso, um elogio. O segundo caso corresponde a uma pobre viúva que depositou na caixa das esmolas do templo tudo o que possuía: duas pequenas moedas. Ninguém reparou no gesto da viúva. Ninguém, excepto Jesus. E para Ele (para Deus) aqueles dois tostões foram o dom mais importante, pois nenhuma outra esmola foi dada com tanta gratuidade, totalidade e sacrifício.

Este Evangelho ensina-nos que o verdadeiro cristão não é o que cultiva gestos teatrais e espampanantes, que impressionam as multidões e que são aplaudidos pelos homens. Verdadeiro cristão é quem, no segredo - livremente e gratuitamente - ajuda os irmãos mais pobres, partilhando tudo o que tem e não apenas o que sobeja. Doa a quem doer!

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2015.11.04


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