quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

4º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano C)

Leitura do Livro de Jeremias
(Jer 1,4-5.17-19)
No tempo de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações. Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 70 (71)
Refrão: A minha boca proclamará a vossa salvação.

Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.

Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.

Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protector.

A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 12,31-13,13)
Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita. A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 4,21-30)
Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?» Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.


BOA NOTÍCIA
Surpresa e novidade
O Evangelho do próximo domingo está na sequência do episódio que a liturgia da semana passada nos apresentou: Jesus foi a Nazaré, entrou na sinagoga, leu um texto de Isaías e “actualizou-o”, aplicando a si próprio o anúncio messiânico do profeta: «cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». O Evangelho desta semana apresenta a reacção dos ouvintes às palavras de Jesus.

Depois de um breve momento de admiração e surpresa, o entusiasmo dos habitantes de Nazaré “arrefece” rapidamente. Inicialmente a mensagem arrebatou-os, mas um olhar atento à identidade do mensageiro foi suficiente para que tudo desvanecesse: «Não é este o filho de José?». Todos conheciam Jesus! Viram-no crescer, conhecem a sua mãe e talvez até tenham nas próprias casas algumas mobílias feitas por Ele. É tudo demasiado banal. Não é possível que Ele seja o Messias...

Os nazarenos olhavam para Jesus com presunção, seguros de já conhecer tudo sobre Ele e portanto, eram incapazes de abrir o próprio coração à novidade de Deus. Pelo contrário, em Cafarnaum, onde Jesus chegou como um “estrangeiro”, os habitantes conseguiram reconhecer a Sua identidade divina.

Tal como para admirar um quadro, não podemos encostar demasiado o nariz à tela, por vezes, se queremos colher a verdadeira imagem de alguém, somos obrigados a dar dois passos para trás. A distância nem sempre é sinónimo de indiferença ou repúdio: pode exprimir também a consciência de não conhecer tudo sobre o outro, tornando-se, nesse caso, condição fundamental para um coração que deseja manter-se sempre aberto à novidade do Evangelho.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.01.27



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