quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

5º DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano C)

Leitura do Livro de Isaías
(Is 6,1-2a.3-8)
No ano em que morreu Ozias, rei de Judá, vi o Senhor, sentado num trono alto e sublime; a fímbria do seu manto enchia o templo. À sua volta estavam serafins de pé, que tinham seis asas cada um e clamavam alternadamente, dizendo: «Santo, santo, santo é o Senhor do Universo. A sua glória enche toda a terra!» Com estes brados as portas oscilavam nos seus gonzos e o templo enchia-se de fumo. Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 137 (138)
Refrão: Na presença dos Anjos, eu Vos louvarei, Senhor.

De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.

Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.

Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor,
quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor,
porque é grande a glória do Senhor.

A vossa mão direita me salvará,
o Senhor completará o que em meu auxílio começou.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.


Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
(1 Cor 15,1-11)
Recordo-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei e que recebestes, no qual permaneceis e pelo qual sereis salvos, se o conservais como eu vo-lo anunciei; aliás teríeis abraçado a fé em vão. Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maior parte ainda vive, enquanto alguns já faleceram. Posteriormente apareceu a Tiago e depois a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu-me também a mim, como o abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, por ter perseguido a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes.


Evangelho de Nosso senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 5,1-11)
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.


BOA NOTÍCIA
Confiança
Depois de uma noite inteira de pesca infrutífera, Pedro deveria estar no pior humor possível! Nas margens do lago, uma multidão escuta as palavras de Jesus, mas este não é o melhor momento para falar a Pedro do Reino de Deus, ou da promessa de vida eterna. Para que serve a vida eterna quando não conseguimos colocar comida na mesa? Ele sabe que, depois de lavar as redes, terá de voltar a casa de mãos vazias. Está preocupado com coisas concretas (a crise... perder o barco... empobrecer...) e não tem tempo para “misticismos” e “espiritualismos”.

Jesus sobe para a sua barca e pede-lhe que se afaste um pouco da margem, pois a multidão continua a empurrar e esta é a única forma de poder catequizar tranquilamente. Pedro está cansado, provavelmente quer ir dormir, mas faz a vontade ao seu amigo…

Por fim, Jesus pede-lhe que se faça ao largo e lance as redes para a pesca. Não sou um perito, mas até eu sei que é preferível pescar de noite, pois durante o dia a sombra do barco afugenta os peixes. No entanto, Pedro responde: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se.

Deus revela-Se no final de uma longa noite infrutífera, na improbabilidade de uma pesca bem sucedida e na fragilidade de alguns pescadores cansados! A pesca “milagrosa” não depende da habilidade de Pedro, mas somente da confiança nas palavras de Jesus. O Evangelho do próximo domingo, dia 7, ensina-nos que Deus não necessita de super-homens, modelos de passarela ou talentos geniais. O que Ele precisa é que tu e eu tenhamos fé na Sua Palavra.

P. Carlos Caetano
in LusoJornal 2016.02.03




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