sábado, 23 de maio de 2009

ASCENSÃO DO SENHOR (ano B)



Leitura dos Actos dos Apóstolos
(Act 1,1-11)
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. Foi também a eles que, depois da sua paixão, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, «da Qual – disse Ele – Me ouvistes falar. Na verdade, João baptizou com água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?» Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 46 (47)

Refrão: Por entre aclamações e ao som da trombeta, ergue-Se Deus, o Senhor.

Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra.

Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai.

Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 1,17-23)
Irmãos: O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir. Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 16,15-20)
Naquele tempo, Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.


FESTA?
A Ascensão é realmente uma festa ou é uma tristeza? No evangelho e na primeira leitura deste Domingo encontramos duas descrições de um único evento que, à primeira vista, não deveria dar azo a grandes celebrações: Cristo regressou ao Pai.

Quem se pode alegrar, se perdemos a presença material, visível de Jesus? Não era melhor se Ele tivesse ficado connosco para sempre? Se ainda hoje pudéssemos escutar a Sua voz ou olhar o Seu sorriso? A alegria proposta na liturgia deste Domingo é uma alegria difícil de entender...

A Ascensão é a última prova de que Deus, em Jesus, assumiu realmente e plenamente a nossa humanidade. Uma humanidade que se caracteriza por uma série de limites, sendo um deles o limite do tempo. Neste mundo ninguém vive para sempre. Uma regra que nem mesmo o mistério da Incarnação pôde quebrar. Jesus vence a morte, mas a sua presença tem de se transformar porque os homens (e Cristo era verdadeiramente homem) podem experimentar a eternidade somente quando juntos a Deus Pai.

Em Cristo, Deus assumiu profundamente a nossa humanidade e por isso não podia negar-se esta última experiência, tipicamente humana, que caracteriza a nossa existência terrena: a experiência da separação, da distância e da saudade.

Mas a Ascensão é verdadeiramente festa! O mistério do “regresso ao Pai” significa a dilatação máxima do Amor de Cristo, sem limites de tempo ou de espaço. Jesus não nos abandonou e nem sequer está longe. Junto a Deus Pai e através da acção do Espirito Santo, Cristo acompanha a Sua Igreja e nunca abandona o Seu rebanho.

E esta presença torna-se visível, palpável, indiscutível se deixamos que o Seu Santo Espírito guie as nossas palavras e gestos: quando vencemos as injustiças e as opressões (“expulsarão os demónios em meu nome”); quando somos mensageiros da paz e do entendimento (“falarão novas línguas”); quando levamos esperança e conforto a todos os que sofrem e que são prisioneiros da doença e do sofrimento (“quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”).

A presença de Jesus não é uma força mágica. Não o era antes da Ascensão e nem sequer depois. A presenças de Jesus é o Amor que se incarna, que se doa, que se faz relação com os irmãos e que é presente, como dom, no meio de nós. Façamos festa por este grande dom!




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