sábado, 1 de agosto de 2009

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (ano B)



Leitura do Livro do Êxodo

(Ex 16,2-4.12-15)

Naqueles dias, toda a comunidade dos filhos de Israel começou a murmurar no deserto contra Moisés e Aarão. Disseram-lhes os filhos de Israel: «Antes tivéssemos morrido às mãos do Senhor na terra do Egipto, quando estávamos sentados ao pé das panelas de carne e comíamos pão até nos saciarmos. Trouxestes-nos a este deserto, para deixar morrer à fome toda esta multidão». Então o Senhor disse a Moisés: «Vou fazer que chova para vós pão do céu. O povo sairá para apanhar a quantidade necessária para cada dia. Vou assim pô-lo à prova, para ver se segue ou não a minha lei. Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel. Vai dizer-lhes: ‘Ao cair da noite comereis carne e de manhã saciar-vos-eis de pão. Então reconhecereis que Eu sou o Senhor, vosso Deus’». Nessa tarde apareceram codornizes, que cobriram o acampamento, e na manhã seguinte havia uma camada de orvalho em volta do acampamento. Quando essa camada de orvalho se evaporou, apareceu à superfície do deserto uma substância granulosa, fina como a geada sobre a terra. Quando a viram, os filhos de Israel perguntaram uns aos outros: «Man-hu?», quer dizer: «Que é isto?», pois não sabiam o que era. Disse-lhes então Moisés: «É o pão que o Senhor vos dá em alimento».



SALMO RESPONSORIAL – Salmo 77 (78)

Refrão: O Senhor deu-lhes o pão do céu.

Nós ouvimos e aprendemos,

os nossos pais nos contaram

os louvores do Senhor e o seu poder

e as maravilhas que Ele realizou.

Deus ordens às nuvens do alto

e abriu as portas do céu;

para alimento fez chover o maná,

deu-lhes o pão do céu.

O homem comeu o pão dos fortes!

Mandou-lhes comida com abundância

e introduziu-os na sua terra santa,

na montanha que a sua direita conquistou.

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

(Ef 4,17.20-24)

Irmãos: Eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor: Não torneis a proceder como os pagãos, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Não foi assim que aprendestes a conhecer a Cristo, se é que d’Ele ouvistes pregar e sobre Ele fostes instruídos, conforme a verdade que está em Jesus. É necessário abandonar a vida de outrora e pôr de parte o homem velho, corrompido por desejos enganadores. Renovai-vos pela transformação espiritual da vossa inteligência e revesti-vos do homem novo, criado á imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras.



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

(Jo 6,24-35)

Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?» Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».



FOME

No passado domingo, João contou-nos como Jesus alimentou a multidão, multiplicando a merenda de um jovem (cinco pães e dois peixes), na margem do Lago de Tiberíades (cf. Jo 6,1-15). Ao anoitecer, Jesus e os discípulos voltaram a Cafarnaum (cf. Jo 6,16-21). Na manhã seguinte, a multidão que tinha sido alimentada pelos pães e pelos peixes multiplicados e que ainda estava do outro lado do lago, apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro. O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no dia seguinte ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes.

O gesto que saciou a multidão pretendia ser uma lição sobre a partilha, mas revelou-se um verdadeiro “auto-golo”, gerando equívocos e falsas esperanças nos corações das pessoas que seguiam Jesus. «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados». A multidão não foi sensível ao significado profundo do milagre. Ficou-se pelas aparências e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão e peixe com que saciar a própria fome.

O caminho que percorremos nesta terra é sempre um caminho marcado pela procura da nossa realização, da nossa felicidade, da vida plena e verdadeira. Temos fome de vida, de amor, de felicidade, de justiça, de paz, de esperança, de transcendência e procuramos, de mil formas, saciar essa fome; mas continuamos sempre insatisfeitos, tropeçando na nossa finitude, em respostas parciais, em tentativas falhadas de realização, em esquemas equívocos, em falsas miragens de felicidade e de realização, em valores efémeros, em propostas que parecem sedutoras mas que só geram escravidão e dependência… Na verdade, o dinheiro, o poder, a realização profissional, o êxito, o reconhecimento social, os prazeres, os amigos... não chegam para “encher” totalmente a nossa vida e para lhe dar um sentido pleno.

Como podemos saciar-nos e dar pleno significado à nossa vida? Onde encontrar o “pão” que mata a nossa fome?

Eis a resposta: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede».

(Tenham uma boa semana!)



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