sábado, 2 de janeiro de 2010

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR (ano C)



Leitura do Livro de Isaías
(Is 60,1-6)
Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senior e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 71 (72)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra.

Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.

Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir.

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos.


Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
(Ef 3,2-3a.5-6)
Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.


Leitura de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 2,1-12)
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.


O QUARTO REI MAGO

Enquanto a estrela guiava
Três magos para Belém
Um outro mago lutava
Para lá chegar também

Vindo da Pérsia distante
Para outros encontrar
Seguindo a estrela brilhante
Algo o forçou a parar

Começa desta forma a obra teatral “O Quarto Rei Mago”, de Paulo Homem e Eduardo Azevedo, adaptação do clássico conto de Natal “The Other Wise Man” de Henry Van Dyke. É uma história muito conhecida e com muitas versões diferentes. Hoje proponho-vos a minha versão. É uma narração que vale a pena meditar nesta solenidade onde somos convidados a recordar o encontro dos Magos do Oriente com o menino Jesus.

O quarto rei mago não partiu atrasado, mas no longo caminho que da Pérsia leva a Belém, parou muitas vezes a ajudar os pobres e necessitados que foi encontrando. Quando finalmente achou o estábulo que a estrela indicava, já José, Maria e o menino Jesus tinham fugido para o Egipto, para escapar à fúria homicida do rei Herodes.

O rei não desanimou e decidiu viajar também para sul, para a terra das pirâmides, na esperança de lá encontrar o menino. Pelo caminho encontrou muitas pessoas que pediram a sua ajuda, e o rei, que tinha bom coração, ofereceu o que de precioso levava para lhes dar um pouco de conforto.

Depois de vários anos no Egipto, alguém lhe disse que Jesus tinha viajado para a Galileia, para a cidade de Nazaré. Das riquezas com que partira da Pérsia, já pouco ou nada sobrava. Para ajudar as pessoas que encontrara, o rei tinha vendido as suas jóias, os seus camelos e até a sua coroa. Mas não renunciara ao sonho de encontrar o menino anunciado pelas profecias como Messias e Salvador.

Pôs-se a caminho para Nazaré. Era já velhinho e a viagem durou muito, muito tempo. Quando chegou a Nazaré, disseram-lhe que Jesus tinha partido para Jerusalém com um grupo de discípulos. Não perdeu o ânimo e, à medida que descia de Nazaré a Jerusalém, foi encontrando muitas pessoas que lhe contavam os milagres realizados por Jesus.

Quando finalmente chegou à capital, descobriu que era tarde demais, pois apenas três dias antes, Jesus tinha sido condenado à morte e crucificado no monte Calvário. Desesperado, o rei pediu que lhe indicassem o lugar da sepultura de Cristo e aí se dirigiu com grande tristeza e angústia.

Pelo caminho, o velho rei chorava e lamentava-se por uma vida inteira de busca infrutífera, mas eis que um jovem hebreu apareceu ao seu lado e perguntou-lhe o porquê de toda aquela tristeza.

O rei mago contou-lhe toda a sua a história, começando pela estrela no céu, passando por todas as pessoas que encontrara (e ajudara) em 33 anos de viagens e finalmente explicou-lhe a sua grande tristeza: ter passado tanto tempo a buscar Jesus Cristo, apenas para descobrir que era tarde demais e que nunca o encontraria em vida.

O jovem sorriu e disse-lhe: «Amigo, não estejas triste pois encontraste-Me muitas vezes nos teus longos anos de viagem».

O velho rei mago, surpreendido perguntou: «Quando Senhor? Quando foi que Te encontrei no meu caminho?»

Jesus respondeu-lhe: «Tinha fome e tu deste-me de comer. Tinha sede e tu deste-me de beber. Estava nu e tu vestiste-me. Doente e tu trataste-me. Em verdade te digo: sempre que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizeste». (cf. Mt 25, 31-46)


(Boa semana e bom 2010!)



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